Você só não pode mentir pra você.

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    - Isso não está acontecendo! Exclamei.

- eu posso tentar ajudar. Disse ele tentando levantar, mas na mesma hora ele fez uma cara de dor.

- não! Por Deus não! Fica ai, vou atrás de ajuda.

- sozinha? Em pleno domingo? Ele olhou para trás e não tinha nada realmente aberto.

    Soquei o carro, umas duas vezes, mas minha mão doeu na mesma hora.

- Mary, não faz isso. Não se machuca. Tenta ligar pro Jonatas.

- eu não trouxe o celular, eu sai de lá tão preocupada... que eu esquece.

- pega aqui o meu. Ele me entregou, eu liguei para o Jonatas mas ele não atendia.

- ele deve ter jogado o celular em qualquer lugar. Falei realmente preocupada.

- não se preocupa, já, já passa alguém e salva a gente.

     Comecei a rir, eu não podia ter ficado perdida com ninguém mais do que o Lorenzo. Isso era assustador.

- do que você está rindo? Perguntou ele, com humor na voz.

- disso. Apontei para o interior do carro. – Essa situação.

- sinto muito. Disse ele sorrindo.

- sente nada.

- é. Não sinto.

    Sorri balançando a cabeça.

- afasta ai, vou sentar com você ai, atrás.

Ele fez o que eu pedi e eu coloquei a perna dele em cima de mim. O silencio ficou ensurdecedor minutos depois, e eu tive que acabar com ele.

- você meio que sumiu do sitio esses últimos três dias.

- eu precisei. Ele disse apenas isso.

- como assim? Eu precisei?

- eu prometi. Ele baixou a cabeça.

    Aquilo era, ainda mais estranho.

- pra quem?

- não posso falar.

- a por favor, estamos só nós dois aqui.

- não posso.

    A ficha foi caindo, até eu lembrar de ver o Jonatas chorar hoje perto dele.

- você prometeu para o Jonatas?

    Ele não respondeu, e nem precisou. Aquilo era esclarecedor.

- por que prometeu isso?

- ele queria passar esse dias com você.

- nós passamos o tempo todo juntos, em casa, na escola... em todo lugar.

- por favor não me faz mais perguntas. Ele quase implorou.

   Assenti, eu já ia voltando para o meu lugar quando ele pediu.

- não sai daqui, fica aqui comigo.

   Eu congelei, eu não sabia o que fazer, suspirei forte e depois encostei minhas costas no banco de trás novamente.

- eu sei o que você fez por mim...

- o que eu fiz por você? Perguntou ele ficando mais ereto com as costas na porta do carro.

- a borboleta. Você foi atrás de um presente... um presente, para ajudar o Jonatas.

- o que eu posso dizer? Sou masoquista.

    Belisquei ele de brincadeirinha.

- eu só estava fazendo o que era certo.

- mas não precisava.

- eu não sei qual muro é esse que você colocou entre nós, mais acorda Mary. Não somos amigos, nunca fomos. Há algo além disso, algo que nem o seu amor pelo o Jonatas pode ocultar. Você pode até mentir pra mim, e pra ele. Mas não consegui mentir pra você mesma.


Eu & Você. 2° temporada A Escolha.Onde histórias criam vida. Descubra agora