CAPÍTULO NOVE

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A noite havia chegado. Estava adormecida e acordei... Presa. Estávamos no esconderijo. As luzes ofuscavam, mas consegui enxergar: uma garota. Meu Deus! Suas mãos estavam amarradas com correntes no alto da cabeça em uma madeira de 5 metros. Seus olhos estavam vendados, como sua boca calada por um grosso pano vermelho. Ela estava praticamente despida. Seus cabelos eram castanhos escuros, molhados com seu suor. Havia sinais de queimaduras da costela até a o centro da barriga. Suas pernas estavam mutiladas. Ela chorava e eu olhava a cena horrorizada.

                Eu não podia sair do lugar. Estava sentada na velha cadeira, punhos presos a ela e pernas igualmente. O que ele fez com ela? O que ele fará com essa pobre menina? Balanço as correntes, mas não obtenho sucesso. Estou desesperada e a menina chora mais alto ao ouvir o barulho. Ela está terrivelmente apavorada.

                Josh reaparece das sombras com uma calça jeans, tênis e uma blusa branca. As mangas da blusa são puxadas até o cotovelo. Ele está soado e segurando uma faca.

— Se lembra disso, querida? — Ele amostra a faca do outro dia. A garota se contorce pelo medo de sua voz. Ele aproxima até ela, passa a faca em suas pernas mutiladas, ela grita de dor. Ele afunda a faca e ela grita mais alto.

— PARE! — Eu grito. Ele para e sorri pra mim.

— Não diga isso, querida. Você que provocou a mim. — Ele dá três passos em minha direção. — Agora, toda vez que você fugir de mim, terá uma consequência. Seja ela desagradável ou não.

— Por que... Porque está fazendo isso com ela? Ela não tem nada haver com isso. — Digo desesperada.

— E perder sua cara de culpada? — Ele ri irônico. — Não querida. Eu estava louco de ansiedade pra ver essa carinha, não vou parar.

                Ele vai em direção à garota, abaixam os dois panos que cobrem seu rosto e boca e sorri pra mim ao notar que meu queixo cai ao notar que era...

Elizabeth? — Minha voz sai entrecortada ao olhar seu rosto desesperado.

— Liv? — Sua voz sai como um alívio de poder sair fora dessa.

                Ele toca em seu rosto molhado de suor e sorri.

— Não toque nela! — Grito. — Não toque nela, seu cretino!

                Ela volta a chorar baixo. Ele vem em minha direção, fica atrás de mim, e empurra a cadeira até ficar uns 6 metros de distancia de mim a Liz.

— Eu avisei que haveria consequências, minha querida Olivia. — Ele sussurra no meu ouvido. Eu pressiono os olhos ao sentir suas mínimas palavras queimarem sobre meu cabelo.

— Liv, o que está acontecendo? — Ela sussurra entre choros.

— Você não pode salvá-la. — Ele diz. — Você assinou o obituário dela. Ela merece morrer.

— Não! — Eu choro. — Mate a mim. Não ela.

— Você me desafiou, Olivia. — Ele volta de frente pra mim. — Eu prometo ser breve.

— Não... Não, por favor. — Imploro. — Pelo amor de Deus, Josh. Por favor!

                Ele tira as correntes e a deixa cair de joelhos no chão forrado por um tipo de painel preto, esparramado pelo chão; ela geme de dor e preocupação. Eu choro por misericórdia. Ali está a minha amiga, uma das minhas melhores amigas... E ela está prestes a morrer na minha frente. Senhor, contenha meu coração que dói e se contorce em meu peito de culpa. Eu choro mais alto quando ele larga a faca e pega a arma atrás das costas.

                Ele aponta pra sua cabeça. Eu balanço as correntes de meu pulso e tornozelos.

— Por favor! — Grito. Ela levanta o rosto para me olhar nos olhos. Eu desvio e olho pra Josh que está com a cara de sério, mas saboreando minha piedade. — Se você tem um coração, por favor, a deixe ir. Faço o que quiser.

                Ele sorri cético.

— Querida, você ainda não percebeu que eu não tenho um coração? — Ele diz retoricamente.

                Olho pra Liz novamente, seu rosto todo sujo pela maquiagem derretida. Seus olhos vermelhos de tanto chorar. Eu deixo uma lágrima cair ao sentir que seu fim está próximo. A cena passa em câmera lenta quando ela pisca, abre a boca, mas fecha os olhos depois de mínimos segundos ele atira.

— LIZ! — Grito.

                Morta.

                Meu Deus! Estou espantada. Estou derrotada. Cada parte de meu corpo preenche de ódio e raiva. Ele guarda a arma, empurra minha cadeira para trás quando vejo o sangue quase sair do painel. Eu estou agora de volta à mesma distância de antes. Desta vez, Liz está morta e era minha culpa.

                Ele pega em meu queixo, mas eu luto pela vontade de não olhar em seus olhos do demônio. Ele suspira sobre meus lábios, sinto seu hálito de menta e olho em seus olhos com raiva, ódio...

— Que cara é essa, doçura. — Ele sussurra. — Da próxima vez, você aprende a nunca me desafiar.

                Quando ele diz “nunca me desafiar”, lembro-me da cena ainda pouco. Uma bala no meio da cabeça da minha amiga. Pressiono os olhos com força pra conter o medo dele perto de mim, pressiono pra conter a mágoa de perder uma pessoa especial.

                Ele abre um longo sorriso e beija minha bochecha. Beija até chegar no meu ouvido e sussurrar:

— Você tem tantas mágoas, querida Olivia. — Ele sussurra ao acariciar algumas mexas do meu cabelo. — Eu sei que sua irmã Emma, está perdida. Seus pais não ligam pra você. Suas amigas são as únicas com quem você se simpatiza. Os garotos... Ah, são só diversão pra você.

                Ele ri. Eu tremo de nervosismo.

— Chega a ser patético, sabia? — Diz. — Patético como eles se entregam. Mas eu não poderia culpa-los. Sou homem, devo admitir: você me deixa de pau duro. Mas é algo que eu consigo controlar, eu sei me satisfazer sem precisar de você. Mas acredite querida, parte meu coração vê-la assim...

— Eu pensei que não tinha um. — Digo, friamente.

— E não tenho. — Diz, ele volta a olhar pra mim. — O que resulta em outra mentira. Foi maravilhoso ver sua cara. Eu riria, por que... Você fez o papel mais tosco que já vi. Sinto muito por sua perda, de verdade. Mas... Pelo menos uma pessoa a menos pra você se despedir.

                Ele tira as correntes, me puxa pelo braço até a sala.

— Pede pra Jenks limpar. Tem muito sangue lá dentro, fala pra ele limpar muito bem e jogar no litoral da Califórnia. — Ele diz para o armário.

— E que tal só carboniza-la? — Pergunta ao levantar uma sobrancelha. — Sem vestígios, sem corpo, sem trabalho pra leva-la e possivelmente encontra-la.

— Uhh, adorei seu plano, Big Bang. — Ele sorri. — Tudo bem, queime-a. Jogue as cinzas em qualquer lugar.

                Eu deixo cair lágrimas quando escuto seus diálogos. Estou de coração partido, minha amiga acaba de morrer na minha frente e eles falam em queimá-la? Não há medição de dor, não há quantia certa. Somente que a raiva estava chegando ate o topo da cabeça. Ele me joga no sofá, eu me sinto mais segura longe dele. Encolho-me e choro em silêncio até que a escuridão me envolva novamente. 

SWEET ♦ KILLEROnde histórias criam vida. Descubra agora