À noite ninguém estava em casa. Fui deixar Julia em casa e de lá permaneci por algumas horas. Enquanto estávamos conversando na varanda, sentadas nos degraus da entrada da casa, olhávamos as estrelas por ali. Julia sorriu, mas algo a incomodava.
— Liv, sobre o que a May disse sobre o Joseph... Acha que ela está certa? A verdade.
— Julia, você é uma garota incrível. Joseph só é três anos mais velho que você. Não seria um grande erro. Só... Tenta ser mais livre, ok? — Disse eu, ela balançou a cabeça.
— Eu ainda lembro-me do nosso primeiro beijo. — Disse ela sorrindo. — Os lábios dele tinha o sabor de morango. Lembro-me perfeitamente do que ele havia dito naquela noite.
— E o que ele disse?
— Quando eu voltar, pedirei ao seu pai para que me deixe namorá-la. E se ficarmos juntos por um bom e longo tempo, como eu planejo... Eu quero torna-la minha esposa. — Disse ela, sorrindo e mordendo os lábios ao sussurrar a palavra “esposa”.
— Uau! Eu serei madrinha, certo? — Perguntei em dúvida. Ela riu.
— Você é a primeira á saber. Era isso que eu queria dizer para vocês. Mas foi até bom eu não ter dito. Ninguém me entende como você, Olivia.
— E você é a única que entende quando estou mal. — Sorri.
— Nós crescemos juntas, Liv. Impossível eu não saber. — Disse ela me abraçando de lado.
— E é isso que nos mantem unidas, certo? — Disse eu, ela sorriu.
— Você ficará bem aqui sozinha? Quero dizer, eu irei fazer o intercâmbio. Alie e Mell irão ficar em Paris. Mariana vai para Cancun... Nossas redes são horríveis, mal nos falaremos.
— Ei, não se preocupe comigo, tá bom?
— Me preocupo porque você é a minha amiga. — Disse ela com a voz manhosa.
— Você estará em breve com o Joseph. Não venha choramingar por sua amiga. — Disse eu rindo. Ela me cutucou.
— Se eu te perder, eu morro. Nem mesmo se eu tiver o Joseph em casa. Ou na minha cama. — Disse ela com uma cara de safada e pensando sobre o assunto.
— Será que ele vai estar usando cueca branca na noite de núpcias? — Disse eu, ela mordeu os lábios contendo a vontade. — Já está imaginando não é, safada?
Ela balançou a cabeça e depois de meia hora, quando a lua interviu, eu fui diretamente para casa. Uma sensação de desconforto veio para cima de mim. Talvez fosse paranoia minha. Mas eu estava crente que alguém me vigiava. Eu olhava para todos os lados e nada havia além dos movimentos e o vento sobre as árvores.
Chegando em casa, com um silêncio permitido por ali, havia 3 mensagens na caixa de mensagem.
— Olivia, querida! Bom, eu recebi uma notícia e resolvi te contar, mas infelizmente seu celular estava desligado. Sua mãe acabou de dizer que terá de ficar por mais um tempo e que não há prévia de volta. E pelo que parece... Eu também. Talvez eu fique por aqui mais alguns meses. Depois da África iremos para o Japão. Então provavelmente ficarei por volta de seis meses... ou um ano. Filha, eu peço desculpas. Eu e sua mãe. Mas estaremos ocupados ajudando as pessoas, se é que me entende. Eu te amo, querida. Tchau.
Um ano? Meu Deus! Ainda bem que ele deixou o cartão de créditos. Por mais que fosse ruim, ficar longe dos dois seria uma oportunidade de aproveitar o que perdi minutos, horas e dias de minha vida em um campo treinando.