— Você não se lembra de nada? — Perguntei na manhã seguinte. — Nadinha?
— Se lembrou de que? — Perguntou Júlia bocejando.
— Liv disse que eu falei a noite passada.
— Dormindo? — Perguntou Mariana com os olhos ávidos.
— Você disse “ele está vindo”. E depois disse “ele vem pra te pegar”. Quando perguntei de quem estava falando, você apagou. Definitivamente. — Disse eu, dando uma encarada nela.
— Vai ver você imaginou coisas. Há quanto tempo não faz? — Perguntou Mariana.
— Hm, umas três semanas, eu acho.
— Viu, está explicado! — Disse ela dando uma gargalhada. Julia deu uma risada acompanhada das outras. Eu sorri e tentei esquecer o provável mico que passei na frente de minhas amigas. Ainda bem que eram as minhas amigas.
— Eu quero ir pra piscina... — Resmungou Mell entrando na cozinha.
— Eu também. Que tal todas irmos? — Sugeriu Alie.
— Pra mim está ótimo! — Disse Julia.
— Ah, se não fossemos amigas... Eu iria embora. Mas amo tanto vocês que adoro as fofocas. — Disse Mariana. Mell atreveu a dar uma encarada de desentendida. E depois todas riram.
Depois de tomar um café reforçado, formos trocar de roupa. Todas usavam biquínis totalmente customizados com a cor de cada. No meu caso, eu adorava a cor azul. E principalmente o vermelho. Mas por alguma razão, eu achava o vermelho muito bonito na Mell. Então usei o azul marinho que sempre amava usá-lo. Júlia usava preto. Ela ainda estava de luto pela a morte da avó. E claramente, Mariana adorava a cor roxa. E Alie usou um biquíni rosa.
Deitada e esparramada pela cadeira de sol, quase adormecia. Alie tacou alguns pingos de água sobre mim e quase soltei um palavrão, mas ela não tinha culpa. Porque teria? Julia e May estavam do lado, fazendo companhia. E Alie e Mell na água jogando vôlei.
— May, quando vai parar com esse desejo obsessivo por homens mais velhos? — Perguntou Julia. May soltou uma risadinha.
— Qual é Ian não é tão velho. — Disse ela.
— Ah claro, como se namorar o professor de biologia fosse normal. — Disse eu. Pude ouvir Julia soltar uma risadinha. O que me contagiou e sorri.
— Não é certo, May. — Disse Mell, segurando a bola com força.
— Não é certo você falar isso pra mim. E vermelho definitivamente não é a sua cor. — Disse May, Mell começou a rir.
— Ele tem quase 30 anos. Ele pode tirar vantagens. — Disse Alie, protetora.
— Vamos mudar de assunto? Ou eu vou embora. — Disse May por fim.
— Pessoas que não gostam de ouvir a verdade são assim. — Disse Julia colocando os óculos de sol de volta. May sentou-se e virou em minha direção.
— Tudo bem, posso te perguntar uma coisa, Liv?
— Tenho medo de você, Mariana. Mas, pergunte. — Disse eu, ela sorriu.
— Se você se apaixonasse por um criminoso...
— Ah, sério? — Resmungou Alie.
— Shh, garota-sonâmbula. — Disse May voltando-se a mim. — Se você se apaixonasse por um... Sei lá, um atirador... Um assassino! Isso. Se você se apaixonar-se por ele... Você ficaria com ele? Mesmo sabendo que é um assassino e que seu pai é da elite?
A pergunta circulou sobre meu cérebro. Tentando ter mínimos segundos ou minutos para obter a resposta. Mas eu obviamente sabia a questão da pergunta. Por mais que o amor de May e Ian fosse proibido, ela estava disposta a enfrentar. Porque mesmo eles sabendo do tal perigo, não se importariam. E sim estando juntos. Mas para essa pergunta, eu sabia a resposta: não daria certo.
— Não daria certo. — Disse eu. May recuou e Alie soltou um tipo de risada do tipo “não disse”.
— Mas se estivesse apaixonada por ele... Não lutaria pra ficarem juntos?
— Meu pai já teria matado ele sem menos eu piscar. — Disse eu erguendo os ombros. Ela revirou os olhos.
— Às vezes penso que você e Julia são muito... Controladas.
— O que quer dizer com isso? — Disse Julia.
— Ah, qual é Jujuba. Você fala de mim, mas é você que está interessado no colega novo de seu pai, o Joseph. E claramente você tem medo de deixá-lo chegar perto de você. Só pelo fato de ser amigo de seu pai. — Disse May. Eu concordava, mas não dizia em voz alta. Julia se calou.
— Isso é mentira. — Disse Julia na autodefesa.
— Ah, para de tentar ser a santa. Sabemos que há um animal selvagem dentro de você. — Disse Mariana dando um rosnado de um leão faminto.
— Eu acho que... Eu ficaria do lado do meu pai. — Disse Alie. — Quero dizer, ele é o meu pai, certo? Seria horrível ver sua menininha ficar contra ele.
— Eu discordo. Acho que nem pai, nem mãe ou familiar deveria interferir no amor da filha. — Disse Mariana empinando o nariz.
— Se você diz. — Disse Alie.
— May, eu entendo completamente o seu lado... Quero dizer, você é apaixonada pelo Ian, certo? E por mais que seja um “amor proibido” entre uma aluna e um professor... Bem, é errado em todas as hipóteses, mas... Vocês se amam. E vejo o quão ele te deixa feliz. — Disse eu. Mariana sorriu largamente e me abraçou.
— É disso que estou falando! — Disse ela me apertando.
— Tá, tá, tá bom, May... Mariana você está me sufocando!