A Confiança

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Voltei a enxergar - e respirar - por completo em uma cama de simulação solar no DOE. 

Sentia meu corpo em perfeita ordem. Força, respiração, reflexos, assimilações, tudo em perfeita ordem. Minha consciência no entanto...

Me pus de pé assim que consegui ter certeza de onde estava e automaticamente J'onn, Winn e Alex adentraram a sala com expressões preocupadas e semblantes que anunciavam notícias ruins.

-Onde ele está? - Perguntei imediatamente.

-Eu não consigo encontrá-lo. – Winn disse. – O rastro de Daxam sumiu e a outra substância também, eu não sei como e eu não sei por que... – Seu tablet fez um barulho e todos tivemos nossa atenção sugadas para a tela do aparelho. – Mas talvez ele saiba.

"Desculpe o atraso, já estou começando o espetáculo. Espero por você, e pela sua namorada... não, pera, ela já está aqui."

Tanto o tom da mensagem quanto o meio usado a localização em tempo real em seguida, deixavam claro que ele estava super á vontade com o que estava acontecendo e que esperava por nós como pessoas esperam por familiares fazerem visitas em casa.

-Acho que tenho algo a resolver.

Me levantei e deixei os agentes pra trás mais uma vez porque não tinha tempo a perder.



O ponto de encontro em questão era um estacionamento. Não fazia a mínima ideia de porque exatamente aquele lugar, não conseguia conectá-lo a nada ou ninguém então me contentei em agradecer por ele ter escolhido fazer aquilo em um lugar vazio.

Um dos maiores problemas que enfrentávamos com Mon-El era que ele nunca calculava os danos colaterais de suas ações, causando muito mais estrago nos seus embates do que o necessário. Aparentemente o seu possessor era mais inteligente.

Assim que aterrissei, ele abriu os braços como se me desse boas vindas.

Usava um uniforme preto que eu nunca havia visto antes e seu rosto tinha uma expressão conflituosa. Era como se metade dele quisesse passar uma mensagem e outra metade quisesse passar outra.

Eu marchava em passos fortes e tinha uma expressão decidida no rosto, mas á medida que me aproximava dele, eu me sentia mais disposta a conversar antes de fazer qualquer coisa.

-Kara!

Eu não conseguia decifrar se seu tom de voz era feliz ou irritado, ou as duas coisas. Ele sorria enquanto falava, mas eu sentia que era um sorriso irônico e o efeito demoníaco que a possessão deixava em sua voz não ajudava muito.

-Mon-El, cadê ela?

-Kara Danvers. Um passo de cada vez. - Ele disse abrindo um sorriso. Calma, calma. Ela não vai se mexer.

Apenas sua boca se mexia em todo o seu rosto e aquilo era além de esquisito.

O que quer que estivesse ocupando o seu corpo, não estava tendo muita facilidade em mantê-lo sob controle.

Sua cabeça se mexeu de maneira estranha, ângulos quase inumanos e quando ele me encarou novamente o vermelho vibrante dos seus olhos, ficou opaco e eu vi um rastro dos seus olhos castanhos de sempre.

-Mon-El?

-Kara. 

Sua voz soava normal.

-Ela não tem nada a ver com isso. Ela precisa sair daqui, deixa ela sair.

Em Nome Do Amor I | SUPERCORPOnde histórias criam vida. Descubra agora