Capítulo 22

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RUGGERO

Sabe quando você sem querer fala algo que queria, mas não deveria? É o que tinha acabado de acontecer. Eu quase disse tudo a ela, tudo o que estava me consumindo por dentro, mas fui interrompido pelo taxista, avisando que já tínhamos chegado ao hotel. Só não sei se isso é bom ou ruim.

Entramos no hotel, cada um foi pra seu quarto, sem trocar uma única palavra com o outro. Não tinha coragem de falar com ela, não agora. Fui direto para o banho e me deitei. Amanhã começa a correria.

~no dia seguinte~
Acordei no susto com a voz de Aldana batendo na porta.

-Vamos, Ruggero, só falta você -ela gritou

Me levantei rápido e coloquei a roupa que estava separada para a sessão de fotos.
Quando cheguei no local, Karol já estava lá. E wow! Que linda... Ela estava de costas pra mim, então cheguei por trás dela de mansinho.

-Bom dia, Moglito -sussurrei em seu ouvido e ela se virou pra mim com um sorriso no rosto.

-Bom dia, Baloo.

-Está muito bonita, Srtª Sevilla -analisando a novamente de cima a baixo

-Você também não está nada mal, Ruggerito...

-Vamos, queridos -Aldana chegou nos puxando- Temos umas fotos pra fazer agora.

Fomos para um prédio onde teriam duas entrevistas e algumas sessões de fotos. Quando chegamos lá, fomos direto para o terraço, que era rodeado de flores. Pediram pra gente ficar um ao lado do outro e agir o mais natural possível. Eu fazia palhaçadas o tempo todo e ela ria sem nenhum esforço.

-Vocês podem ficar mais próximos? -um deles perguntou- E sem sorrir desta vez. Quero uma conexão de olhares.

Quando ela ouviu isso pareceu ficar nervosa, porque até então estávamos numa distância que não causava nenhum desconforto pra ninguém. Eu envolvi a cintura dela com uma das mãos e me aproximei; não muito, pra não a deixar mais nervosa... Ela respirou fundo e me encarou.

-Um pouco mais próximos -ouvi outro fotógrafo dizer

Agora foi a vez dela, que com um pouco de hesitação se aproximou mais de mim. O suficiente pra sentir meu coração e eu ao dela. Eu me encontrava de costas para o sol, mas os raios batiam em seus olhos, o que fazia surgir os pontinhos dourados que eu tanto amava. Ela me olhou e foi como se tudo parasse, como se só existisse ela pra mim e eu pra ela. Vacilando por um segundo, percebi que ela desviou o olhar pra minha boca e depois voltou para meus olhos. Não faz isso comigo senão eu perco o controle que venho tentando manter desde que chegamos, pensei.

-Não fazer o que, Rugge? - sussurrou

-Oi? -eu perguntei confuso

-Você disse "não faz isso comigo senão eu perco o controle..." -ela falou

-Eu disse? Ahm.. droga -falei essa última parte baixo, só pra mim.

-E então? Não faz isso o que? -ela insistiu

-Queridos, terminamos! Podem ir se trocar pra entrevista. -Aldana nos disse antes que eu pudesse pensar numa resposta.

Ela se afastou de mim, aparentemente intrigada pelo que eu tinha dito. E agora?

O restante da semana se resumiu basicamente em entrevistas, mais entrevistas, fotos e todo tipo de trabalho relacionado a divulgação da série. Foi bem corrido, na verdade. Não me lembro de ter parado um segundo que não fosse a noite para descansar. Karol e eu nos falamos nas horas das entrevistas e quando almoçávamos com a equipe, mas em nenhum momento fora disso. Ela estava esquisita desde a primeira sessão de fotos e eu não sabia o porquê. Toda vez que eu chegava para conversar ou tentava brincar, ela me respondia usando o menor número de palavras possíveis ou ria pra não me deixar sem graça e logo depois se afastava. Nos poucos intervalos que tivemos eu ficava sozinho e ela ia pra perto da mãe.

O que será que se passa na cabeça dela? Não sei o que eu fiz de errado e sequer fiz algo, mas de uma coisa eu tinha certeza: não ter minha melhor amiga estava acabando comigo; e provavelmente isso estava começando a transparecer para os outros.


Ruggarol: um amor além das estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora