Eu disse que não.

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  Eu comecei a andar na chuva, e ela ficava cada vez mais forte. Não passava taxi em nenhum lugar, e eu não via nenhuma parada de ônibus. Aonde nós estávamos era perto da escola, mas eu não conhecia bem aquela região. Eu tive que conter o meu choro, pois estava escurecendo, olhei para o relógio no meu pulso e já ia dar 18:00 da noite. Pensei em ligar para o meu pai, mas ele ficaria muito preocupado. Pensei em ligar para o Jonatas, mas ele com certeza ainda estava com raiva de mim. Olhei ao redor e vim um alpendre, corri para baixo. Precisava sair da chuva. Assim que encostei na porta do local onde eu tinha achado para me esconder, pude ouvir vozes que vinham de lá de dentro. Quando eu dei o primeiro passo para fugir dali.

- Mary? Ai meu Deus essa voz... continuei andando.

- Mary Louise? Ele me acompanhou e segurou o meu braço antes que eu corresse.

- Lorenzo, ah... oi.

- o que você está fazendo aqui? E na chuva?

- longa história, e da última vez que eu contei uma história eu acabei assim perdida e na chuva.

- esse frio... meu Deus, tá fazendo você falar coisa com coisa. Entra aqui, o meu chefe saiu a pouco tempo. Eu estava aqui falando com a última cliente.

- e você trabalha? Perguntei meio desorientada.

- a gente conversa lá dentro. Apenas assenti.

Era uma clínica veterinária. E só ai eu me dei conta de que as coisas do sonho ainda estavam acontecendo. Olhei para os lados para ver se eu reconhecia o lugar, mas eu não me lembrava de nada.

- aqui, um cobertor... os seu lábios estão... estão quase roxo. E o que você estava fazendo por esse lado? Sua casa não é próxima da minha?

- eu já disse...

- não, não disse.

- eu estava com o Patrick, não posso mais falar nada além disso.

- você não disse nada, você está tremendo Mary... vou te levar ao médico.

- o que? Não, não. Deve ser só a minha asma querendo atacar. Peguei nos meus bolsos e lembrei que a minha bombinha só podia está dentro da bolsa que estava com o Jonatas. Na hora que ele foi embora pra falar com o Lorenzo ele saiu com ela. Ai meu Deus.

- por que essa cara Mary? Não trouxe a sua bombinha. Fiz que não com a cabeça, pois o ar já tinha começado a fugir dos meus pulmões.

- droga, droga. Disse ele correndo no meio da clínica, lembrar o porquê do Jonatas ter saído daquele jeito, só fez com que eu ficasse pior. Quando eu encostei as minhas costas na parede pude sentir uma mão me segurando para eu não cair.

- aqui, usa a minha.

Fiz o que ele mandou sem protestar, não podia me dar o luxo de morrer ali... não tinha vivido nada ainda.

- não precisa mais falar nada, já vi que você não quer falar sobre isso. Só se agasalha mais tá OK? Vou te levar pra casa. Ele dizia tudo, mas sem olhar pra mim. Nem parece o menino do ensaio de hoje mais cedo.

- aconteceu alguma coisa com você? Perguntei me aproximando.

- Mary, pode ter sido por acaso você aparecer aqui, mais... mas eu não posso mais viver nesses acasos com você. O Jônatas é meu amigo, e hoje ele... eu sabia.

- o que ele te falou? Melhor... o que ele te perguntou?

- ele me perguntou se eu estava apaixonado por você? Ah não!

- e o que você disse? Perguntei com medo da resposta.

- que não. Ele falou mais uma vez sem olhar pra mim.

- ah... eu acho que suou mais desapontada do que eu pretendia.

- o que você queria? Que eu dissesse que sim? Que eu dissesse que estou apaixonado por a garota que ele ama? Que tipo de amigo eu seria? Ele falou colocando as duas mãos na cabeça, como se estivesse desesperado.

- eu sinto muito. Eu disse tocando no braço dele, para tentar acalma-lo.

Ele me olhou como quem estava preparado para cometer o pior crime de todos. Tocou no meu rosto com a mão direita. E senti cada músculo do meu corpo se acendendo. Eu já não estava mais com frio, aquele calor que ele me transmitiu serviu para preencher a dor de ver o Patrick chorando. Quando ele se aproximou um pouco mais a porta da frente se abriu.

- Lorenzo eu acho que deixei a chave do meu... Mary?

- Tia Samira? O que você está fazendo aqui? Perguntei totalmente surpresa.

- eu que te pergunto, e que aconteceu com a roupa de vocês? E vocês se conhecem?

Eu ia responder mas ele colocou mão quase no meu posto pedindo pra eu parar ali mesmo.

- onde está o Jonatas? Perguntou ela no tom de desaprovação.

- Samira, não é nada disso que você está pensando. falou o Lorenzo dando um passo na direção dela.

- se você soubesse o que eu estou pensado...

- tia pelo o amor de Deus, eu nunca trairia o Jonatas e o Lorenzo e ele são amigos. Eu nem sabia que ele trabalhava aqui, e muito menos que era a clínica do seu namorado.

- noivo. Corrigiu ela.

- que seja. Ele só me acolheu, eu estava perdida e na chuva.

Ela olhou pra ele com outros olhos. Depois virou para mim.

- vem vou te levar pra casa, ai você me explica o que aconteceu. E Lorenzo obrigado.

- disponha. Até segunda Mary.

- até. Sorri e saímos eu e minha tia abraçadas.

*":{"sȃuz

Eu & Você. 2° temporada A Escolha.Onde histórias criam vida. Descubra agora