Capítulo 25

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KAROL

Eu podia ficar assim pra sempre, deitada junto dele, olhando o céu. Fazer isso me transportava pra perto das pessoas que amava: minha família e agora ele. 

-Senti sua falta -eu falei ainda olhando o céu, distraída

-Eu também, Sevilla. Essa semana foi como uma tortura pra mim... -ele falou brincando com minha mão, mas eu sentei fitando a grama, ainda me sentindo mal pela última semana.

-Ei, olha pra mim -ele se sentou também e eu o olhei- Esquece isso. Já está tudo bem, então não tem porque ficar remoendo essa história, ok?

Esse garoto é incrível, pensei e antes que eu pudesse dizer algo, o celular dele tocou. Era Aldana. Ele se afastou pra atender e aparentemente ela estava muito brava, já que consegui ouvir os gritos ao longe. Uns segundos depois ele desligou e voltou com uma cara não muito boa.

-Karol, temos que ir -me levantei- agora! -ele falou me puxando pela mão

-Mas espera -parei- O que aconteceu? Pra quê essa pressa toda?

-São duas da manhã -falou nervoso me mostrando a tela do celular- Todo mundo está procurando por nós no hotel.. 

Minha cara de susto por ter perdido completamente a noção da hora o fez novamente me puxar pelo braço e fomos correndo em direção ao hotel

-Você não avisou a ninguém que ia sair? -ele perguntou ofegante

-Não deu tempo! Quando ouvi a porta do seu quarto bater e te vi indo em direção ao elevador, fui atrás de você e nem me lembrei disso... acho que nem meu celular eu peguei

Ao chegarmos no saguão do hotel, minha mãe e Aldana estavam andando impacientes de um lado para outro. Quando nos viram, lançaram uma expressão de alívio e de "se preparem pra levar uma bronca daquelas".

-Como vocês saem desse jeito e voltam só a essa hora? -Aldana falou alterada- Ruggero, você disse que só ia dar uma volta rápida por perto. Estávamos a ponto de chamar a polícia quando eu finalmente consegui falar com você pelo telefone!

-Mas que exagero! Só perdemos a noção da hora e estávamos numa praça há uns 10 minutos daqui...-eu comecei a falar

-Karol Sevilla, não tente se concertar agora! O que vocês fizeram foi errado, sumir desse jeito num país diferente e não avisar nada e nem levar o celular... -minha mãe falou lançando um olhar de desaprovação pra mim- Sumam da minha frente antes que a coisa fique mais feia pro lado de vocês.

Eu nem pensei duas vezes e saí puxando Rugge elevador acima. Quando minha mãe está brava por algum motivo, não tem quem consiga ficar por perto. O "sumam da minha frente" é o sinal pra, literalmente, sumirmos. No nosso andar, já na frente dos quartos, eu estava abrindo minha porta quando percebi que ele me observava.

-Por que tá me olhando assim?

-Você é linda -falou sorrindo, o que me fez ficar muito sem graça, afinal ele nunca tinha me elogiado assim.

-Ahm... obrigada -falei sem graça- Bom, eu vou me deitar. Boa noite, Rugge -o abracei e, logo em seguida, num ato involuntário e totalmente inesperado [nem eu mesma esperava fazer isso], eu dei um selinho nele e entrei rapidamente pro meu quarto, fechando a porta atrás de mim.

MEU DEUS!!! O QUE EU ACABEI DE FAZER!???!? Por mais que um selinho não seja lá grande coisa, perdi completamente a noção desta vez.

RUGGERO

-Boa noite, Rugge -ela me abraçou e antes mesmo que eu pensasse em responder, senti seus lábios contra os meus, num beijo rápido, estalado, mas ainda assim um beijo. Eu não tive reação, fiquei estático enquanto ela logo em seguida fechava a porta do quarto me deixando sozinho no corredor.

Patético! Porque eu não a segurei e a beijei? Mas um beijo pra valer... Ela também gosta de mim, eu já sei que sim. Se não gostasse não teria feito isso. Preciso dizer a ela, falei comigo mesmo entrando finalmente no quarto.

~Sexta-feira~

A semana tinha se passado normalmente, com entrevistas, fotos e afins. Eu e Karol estávamos muito bem. Eu não tive coragem pra falar sobre o beijo e acho que ela tampouco. Íamos embora no sábado pela manhã, então trabalhamos cedo e nos deram o restante do dia livre pra arrumar mala e etc...

Um pouco antes da última sessão de fotos recebi uma mensagem de texto de uma velha amiga que morava aqui na Alemanha. Ficamos algumas vezes, mas nada sério. "Oi, sumido! Que tal um almoço, pelos velhos tempos?" Ela perguntou e eu achei uma ideia boa. Fazia muito tempo desde a última vez que nos vimos, então marcamos numa lanchonete perto do hotel que eu estava hospedado. Quando acabou a sessão de fotos subi para o quarto, tomei um banho e saí. Karol tinha ficado com a mãe dela e com Aldana, resolvendo algumas coisas sobre o retorno a Buenos Aires.

Era uma tarde agradável, não muito fria e nem muito quente... quando encontrei o lugar que combinamos, me dei conta de que a praça que eu vim com Karol no dia que chegamos era exatamente na frente da lanchonete, do outro lado da rua.  Entrei e Anna já estava lá, sentada numa mesa próxima a uma janela que ia do chão ao teto, dando como vista, a praça. Me aproximei da mesa e a cumprimentei com um abraço.

-Quanto tempo, Pasquarelli! -ela falou sorrindo enquanto eu me sentava

-É verdade, Anna, bastante tempo.. -respondi olhando o cardápio

-Ah, eu me atrevi a fazer nosso pedido antes de você chegar, pra gente não ficar esperando muito -disse o tomando da minha mão

-Tudo bem então. Confio em você!

Passaram alguns minutos de conversa e logo o pedido chegou. Comemos tranquilos, conversando sobre os velhos tempos e pondo em dia as novidades. Quando terminamos, já depois de pagar a conta, ela segurou minhas mãos que estavam em cima da mesa.

-Ahm, o que é isso, Anna? -falei separando minhas mãos das dela

-Rugge, eu preciso falar com você... -pegando-as de novo -sobre nós.

-Nós? -perguntei confuso

-Sim! Você não se lembra como era quando estávamos juntos? Era tão bom.. estávamos sempre rindo, felizes.

-Eu me lembro, mas isso foi há muito tempo. Agora as coisas são diferentes -falei tentando soltar minha mão que ela segurava com força.

-Mas diferentes como? Estamos solteiros, com a vida encaminhada, o que nos impede?

-Eu estou apaixonado por... -antes de terminar de falar me distraí com um vulto familiar passando pela janela e logo em seguida entrando na lanchonete. Era Karol. Justo aqui? Nesse exato momento?? Ela parou ao me ver e seu olhar foi direto pra minha mão, que Anna ainda segurava com força. Vi uma lágrima cair de seus olhos

-Karol... -falei levantando, mas antes que eu pudesse pensar ela já tinha saído correndo...

Ruggarol: um amor além das estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora