Capítulo V

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O medo afluiu pelo corpo de Alice.

- O que faremos? – Alice tinha medo, e este se fazia extremamente presente em sua voz.

Vincent sacudiu a cabeça.

- Não faz sentido...

- Vincent – Alice o chamou – o que nós faremos?

- Eles não deviam estar aqui... – O homem parecia ter entrado numa espécie de transe em seu subconsciente, o qual tentava analisar a situação e entender o que estava acontecendo.

- Vincent, droga! O que faremos!? Eu nunca lutei contra demônios.... Vincent, por favor, fale alguma coisa....

O homem pestanejou e arregalou os olhos. Sua boca ficou seca.

- Não os ataques logo para matar, eles são bons em contragolpes. – Alice pareceu assimilar cada palavra de Vincent com perfeição. – Mire na cabeça ou no coração. Eles não sentem dor. – Ele se virou para ela, entregando-lhe uma faca prateada, depois fitou-a dentro dos olhos. – Alice, se achar que não consegue, se esconda...espere tudo ficar calmo. Eu vou te encontrar. – Então ele desapareceu, correndo para o meio do refúgio, onde todos lutavam bravamente.

Alice engoliu em seco, lembrando-se de tudo o que Vincent lhe dissera: não ataque para matar... mire na cabeça ou no coração, mas o que mais a surpreendeu foi quando ele disse que os demônios não sentiam dor.

A loira ficou parada por um tempo até decidir o que fazer e caminhar por entre os chalés, na espreita, tentando não chamar muita atenção para sigo mesma. Alice queria encontrar Endy.

Ao alcançar o terceiro chalé, um demônio pulou em sua frente. Uma capa preta cobria-lhe as costas, os olhos cruéis, negros como o pecado, a boca salivando, o rosto desfigurado por cicatrizes. Os pés eram cobertos por grossas botas e as calças eram de um couro vagabundo e gasto. Ele não disse nada quando a atacou.

Alice foi derrubada ao chão, suas costas batendo contra a grama. O peso do demônio começou a esmaga-la. Ela o chutou, lançando-o para o lado, dando-lhe a oportunidade de se levantar. Por um segundo, ela se lembrou das aulas de luta que a senhorita Vanderwlad fazia-as praticar.

- Ande, Alice, sem preguiça. – Dizia a velha, que caminhava com as mãos nas costas e um sorriso amarelo no rosto. – O mundo não lhe dará uma segunda chance.

- Mas eu.... – Alice observava sua oponente, mais alta e mais corpulenta que ela. – Eu...

- Você pode vence-la, Alice – Vanderwald se abaixou e sussurrou ao pé do ouvido da garota. – Lembre-se, a força para vencer uma luta – a oponente começou a atacar a loira que, astutamente, a derrubou, segurando seu braço e lançando-a contra o chão – está dentro de nós.

O grito estridente do demônio fez com que Alice retornasse de suas memórias. A faca prateada reluziu o brilho do fogo do quarto chalé, que começara a pegar fogo. Um homem saiu gritando de dentro dele, tentando apagar o fogo que envolvia seu corpo. No final, sua carne fora queimada e o homem perdera a vida.

- Quem são vocês?

O demônio sorriu.

- Quem são vocês!? – Ela gritou novamente e o demônio a atacou, o casaco voando atrás de suas costas.

Alice girou, a faca acompanhando seu movimento, cortando o ar e, por fim, acertando a garganta do demônio. Ele se ajoelhou, as mãos na garganta como se tentasse fazer o sangue parar de escorrer, como se de alguma forma mágica seus dedos pudessem fazer aquele líquido preto avermelhado voltar para dentro do seu corpo. Sem nenhuma palavra, Alice enfiou a faca na cabeça do demônio, vendo o corpo do mesmo tombar com um baque surdo sob a grama.

Voodoo Doll - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora