MAYA
A corça e seu próximo
Quem é o meu próximo?
Minha família? Meus amigos? Meus inimigos? A pessoa que estava sentada ao meu lado no ônibus? Quem está lá do outro lado do mundo? Talvez, aquele que mora logo ali?
O meu próximo é o doente ou o são? O cativo ou o liberto? O judeu? O romano? O publicano? O gentil? O que crê em Deus ou que não crê? O que caiu ou o que se levantou? O que errou ou o que acertou?
E a resposta vem sem espaço para dúvida: absolutamente todos.
Até aqueles em quem não achamos motivo algum para amar.
Enquanto refletia sobre isso, pisquei repetidas vezes fitando o teto do meu quarto, tentando criar ânimo para levantar. Virei a cabeça sobre o travesseiro e vi as camas das minhas irmãs vazias. Elas estavam me evitando, principalmente após eu questioná-las novamente sobre o porquê de elas terem parado de ir à igreja. Quando se chatearam e pediram para eu não tocar mais no assunto, obedeci-as com meu silêncio. Eu havia aprendido, com os desafios da vida, que, muitas vezes, o calar resolvia mais problemas do que discutir.
Na noite anterior, fui ao quarto e orei ao Senhor, agradecendo por tudo e pedindo Seu auxílio durante o dia seguinte. Dependendo de Sua Graça, as coisas aqui não pareceriam tão difíceis assim.
Devidamente pronta para a manhã, após me arrumar, acompanhei minha mãe durante uma caminhada ao supermercado, aproveitando para tentar uma nova visita a Caleb. Não sabia se ele me chutaria de lá novamente, mas não estava disposta a desistir. Se eu estivesse do lado de lá, gostaria que alguém fizesse o mesmo por mim. Que insistisse. Que tentasse. Que fosse além do "espero que dê tudo certo" e ajudasse de fato.
Havendo ou não alguém, eu queria ser a pessoa que tentaria levar Cristo aos que estivessem ao meu alcance. E levamos Cristo às pessoas agindo, mais que apenas falando.
— Eu entendo você, minha filha. — Minha mãe começou a conversa, enquanto andávamos uma ao lado da outra carregando as sacolas de compras. Olhei-a sem entender e ela graciosamente sorriu — Entendo porque você continua amando aquele rapaz.
Ela falava de mim, mas provavelmente pensava no papai para embasar o seu dizer. Percebi isso só ao fitá-la. Os olhos de mamãe ficavam radiantes quando ela comentava alguma memória sua com ele.
— Quando amamos de verdade, queremos a felicidade do outro. Queremos vê-lo bem, mesmo que não seja ao nosso lado. Você quer o bem de Caleb, mesmo depois de tudo já ter acabado. Esse é um amor verdadeiro.
Refleti acerca do que minha mãe expusera, feliz em saber que ela não me julgava por não detestar Caleb como muitos esperavam que eu fizesse.
— O que um dia senti por ele não foi amor — afirmei, com clareza. — E hoje, pra mim, ele é uma alma necessitada de Deus. Sei que Caleb precisa relembrar-se do Eterno, assim como um dia eu também precisei.
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Até que te amei
EspiritualLITERATURA CRISTÃ | TRILOGIA "ATÉ" Livro 2 "Uma das maiores verdades sobre o amor que eu provei e conheci é que ele é uma escolha." As vidas de Maya e Caleb se cruzaram uma vez e o resultado não foi bom. Por causa dele, ela saiu da cidade com o cora...