- Eu ainda não entendo o que aconteceu. – Alice caminhava de braços cruzados, um hábito muitas vezes considerado errado aos olhos da Senhorita Vanderwald, que ainda tinha seu espírito preso numa adaga. Seu estomago revirou ao lembrar-se do sangue jorrando do olho de Vanderwald. Talvez ela não devesse ter tomado a sopa de Steffan logo pela manhã.
- Nós voltamos a tempo de salvá-la. Os soldados estavam apanhando Poetry no instante em que Lena os atacou. Nós conseguimos capturar Ariana, mas Knight fugiu. – Vincent respondeu, as mãos enfurnadas nos bolsos da calça. Um deles estava rasgado.
- Não quis dizer...isso. – Alice não sabia como se explicar. Havia uma cascata de sentimentos em seu peito outrora inexplorados que começavam a desabrochar. – Eu só...não sei o que fazer...também não sei o que essas crianças têm de tão perigosas para o Conselho. Isso é frustrante.
- Não saber das coisas? – Ele indagou.
- Não saber das coisas nos torna incapazes. – Eles saíram da casa, caminhando na direção dos fundos onde, segundo Celeste, as crianças estavam. – E ser incapaz de proteger...é terrível.
- Não conseguir proteger alguém...conheço bem esse sentimento. – Os olhos de Vincent baixaram-se para o chão coberto de pedras e musgo.
- Desculpe-me. – Alice sibilou. – Acho que nunca lhe disse que sentia muito por Julie.
Vincent esboçou um sorriso amarelado.
- Não tem problema. Comparar tal fato com toda a grandeza do que estamos fazendo...é um tanto ilógico.
Alice ergueu uma sobrancelha.
- O que quer dizer?
- Ainda estamos em guerra.
Alice bufou. Os únicos minutos em que sua cabeça se desviava das lutas e de todas as mortes que a atormentava haviam passado, destruídos por uma frase tão curta quanto os cabelos raspados de Vincent.
- Não precisa me lembrar disso. – Alice retrucou, apertando o passo, alcançando uma portinha d emadeira na altura de sua cintura, abrindo-a através de uma fechadura prateada e entrando numa espécie de jardim, cercado por flores amarelas e uma grama fofa e lisa, que crescia com timidez.
O coração da garota pareceu relaxar ao ver Poetry rindo ao lado de uma garota que aparentava ter uns dez anos. Ela usava um vestido rosa-claro e seus cabelos tinham inúmeras ondulações, que combinavam com seus olhos azuis tão belos quanto o a tarde daquele dia. Ela tinha braços esguios e parecia extremamente interessada em observar Poetry, que brincava de arrancar tufos de grama apenas para, depois, coloca-los de volta em seu lugar de origem.
- O nome dela é Cindy. É a mais velha das quatro crianças. – Vincent hesitou em chegar ao lado dela. Cabeça baixa. Ombros rígidos.
- Como eles podem ficar aqui fora? Não é perigoso? Afinal, alguém poderia vê-los facilmente.
- Um amigo de Celeste construiu um campo invisível sobre o jardim. Para os estranhos, este lugar é apenas um amontoado de lixo.
- Aonde ele está?
- Morto. – Ele respondeu secamente.
Seguindo a linha do horizonte, os olhos de Alice encontraram um velho ajudante. O Colhecoisas estava ali, tinha as mãos ocupadas, bagunçando os cabelos loiros de um garoto banguela, que usava um pulôver de mangas curtas azulado.
- Você não me contou sobre Forest. – Alice virou, um sorriso formado pela união de seus lábios.
- Desculpe por isso.
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Voodoo Doll - O Despertar
AdventureO que você faria se pudesse caçar as trevas que existem em seu próprio ser? Alice Lovett sabia que não deveria existir, afinal, existia apenas porque alguém não a desejara. Os humanos chamam o procedimento da origem de Alice de aborto, mas ha duas...