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Mia

Acordei sentindo a cabeça quente e percebi que estava de cabeça para baixo. Minhas mãos e pés. Presos juntos me deixavam de um jeito desconfortável. E pior, eu estava balançando.

Vapor saia de algum local e deixava tudo úmido e quente.

Uma porta abriu se fazendo um barulho ensurdecedor. Alguém pesado e grande se arrastou em minha direção.

- hmmmm ... Ainda está viva. Prefiro assim, morta na hora! - uma voz grossa falou me cutucando.

Pelo seus dentes e seu jeito ele iria me comer. Eu. Tinha que dar um jeito.

- se você não me soltar, vou morrer antes da hora - falei tentando soar confiante.

- é mesmo ? - respondeu ele desconfiado. - qual a garantia que você não quer me matar?

- eu quero, mas creio que não conseguirei pois sou pequena e você bem mais forte..

O gigante pareceu pensar sobre meu pedido e puxou um grande facão brilhante.

- Bronze celestial, na hora do abate aperfeiçoa o sabor - falou ele orgulhoso e com um rápido golpe cortou a corda que me prendia ao teto.

Cai desajeitada no chão.

- melhor agora ?

- sim... - falei com um gemido me arrastando.

O covil de meu raptor era bem grande e organizado. Havia uma estante com potes e livros, um fogo no centro da sala onde uma panela estalava e vários caixotes fechados em um canto.

O gigante foi ate o armário e o abriu cantarolando. Voltou com algo nos ombros e descarregou sobre a mesa.

Desmond.

- uou ! O que vai fazer com ele? - falei me levantando.

- cortar? - ele falou me encarando, confuso.

- não pode! - falei quase gritando.

- eu posso sim - ele rosnou carrancudo. - certo? - continuou em tom de dúvida.

- errado - falei acentuando um tom " mamãe ". - não é assim que se cozinha.. pode engasgar! E se ficar sufocado?

- é só eu cuspir - ele falou cruzando os braços.

- venha me ajude a subir, lhe ensinarei a cozinhar .. - falei me aproximando.

Rapidamente ele me agarrou e me pos em cima da mesa, um pouco tremula engoli o medo, teria que ter muito cuidado.

Andei em torno de Desmond desacordado e suspirei em desaprovação.

Me abaixei e chequei seu pulso, estava franco. Tentei mandar leves ondas de cura e me levantei rapidamente.

- ele precisa de Prata. - falei confiante.

- prata?

- é, prata. Vai dar um gosto hmmmm... você vai gostar.

- não tenho prata - ele disse chateado.

- eu tinha prata - falei segurando meu pulso agora sem bracelete.

- aaah é mesmo! - ele falou indo até o fogão.

Me virei para Desmond preocupada por ele Ainda está desacordado.

- achei ! - exclamou ele segurando meu bracelete entre os dedos.

Nessa hora, Desmond resolveu levantar rapidamente e olhar em volta.

- Mia ! Vai dar tudo certo, vamos vencê-lo.

Chutei Desmond me desculpando mentalmente, ele caiu da bancada direto para o chão duro e sujo.

- bobinho.. - falei tentando soar chateada. - ele jura que sou sua amiga, ate parece ne?

O gigante gargalhou e pegou Desmond novamente o colocando aos meus pés sobre a mesa.

Ele jogou o bracelete e eu o agarrei. Ele me olhava, sem querer perder nenhum detalhe.

Observei seu rosto em busca de um ponto franco. Orelhas muito grandes? Olhos redondos e amarelos? Ou sua boca cheia de dentes tortos e lodo?

- e então? Cadê? - rosnou ele desconfiado.

Respirei fundo e desenrolei meu chicote lentamente e o lancei, como uma serpente veloz, direto para dentro de seu nariz. O gigante rugiu e saiu tropeçando para trás.

O bracelete não estava mais preso a minha mão mas continuava a se movimentar e logo entrou todo em sua cabeça, saindo por sua orelha esquerda. O gigante caiu batendo sua cabeça no caldeirão que tombou sobre ele.

Assustada, parei respirando fundo. Meu bracelete, como uma cobra viva deslizou ate mim, subindo por minha perna e voltando a sua forma em meu braço.

Corri ate Desmond e olhei sua situação, sobre seu olho um corte, e seu nariz sangrava.

Pus minhas mãos em seu rosto e mandei todas as minhas forças para ele, rezando para meu pai me fortalecer.

Desmond esgasgando se encolheu e logo sentou confuso.

- o que você fez?

- me desculpe - falei o ajudando a levantar - eu lhe devo uma.

- tudo bem - ele falou fazendo uma careta - você me curou, não deve nada.

Tentei argumentar que eu o tinha machucado mas uma visão entrou em minha mente como um vento forte.

Enzo e Connor corriam por um campo, estavam suados e sujos e nos procuravam. Eu sabia onde era esse campo, estavam perto.

- temos que ir - falei segurando a mão de Desmond - vamos encontrar os meninos.

Os Filhos De Apolo E O Filho De Zeus ( Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora