I'm leaving you for the last time, baby

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Aproveitei a tristeza inicial do dia com a notícia que o meu querido Bel, Belchior, desencarnou, para escrever e cantar. Como por aqui vocês não podem me ouvir, ficam os escritos.

Salve o rapaz latino-americano de Sobral.

"Amar e mudar as coisas me interessa mais."

Salve Belchior <3

Boa leitura.

xxx

Lauren Pov

Dar as costas para Camila no saguão daquele aeroporto foi uma das coisas mais difíceis que eu já tive de fazer até agora. O modo como seu lábio inferior tremia e seus olhos marejavam me quebraram por  dentro. O beijo de despedida para o qual eu fechei os olhos mas não senti o calor habitual me fez tremer.

E temer.

[...]

- Dinah, você não sabe o que é sentir que está perdendo a mulher da sua vida, e o pior, sem que haja um motivo de força maior aparente. É só a vida, é só o tempo, sei lá, talvez seja eu.

- Você conheceu alguém?

- Você bebeu, Jane? Eu mal tenho saído de casa. Da última vez que você veio aqui teve que me empurrar para o chuveiro e me embarcar num vôo internacional. Pelo amor de Deus, não tem ninguém. - Bufei. - Tem a porra de um oceano enorme e todas essas obrigações no meio.

- Bicho, se tu tá tão infeliz e sofrendo com tudo isso termina de vez. - Disse irritada. - Eu pensei que tinha feito uma coisa boa te mandando pra lá mas pelo visto ajudei a estragar o resto. - Pega a bolsa, solta uma nota na mesa e sai me deixando sozinha na cafeteria do ICA.

Por quê estamos no Instituto de Cultura e Arte? Simples, fica bem no meio do caminho entre o Centro de tecnologia e a Divisão de Direitos Humanos, assim Dinah e eu não precisamos brigar para saber quem se desloca mais. Além disso é um espaço ventilado e tem um ótimo café.

Ultimamente eu tenho me afeiçoado à bebida que antes eu abominava. É o famoso comer no prato que tanto cuspiu. Talvez pelo fato de ter sofrido uma intervenção de Dinah para largar o cigarro eu tenha adotado a cafeína como tapa buracos.

Ouço algumas jovens animadas na mesa ao lado, que aparentam ser calouras, e quase derramo meu café ao identificar o tema de sua conversa. Camila Cabello, a princesa dos musicais, atual menina dos olhos da UDC e nova queridinha da França.

- Dizem que ela recebeu um convite para estrelar Les Miserables na mostra de Cannes. Camila como Fantine numa produção de renome em francês. Que rainha! - Uma delas confidencia animada e bate palminhas no final.

- Droga, pensei que ela fosse voltar ainda esse mês e quem sabe desse uma passadinha aqui para conversar com a Cassandra, queria vê-la de perto. - Resmunga uma outra e o meu coração dispara.

Camila me contava tudo, então se isso fosse mesmo verdade ela iria me contar muito em breve. Ou será que ela recusou o papel? Mas de qualquer maneira ela me contaria. A menos... A menos que ela não quisesse que eu soubesse sobre a oferta. Camila teria recusado o papel por mim? Ah, meu Deus. Não!

[...]

À noite esperei Camila dar algum sinal de vida com o computador ligado enquanto eu tinha um jantar no forno e jogava uma partida de videogame. Desde a minha última bad de três dias no fim do ano passado eu evitava ficar de bobeira por muito tempo, procurava manter a mente sempre ocupada. Camila não me chamou por vídeo, me chamou por voz.

- Boa noite, meu amor.

- Bonsoir, mon cher. - Ela responde fazendo o biquinho perfeito e arrastando seu francês delicioso.

Fire meet gasolineOnde histórias criam vida. Descubra agora