Salão de baile, fechado.Madrugada de chuva pingando.
Vento que vem dos recifes sem disfarce, entre brutos trapiches.
Pontas de cigarro na esquina, onde se falou, mentiu e bebeu,
e mais se ocultou pregas do sono.
Náusea matinal, confissões exaustas, gosto de derrota ao alvorecer,
vontade de corrigir o tempo, passar-lhe o calor de lento carinho maduro.
O dinheiro perdido em fichas, copos e moças fatigadas da cidade vencida.
Sob placas de lama e luzes vermelhas vem o bafo úmido do esgoto.
Tudo fica inerte nos objetos perdidos nas ruas: nelas se multiplicam desesperos, furtos e solidões.
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Vida Interior
PoetryA poesia, ato criativo, o ato da vida, ato sexual arquetípico. Cuidado com as palavras. Apesar da aparente fragilidade, elas são armas poderosas. Das criações humanas, talvez seja a palavra a que carrega sobre si o peso maior de nossas ambiguidades...