Prólogo - Antes de tudo - 2003

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Virei mais um gole de tequila para dentro do corpo e senti o mesmo arrepiar, automaticamente transformando meu rosto em uma careta, abaixei a cabeça sobre a mesa de madeira e fechei os olhos, sentindo a dor de cabeça sumir rapidamente e respirei fundo. Me assustei quando ouvi um toque e a tela do meu notebook se iluminar.

Ergui meu pescoço com dificuldade e olhei para a tela do aparelho, me fazendo espremer meus olhos devido à iluminação. Um e-mail que eu não usava há alguns anos foi aberto na tela do computador e olhei para o mesmo que estava na lista de não lidos. Um e-mail de um conhecido da Virgin Records e o abri.

"Acho que está na hora de voltar", foi o que estava escrito no e-mail e eu franzi a testa, soltando uma risada fraca, claramente bêbada.

"Não tenho motivos para isso", foi o que eu escrevi, provavelmente errando alguma palavra no meio do caminho e quando fui abaixar a tela, ouvi outro toque vindo do notebook e ergui os olhos para a tela novamente.

"Tem sim. Assista!", foram suas palavras escritas e abaixo um vídeo anexado ao e-mail, ajeitei meu corpo na poltrona e cliquei para baixar o mesmo, vendo o símbolo carregar aos poucos e suspirei, pegando a garrafa de água ao meu lado e virei em minha boca, jogando-a vazia no lixo.

Assim que o vídeo baixou, eu abri o mesmo, notando uma mulher loira em meio a uma quadra de escola, com diversas pessoas sentadas atrás dela, e conferindo um papel antes de se dirigir ao microfone. Ela começou a falar em alguma língua que eu não conhecia, mas uma legenda improvisada me ajudou.

- E agora, nosso último competidor é Alice Lins, cantando Thank You For The Music. - Ela falou e as pessoas começaram aplaudir. Uma menina com os cabelos castanhos e óculos de grau se levantou usando um vestido preto até o joelho e sapatos baixos, e se dirigiu até o microfone, nitidamente nervosa já que ela não parava de mexer as mãos. Ela olhou para frente por um momento e respirou fundo.

- Vai nessa, Alice! – Alguém gritou da plateia e ela sorriu, antes de virar o rosto para um dos lados e confirmar com a cabeça, fazendo com que uma música conhecida chegasse a meus ouvidos.

- "I'm nothing special, in fact I'm a bit of a bore. If I tell a joke, you've probably heard it before..." – As pessoas logo gritaram quando ela começou, sua voz não tinha nada de especial, mas com um pouco de treino, poderia ser melhorada. – "But I have a talent, a wonderful thing, 'cause everyone listens when I start to sing". – A voz ficou mais forte nesse momento, me fazendo arregalar os olhos. – "I'm so grateful and proud, all I want is to sing it out loud, so I say thank you for the music, the songs I'm singing, thanks for all the joy they're bringing..." – Ela começou a se soltar no refrão, começando realmente a sentir a música. – "Who can live without it, I ask in all honesty, what would life be. Without a song or a dance what are we, so I say thank you for the music, for giving it to me." – Quando ela terminou o primeiro trecho, as pessoas começaram a aplaudir e a gritar algumas palavras que a legenda não me ajudou.

Enquanto a música continuava, ela sorria e se soltava, suas mãos pararam de ficar coladas ao corpo e ela começou a mexer e a erguer ambas a cada nota forte da música, e, quando a música terminou, não só a plateia, mas o pessoal que estava atrás se levantou, gritando e aplaudindo a menina, fazendo com que ela abrisse um sorriso e ficasse visivelmente envergonhada com a reação do público, sendo abraçada pela mesma loira do começo, e sorriu.

Me assustei com o barulho de outro e-mail chegando e carreguei o mesmo, abrindo um sorriso com ele. "Diamante bruto, não?! Acha que consegue lapidar? A gravadora a quer... ACHE!" foi o que o último e-mail disse e eu soltei uma risada, pegando o telefone fixo ao lado da porta e discando o número que eu tentara diversas vezes e sempre desligava antes do primeiro toque.

- Centro de Reabilitação de Los Angeles. – Foi o que eu ouvi e respirei fundo.

- Aqui é Jessica Stone, eu gostaria de me internar, por favor. – Eu falei e engoli em seco, quase me arrependendo em seguida. – E preciso que venham me pegar. – Falei, respirando fundo.

- Claro, só nos dizer o endereço.

Total Stranger | Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora