Boêmia

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Salão de baile, fechado.

Madrugada de chuva pingando.

Vento que vem dos recifes sem disfarce, entre brutos trapiches.

Pontas de cigarro na esquina, onde se falou, mentiu e bebeu,

e mais se ocultou pregas do sono.

Náusea matinal, confissões exaustas, gosto de derrota ao alvorecer,

vontade de corrigir o tempo, passar-lhe o calor de lento carinho maduro.

O dinheiro perdido em fichas, copos e moças fatigadas da cidade vencida.

Sob placas de lama e luzes vermelhas vem o bafo úmido do esgoto.

Tudo fica inerte nos objetos perdidos nas ruas: nelas se multiplicam desesperos, furtos e solidões.

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