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Me desculpem se houver erros.

CLARY

A sala de jantar era uma sala de jantar como todas as outras. Só o que eu achei diferente nela foi o tamanho. Aquilo dava para hospedar vários convidados para uma refeição. Nem a da minha casa era tão grande assim.

Fiquei parada num canto vendo as pessoas que moravam naquela casa se aconchegarem em seus devidos lugares. Me senti uma intrusa por alguns segundos, olhando todos se sentarem.

Entre eles estavam Izzy, Thomas e Luke que reconheci, mas tinha mais uma mulher que aparentava uns trinta e poucos anos, seus cabelos eram castanhos escuros que combinavam com a cor de seus olhos, que eram um de verde meio castanho. Quando ela percebeu minha que eu estava perdida, sorriu amavelmente. Era Meggy.

Mudei minha atenção para Ian, que agia como se nada do que havia acontecido mais cedo houvesse de fato, acontecido.

- Você vai ficar aí? - Perguntou, ainda sem desviar os olhos da pilha de folhas.

- Ian! - Meggy o repreendeu. - Sente-se aqui, Clary. - Ela apontou para a cadeira que estava na sua frente, a do lado direito de Ian. - Prometo que ele não morde.

Sentei sem jeito e olhei para todos da mesa, ficando mais sem graça ainda. Na mesa haviam várias coisas como sucos, leite, biscoitos, pães e tudo o que eu amava. Depois olhei de novo para as pessoas e finalmente Ian levantou os seus olhos azuis intimidadores para mim, sentindo o meu desconforto. E os olhos permaneceram ali, cravados em mim de uma forma intensa que me fazia tremer de medo.

- Ian ,Você não percebeu que ela não está à vontade? - Luke quebrou o silêncio, atraindo o olhar gélido do irmão para si. - Desculpe o comportamento do meu irmão, Clary.

Ele voltou a atenção para os papéis, voltando a me ignorar para o meu alívio.

- Agora quer levar ela para o seu quarto? - Ian murmurou, o que eu entendi como uma provocação direcionada à Luke.

- Quem sabe... - Piscou para mim e senti o meu rosto inteiro queimar, resolvendo voltar a olhar para o prato vazio na minha frente.

- Chega! - Thomas finalmente se pronunciou, olhando para os dois. - Parecem duas crianças, o que houve para agirem de tal forma?

Ian olhou para mim sem esboçar nenhuma reação. Se levantou, recolheu os papéis e murmurou um "com licença" formal, se retirando em seguida.

Senti o meu coração se acalmar aos poucos e fui soltando a respiração que eu não sabia que prendia, finalmente tomando coragem para esticar o braço e pegar um pedaço do donnut.

Após o meu nervosismo ter amenizado, Meggy começou a puxar assunto sobre várias coisas, me fazendo notar que ela era muito divertida e animada. Falamos sobre tudo, às vezes Luke ou Izzy entravam no meio da conversa, mas tudo seguia de maneira confortável para o meu espanto.

Acabei descobrindo que Luke havia crescido boa parte da sua infância com sua família biológica, mas mesmo assim ele foi deixado em frente a porta da casa de Meggy. Ele não tinha interesse em rever os pais novamente, mesmo sabendo quem eles eram.

Izzy também tinha conhecido sua mãe, e pelo que descobri ela era um terror. Batia nela e a maltratava, até que um dia um vizinho a denunciou os atos para as autoridades e ela foi presa. Levarem Isabelle a um orfanato, aonde tinha sido adotada e acolhida por Meggy e Thomas.

Apesar de me sentir bem à vontade com eles em poucos minutos, não descobri nada do passado de Ian. Eles mudaram o assunto assim que perguntei a respeito dele e entendi que esse era um tópico delicado.

                  ***   ***   ***

Saí da cozinha na intenção de ir ao meu quarto quando fui parada no meio do caminho por uma mão macia que segurou a minha.

- Oi, Clary... - Luke parecia meio sem jeito e um pouco constrangido. - Meus pais e Izzy irão viajar mais tarde para Londres por causa de alguns problemas da empresa filial de lá, então pensei em dar uma festa de boas vindas aqui em casa para você. Eu sei que está sendo difícil, e quero ajudá-la a se esquecer, nem que momentaneamente, a sua dor. Não irei obrigá-la a fazer nada, então se não quiser que eu faça eu não farei.

Pensei um pouco. Seria bom conhecer novas pessoas e fazer novas amizades... É, seria muito bom esquecer um pouco das coisas que aconteceram em pouco tempo. Olhei para ele e assenti, vendo Luke abrir um sorriso de canto a canto que me tirou o fôlego por alguns segundos. Mas fiquei ainda mais surpresa quando ele me abraçou forte, envolvendo os seus braços na minha cintura. Por um momento fiquei sem reação, espantada demais com o seu ato inesperado.

Eu sabia que essa festa era para me animar, pois como ele disse, não faria uma festa na própria casa caso eu não quisesse. Ouvi ele conversando no corredor sobre isso, para ser mais exata.

- Combinado, as pessoas irão chegar por volta das 21h, esteja pronta. Ok? - Novamente ele piscou para mim e começou a seguir seu rumo para sei lá onde.

Pisquei confusa e me obriguei a voltar a andar, retirando o celular no caminho para olhar algumas notificações dos últimos dias.

Subi as escadas olhando no visor do meu celular, completamente distraída. Estava quase no topo quando pisei em falso, o que me fez literalmente rolar escadaria abaixo.

Eu não sabia o que havia acontecido, só depois que me dei conta de que havia caído de uma enorme escada e ainda por cima havia levado comigo um belo vaso de vidro que se espatifou no chão junto a mim, espalhando vários caquinhos por todo o chão aonde eu havia caído.

Oh Deus, o vaso deveria custar uma fortuna!

Senti vários caquinhos cortando as minhas mãos e por isso tentei levantar, mas a dor, a vergonha e o susto eram tantos que fiquei parada sem me mover.

Ah! Pelo amor de Deus, isso só pode ser brincadeira.

Ouvia várias vozes me chamando, perguntando se eu estava bem, eu nem sabia o que eu mesma dizia, assenti com a cabeça e dizia que estava tudo bem, mas não estava nada bem. Senti quando minha cabeça foi colocada em algo mais macio que o chão.

Minha visão ficou turva. As últimas coisas que me lembrava foram braços fortes me carregando e me tirando do chão gelado enquanto os olhos azuis me perfuravam.

A única coisa que consegui pensar foi que eu havia pago o mico do ano.

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Amor à TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora