Capítulo 2

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MAYA

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MAYA

A corça e seu próximo

Quem é o meu próximo?

Minha família? Meus amigos? Meus inimigos? A pessoa que estava sentada ao meu lado no ônibus? Quem está lá do outro lado do mundo? Talvez, aquele que mora logo ali?

O meu próximo é o doente ou o são? O cativo ou o liberto? O judeu? O romano? O publicano? O gentil? O que crê em Deus ou que não crê? O que caiu ou o que se levantou? O que errou ou o que acertou?

E a resposta vem sem espaço para dúvida: absolutamente todos.

Até aqueles em quem não achamos motivo algum para amar.

Enquanto refletia sobre isso, pisquei repetidas vezes fitando o teto do meu quarto, tentando criar ânimo para levantar. Virei a cabeça sobre o travesseiro e vi as camas das minhas irmãs vazias. Elas estavam me evitando, principalmente após eu questioná-las novamente sobre o porquê de elas terem parado de ir à igreja. Quando se chatearam e pediram para eu não tocar mais no assunto, obedeci-as com meu silêncio. Eu havia aprendido, com os desafios da vida, que, muitas vezes, o calar resolvia mais problemas do que discutir.

Na noite anterior, fui ao quarto e orei ao Senhor, agradecendo por tudo e pedindo Seu auxílio durante o dia seguinte. Dependendo de Sua Graça, as coisas aqui não pareceriam tão difíceis assim.

Devidamente pronta para a manhã, após me arrumar, acompanhei minha mãe durante uma caminhada ao supermercado, aproveitando para tentar uma nova visita a Caleb. Não sabia se ele me chutaria de lá novamente, mas não estava disposta a desistir. Se eu estivesse do lado de lá, gostaria que alguém fizesse o mesmo por mim. Que insistisse. Que tentasse. Que fosse além do "espero que dê tudo certo" e ajudasse de fato.

Havendo ou não alguém, eu queria ser a pessoa que tentaria levar Cristo aos que estivessem ao meu alcance. E levamos Cristo às pessoas agindo, mais que apenas falando.

— Eu entendo você, minha filha. — Minha mãe começou a conversa, enquanto andávamos uma ao lado da outra carregando as sacolas de compras. Olhei-a sem entender e ela graciosamente sorriu — Entendo porque você continua amando aquele rapaz.

Ela falava de mim, mas provavelmente pensava no papai para embasar o seu dizer. Percebi isso só ao fitá-la. Os olhos de mamãe ficavam radiantes quando ela comentava alguma memória sua com ele.

— Quando amamos de verdade, queremos a felicidade do outro. Queremos vê-lo bem, mesmo que não seja ao nosso lado. Você quer o bem de Caleb, mesmo depois de tudo já ter acabado. Esse é um amor verdadeiro.

Refleti acerca do que minha mãe expusera, feliz em saber que ela não me julgava por não detestar Caleb como muitos esperavam que eu fizesse.

— O que um dia senti por ele não foi amor — afirmei, com clareza. — E hoje, pra mim, ele é uma alma necessitada de Deus. Sei que Caleb precisa relembrar-se do Eterno, assim como um dia eu também precisei.

Até que te ameiOnde histórias criam vida. Descubra agora