Memories part I

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Lauren Pov


Levantei cedo na manhã seguinte ao meu flashback no bar. Apesar de ter mentido sobre o serviço pro Cal, eu tinha de organizar algumas contas e tarefas que eu precisava efetuar no decorrer da semana. Morar só tem suas vantagens. Andar nua pela casa, por exemplo. Ok, essa é uma vantagem da qual não faço uso. Porém, ela existe. E como desvantagens eu listaria a falta de café feito ao despertar e as famosas contas.


Peguei meu organizer (um carderninho utilizado para listar afazeres) e sentei em uma das banquetas junto ao balcão de mármore. Preparei meu achocolatado e comecei a passar os olhos pelas páginas do pequeno caderno.


Lembrei que eu teria de pagar a taxa de licenciamento da X-tina. Minha moto. O que é? Cada um  com a sua mania. Me deixem.


Na folha seguinte havia um esboço do quanto eu receberia e quanto gastaria esse mês. Até que eu não estava mal. Além dos meus rendimentos como bolsista no laboratório de tecnologia aplicada em energias renováveis, e da ajuda de custo que a Universidade me oferecia, eu fazia serviços de elétrica em geral para alguns comerciantes da cidade. E apesar de estar relacionado com o meu curso não era uma atribuição da minha futura profissão.


Desde cedo, devido a convivência com meu avô paterno, eu aprendi a mexer com elétrica e motores em geral. Era algo que eu realmente gostava antes mesmo de pensar em cursar Engenharia Elétrica. Até porque após a formação eu trabalharia com projetos e não com instalações.


Minha paixão por motores me habilitou também a trabalhar com injeção eletrônica, uma atividade relativamente rentável. Somados à minha habilidade com a furadeira e engenho com fios, instalava também ar-condicionado, câmeras de segurança e sistemas de som.


Eu literalmente me virava. E todas essas habilidades incomuns para uma garota me rendiam uma boa grana. Eu estava fazendo funcionar. Eu já não precisava do dinheiro dos meus pais, e agora até conseguia guardar algum para eventualidades.


Marquei a data do pagamento para não esquecer e terminei de tomar o achocolatado. Me espreguicei abrindo os braços ainda sentada na cadeira e saltei em direção ao sofá. Liguei a tv e o canal esportivo anunciava uma partida de vôlei que aconteceria dentro de alguns minutos. Ponderei sobre assistir ou não ao tal jogo. Eu sempre fui muito fã de esportes, mas voleibol era um dos quais eu preferia jogar a assistir.


Me acomodei melhor no confortável sofá e senti minha mente me trair.


A imagem de uma Camila com os olhos inchados e nariz vermelho me acertou em cheio. Pisquei algumas vezes e ela se dissipou como fumaça. Encarei como um aviso de que eu deveria procurá-la. Busquei meu celular no canto do sofá e acendi a tela, cliquei no ícone do aplicativo de mensagens e observei o cursor piscar por alguns segundos.


O que eu diria a ela? Que sinto muito por tê-la expulsado do meu apartamento? Ou que não queria ter causado aquele desconforto ao falar de seu namorado? Nããão.


Pensei.


Que tal?

Fire meet gasolineOnde histórias criam vida. Descubra agora