All i believe in

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Postei e saí correndo para terminar o próximo.

Boa leitura!

xxx

Camila Pov

Senti uma movimentação estranha e percebi que Lauren já não me abraçava como quando deitamos para dormir. Ela se mexia inquieta e respirava com dificuldade como se quisesse falar e não conseguisse.

Eu estava de mãos atadas. Tinha medo de acordá-la mas também não aguentaria vê-la sofrendo com aquele pesadelo. Não gostava nem de imaginar Lauren sofrendo. Passei os braços ao redor de seu corpo trêmulo e fiz pressão tentando confortá-la.

- Sh.. Tá tudo bem, amor. Eu estou aqui com você.- Sussurrei em seu ouvido e esfreguei minhas palmas em seus braços.

Lauren despertou aturdida e demorou alguns segundos para seus olhos focarem o meu rosto. Esbaforida ela foi se acalmando aos poucos e me deixando abraçá-la. Se manteve quieta, mas não voltou a dormir no espaço de tempo em que fiquei mantendo-a em meus braços.

- Desculpa. - Ela fala baixinho.

- Não faça isso. Não se desculpe.

- Não queria te acordar. Eu nem lembrava mais qual era sensação de ter pesadelos e, sinceramente, queria continuar sem lembrar.

- Tudo bem, amor. Já passou.

- Não. Dessa vez foi diferente, era você lá. A chuva, o frio, a humilhação e a dor física não eram nada diante do seu rosto se desfazendo bem na minha frente. - Ela soluça e um rompante emocional desata num choro compulsivo.

Nada poderia me machucar mais. Lauren era o meu bebê, eu preferia sentir toda a potência anual das cólicas infernais que eu poderia enfrentar de uma vez do que presenciar aquela cena. Ver Lauren que é sempre tão forte e equilibrada vulnerável e quebrada daquele jeito era de cortar o coração.

Só então eu me dava conta de que todo aquele equilíbrio e fortaleza foram construídos com muito custo e empenho. Lauren teve de lutar para superar todos aqueles traumas. Eu não podia curá-la, não podia fazê-la esquecer, mas eu podia reconstruir suas memórias. Ressignificar as lembranças.

O baile de formatura ao qual ela não compareceu e a dança que ela nunca teve.

A primeira vez com os devidos cuidados e todo o carinho que ela não recebeu.

O reconhecimento de sua singularidade como pessoa que lhe foi negada durante a adolescência.

E eu faria cada uma dessas coisas.

- Eu ainda vou estar aqui quando você acordar, amor. - Fiz um carinho em sua cabeça. - Agora tente descansar, morceguinha.

Depois do que parecera um bom par de horas ela enfim caiu no sono outra vez. O mesmo não aconteceu comigo e eu decidi levantar da cama com cuidado para não acordá-la. Fechei a porta do quarto fazendo o mínimo ruído possível e ao virar a cabeça para o lado vi que uma pequena janela basculante ficava localizada na parede do fundo do porão e resolvi ir até lá. O sol começava a dar seus primeiros sinais por entre as nuvens cinzas, o dia seria frio eu podia apostar.

Me aproximei da pequena janela e senti o cheiro da grama molhada. Deve ter chovido na madrugada. O isolamento é mesmo muito bom para eu não ter ouvido ou talvez eu tenha estado tão imersa em Lauren que nem percebi.

Dali era possível ter uma visão parcial da rua desde baixo, parecia ter sido instalada para que se pudesse ver sem ser visto. Me perguntei se Lauren costumava gastar algum tempo ali durante o período de sua reclusão ou até mesmo se seus pais teriam feito a intervenção para que ela visse a rua lá fora.

Fire meet gasolineOnde histórias criam vida. Descubra agora