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Me desculpem se houver erros.

CLARY

Os meus olhos pesavam e a cabeça latejava. Estranhamente, eu não demorei para recobrar a consciência. Tinha total lucidez sobre o que acontecia e aconteceu, e diferente de todas as outras vezes, eu senti medo.

Um arrepio percorria o meu corpo inteiro, pois eu sabia quem me esperava.

Olhei ao redor, para a pequena sala na qual me encontrava. Não era suja, mal iluminada e fedorenta como eu idealizava um "quarto de sequestrador". Muito pelo contrário: era tão luxuosa quanto o meu próprio quarto.

Pisquei com os olhos pesados e decidi me levantar. Me surpreendi mais uma vez ao me encarar no grande espelho, vendo as roupas desconhecidas em meu corpo.

Um belo vestido verde escuro que ia até a altura dos joelhos me cobria e no chão estava depositado um par de saltos altos.

Não me movi. Não me deixaria ser enganada por caprichos e artigos de luxo, pois sabia muito bem quem me esperava. Comecei a vasculhar o local em busca de uma arma, mas nada ali era útil.

Fui pega desprevenida quando a porta se abriu, revelando um homem alto de terno. Apesar de ser assustador e aparentemente sério, aquele não era Marcos e sim um segurança.

- Você foi convocada para o jantar. Vista o salto e desça até a sala de jantar, por favor. - O seu tom era firme e me mostrava que se eu não o fizesse por vontade própria seria praticamente arrastada.

Sem demonstrar medo, passei por ele e comecei a andar pelo corredor, descalça e fingindo saber aonde a tal sala do jantar ficava. Eu não sabia quando eu iria comer novamente, então não negaria uma boa comida.

Descobri aonde o cômodo ficava quando notei dois garçons ou mordomos parados em frente a uma porta de madeira toda trabalhada, e assim que eles me viram fizeram uma pequena reverencia para abri-la em seguida.

Não deixei transparecer a sensação horrível que percorreu a minha espinha assim que visualizei um homem sentado na ponta da grande mesa, de costas para mim. Mesmo não me olhando, ele exalava poder.

Andei até a outra ponta da mesa de queixo erguido e o encarei pela primeira vez nos olhos.

Marcos deveria ter uns cinquenta anos. Para a sua idade ele era bem preservado e aparentava ser um homem muito organizado. Os cabelos quase grisalhos estavam penteados para trás e o terno bem alinhado no seu corpo. Os seus olhos azuis, iguais aos de Blake me fitaram, curiosos e provocativos. Porém, contendo um pouco da sua insanidade.

- Enfim nos encontramos, Clarissa. - Ele riu entre uma mordida e outra. - Não vai comer?

Não respondi, apenas peguei a faca e discretamente a escondi no meio dos guardanapos no meu colo. A mesa possuía diversos pratos de comida e todos pareciam apetitosos.

- Por que me alimentar e vestir bem apenas para me matar no final do jogo? - Arqueei uma sobrancelha, entrando no seu joguinho de cinismo.

- Ah. - Ele riu de forma contida, como se eu fosse uma espécie de burra. - Querida, eu não pretendo te matar. Por que fazer isso se estive lutando pela sua companhia há anos?

- Lutando pela minha companhia? Você matou pessoas inocentes!

- Não tenho culpa. Elas precisaram morrer, se não você não estaria aqui, não é mesmo? - Ele se levantou e caminhou até mim, lentamente. Segurei com mais força a faca, a cabeça pensando em mil coisas ao mesmo tempo. - Jane, pobre garota. Praticamente implorou pela vida dela.

Amor à TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora