Hometown glory

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Umas férias dessas, bicho. É uma surra de atualização no meio do carnaval. Cuida que é essa é dupla ;)

1/2

Boa leitura!

xxx

Lauren Pov

Depois de mostrar a Camila a eficácia do acolchoado e da fibra de vidro que compunham o revestimento do isolamento acústico do meu quarto na prática, contei a teoria da montagem. A casa toda contava com aquele sistema, era parte da construção, mas o meu quarto era especial pois além de ficar na parte subterrânea da casa contava com um nível a mais do revestimento por conta da minha passagem meteórica pelas aulas de guitarra e violão com meu pai. Antigamente sempre que eu ficava triste ou irritada descontava nas cordas. O isolamento me ajudava a descarregar sem impedir minha mãe de trabalhar na biblioteca.

- Lauren, você tem noção de que eu sou fã da sua mãe? Dinah e eu choramos tanto lendo o "Não se exponha tanto ao sol", nós lemos juntas no acampamento. Espera... Dinah sabe?

- Não, eu não fazia ideia que vocês gostavam. Mamãe não faz divulgação, escreve sob um pseudônimo então fica difícil de falar sobre.

- Ai não, vai me dizer que não leu os livros da sua própria mãe?

- Ei, eu li sim. Eu adorava as histórias, pra mim eram sempre mais reais. Eu participava da pré-produção da história. - Encarei o teto sendo bombardeada por lembranças. - O que você acha da Malina? "Não se exponha tanto ao sol" é o seu preferido não é? - Perguntei.

"Não se exponha tanto ao sol" era uma compilação de contos que nunca foram publicados separadamente alinhavados como um romance 360 independente. Cada conto narrava a vida de uma menina diferente e todos se conectavam de alguma maneira ao final quando minha mãe teve a genial ideia de anexar uma carta escrita por ela mesma para as leitoras e leitores.

- Um dos.

- Então, o que pensa da personagem da Malina?

Malina era protagonista de um dos contos. Uma menina inserida no universo dito masculino desde muito pequena e que lutava contra o preconceito e a opressão de sua mãe.

- Ela é doce apesar do estereótipo de moleque. É brava mas ao mesmo tempo é frágil e merece toda a felicidade do mundo. Espero que ela tenha encontrado. - Pondera sobre a sua resposta e procura o meu olhar.

- E ela encontrou. - Sorrio.

- Não! - Fala mais alto boquiaberta. - Não, é sério? Sua mãe escreveu sobre você? Você é a Malina?

- Não, ela jamais escreveria sobre mim diretamente, mas ela usou algumas figuras afetivas da minha infância e um fato da minha adolescência para compor a personagem e influenciar sua narrativa. A Malina tem uma pitada da pequena Lauren e da Lauren quebrada. - Baixo os olhos.

- Você não precisa... Nós acabamos de chegar.

- Eu sei. Vem, vamos tomar um banho e trocar essas roupas. Vou te levar para conhecer o quintal e o meu santuário. - Puxei Camila e a conduzi ao banheiro. Tomamos um banho cheio de esquivas e muitas risadas em meio a espuma do sabonete em excesso.

Subimos e demos de cara com a casa vazia. Meu pai ainda não retornara do quartel e mamãe sempre foi assim, sumia sem avisar sempre que tinha uma ideia ou simplesmente queria ler.

Conduzi Camila aos fundos da casa e abri a porta que dava para o quintal, que era quase uma versão da frente da casa. O gramado era tão verde quanto, as diferenças consistiam na posição da árvore, a presença da casa dos motores, uma churrasqueira e uma mesa de pedra ao lado e o velho balanço de dois lugares.

Fire meet gasolineOnde histórias criam vida. Descubra agora