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Me desculpem se houver erros.

CLARY

Mesmo nas sombras, eu reconheceria aquela silhueta em qualquer lugar.

Era Ian. Bem, uma versão mais descuidada dele.

A barba por fazer e as suas olheiras escuras denunciavam o quão péssimo ele esteve nos últimos oito meses. No início senti a culpa gritar nos meus ouvidos em alto e bom som, mas então me obriguei a acreditar que a minha fuga foi pelo bem maior.

Não consegui me mexer, meus músculos estavam travados e os olhos cravados sobre ele, o analisando minimamente.

Ian desencostou da parede em que estava escorado e andou a passos firmes até mim, mantendo o olhar de caçador sobre a sua presa, fixo e concentrado.

- Ian, eu... - Fui interrompida quando o mesmo quebrou a nossa distância e me puxou para ele, tomando os meus lábios de um modo selvagem e quente. Tentei resistir, mas sentir novamente o toque das suas mãos hábeis depois de todo aquele tempo sozinha me desarmou por completo e involuntariamente acabei me entregando para ele. Me desconectei do exterior, do lugar longe dos seus braços fortes ao sentir aquela vibração intensa de felicidade e desejo enquanto as nossas línguas travavam uma batalha acirrada, aquecendo cada milímetro do meu corpo. E foi naquele momento que eu notei o quanto havia sentido a sua falta. O quanto ele me fazia me sentir bem e amada.

- Eu te amo. - Ele proferiu, o tom de voz tão intenso e sincero que as suas palavras ficaram rodando na minha cabeça, repetindo-se diversas vezes como um eco. Ian segurou o meu rosto nas suas mãos e encarou-me, como que para confirmar que eu o havia entendido.

- Eu te amo, Ian. - Não consegui conter o sorriso que se formou em meus lábios, era como um sonho distante. Era quase como me sentir em casa novamente. Quase, pois ainda havia um outro pedaço de mim faltando dentro do meu peito.

Luke.

Ian nos separou vagarosamente, encostando as nossas testas uma na outra enquanto os seus olhos me encaravam atentamente e, como se tivesse lido a minha mente, ele respondeu a minha pergunta silenciosa calmo, enquanto seus lábios se repuxavam em um meio sorriso.

- Luke já está subindo.

E não demorou muito para que ele aparecesse na porta do apartamento ofegante e aparentemente abatido.

O seu olhar se iluminou ao me encontrar a poucos metros de distância igualmente o meu.

Não precisamos trocar palavras. Os nossos olhares se conectaram e corri até ele, me jogando em seus braços. Ouvi a sua sonora gargalhada quando ele me girou nos ares e me depositou no chão, seu corpo exalando o quão feliz ele estava. Luke aproximou-se lentamente, colocando a sua mão no meu pescoço, acariciando a minha pele. Olhei em seus olhos, me aproximando um pouco mais até sentir a sua respiração, encostando os nossos lábios em um beijo sem línguas, inocente, como se fosse o primeiro. Luke movimentou os lábios, me inclinando aos poucos. Acariciei os seus cabelos, segurando a sua cintura.

Não percebi quando os meus olhos marejaram. Não de tristeza, mas sim de felicidade. Quebrando toda a solidão dos últimos meses, Ian e Luke me abraçaram, sem nenhum rancor da minha fuga ou das palavras duras proferidas no dia que eu fui embora.

- Eu amo vocês. - Sussurrei no meio do abraço, agradecendo por eles não desistirem de mim.

                 ***   ***   ***

Amor à TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora