CAPÍTULO DOIS

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Quando o relógio marcou ás 20h30min, somente Julia e Mariana haviam chegado. Mas a festa iria começar somente as nove. As outras meninas eram pontuais. Menos Liz que dizia que chegar pelo menos meia hora depois do horário, deixa a entrada mais bonita e atenciosa. O que na minha humilde opinião era exagero. Julia e Mariana estavam sentadas nos bancos e apoiavam-se sobre o balcão a frente. Comendo a pipoca de manteiga que o cheiro era divino, Mariana começou a questionar:

— Então seus pais te deixaram sozinha e você só convidou a gente? — Disse ela, comendo uma porção da pipoca.

— Vocês são minhas melhores amigas. Não existe mais ninguém que eu queira convidar. — Disse eu, Julia fez uma careta, mas muito fofa. Eu apenas sorri.

— Bom, é muito legal de sua parte. E obrigada por nos convidar. Pode chamar sempre. — Disse Mariana, eu balancei a cabeça positivamente.

— Então, meninas. E os garotos? — Disse Julia com uma cara bastante maliciosa.

— Ah, sabe o Ian? — Disse Mariana, todas fizeram sim com a cabeça. — Ontem a gente fez. — Disse ela com uma voz fina e muito orgulhosa do que dissera.

— Uau! E como foi? — Perguntou Julia de imediato. Mariana saiu da cadeira, deu uma dancinha e sentou-se no banco novamente. Eu comecei a rir e apenas disse:

— É eu acho que foi bom o suficiente para ela dançar desse jeito. — Disse eu, rindo.

— Pelo amor de Deus, não faça mais essa dança, Mariana. — Disse Julia. Demos uma risada estridente ali na cozinha.

— Ele é atencioso. E além de tudo tem uma coisa que nenhum dos outros fez. — Disse ela.

— O que? — Disse eu e Julia fazendo um uníssono.

— Ele me deixou com um prazer da porra! — Disse ela comendo outra porção da pipoca. — Quero dizer, os outros eram bons, mas Ian... É o Ian!

— Quer dizer que é grande? — Perguntou Julia e nós caímos na gargalhada. Mariana olhou para Julia com cara de safada e fez “sim” com a cabeça. Foi o momento mais engraçado em que se pode imaginar.

— E você e o Connor, Liv? — Perguntou Mariana. Nossas risadas abafaram.

— Bem, ele vem aqui na maioria das horas do dia. Por sorte não estive hoje. E provavelmente ele veio aqui. Mas quando ele vem, só transo quando estou com vontade, então... — Disse eu, Mariana deu uma gargalhada.

— Connor é o moleque piranha. — Disse ela, eu tampei a boca para conter o riso. Assim, Julia se engasgou com a pipoca e Mariana deu uns tapinhas para a garota sobreviver do ataque de risos.

— Tenho uma notícia pra vocês. Eu... — A campainha tocou e Julia se calou no mesmo instante. Eu fui em direção da porta e abri. E lá estava: ninguém.

— Quem é? — Perguntou Mariana a distancia. Eu olhei ao redor e nada.

— Eu não sei, acho que foi engano...

— Bu! — Gritou Mell e Ali. Eu soltei um grito enorme e me calei ao fechar a boca com as mãos.

— Vocês são malucas?! Eu quase tive um infarto! — Disse eu colocando as mãos no peito.

— Você é tão exagerada, Olivia Blake. — Disse Mell dando beijos em minhas bochechas avermelhadas.

— Trouxemos aquele filme que você adora Liv. — Disse Ali ao sacodir sua bolsa com prováveis filmes de diversos gêneros.

— Sexta feira, 13? — Gritei em seguida.

— Não, garota! Diário de uma paixão! — Disse Alie com um sorrisinho.

— Oh. Eba! Mas quero ver o Jason... — Disse eu ao caminhar com as meninas para a cozinha. Todas se cumprimentaram e eu terminei de fazer o brigadeiro.

— Liv, às vezes eu me pergunto quando você vai parar com essa cisma de facas e facões. — Disse Mariana. Meu olhar guiou-se até Julia e Mell.

— Ela sempre gostou do Jason. — Desconversou Mellody.

— Eu gosto de romance.

— Ai meu Deus. Diz que esse bolo, esse brigadeiro estão prontos? E que tem mais pipoca? — Perguntou Mariana. Julia foi até o lugar de costume e fez mais algumas porções de pipoca. E eu tirei o bolo de cenoura do forno e o coloquei em algum recipiente que encaixe a forma redonda. Depois de terminar a cobertura, eu pedi que ficassem a vontade e que fossem ver o filme. Julia ficou e me encarou enquanto eu terminava de cobrir o bolo com a cobertura de brigadeiro.

— Como você está? — Perguntou ela após um longo caminho de silêncio.

— Eu? Estou ótima.

— Sim, sei. — Disse ela com dúvida. — Como você está Liv? De verdade.

— Ah, eu estou bem fisicamente. Mas eu ainda me sinto sozinha nessa casa.

— É impossível não estar. — Disse ela dando uma olhada em volta do casarão. Eu sorri e afirmei que estava bem. Ela fingiu acreditar e foi para a sala.

                Todas estavam concentradas e observando a tela da tevê. Todas pareciam babar pelo personagem de Noah, estava se tornando algo monótono ver que ambas sussurravam e suspiravam por qualquer hora e qualquer momento em que Noah e Ally se beijavam. Era fofo e ao mesmo tempo inquietante. Afinal, eu estava me sentindo sozinha e nem mesmo minhas amigas entenderiam o por que. Alie diria que eu precisava de cultura, filmes e livros. Mell diria apenas pra ficar tranquila. E Julia diria que estava sendo boba e aproveitar aos momentos com as amigas. Já Mariana, bem, ela diria que eu precisava de um parceiro. Uma boa noite de prazer. E era isso que eu gostava de Mariana, ela não tinha medo de dizer “ei, Liv, pare de ser chata e coloque seu corpo em prática”. Era o tipo de coisa que eu diria “ela está mais do que certa”. E estava com toda a certeza. Eu estava com os hormônios ao extremo. Necessitando de algum prazer interno. E vendo a cena de Noah com Ally em seu “ninho do amor”, me fez ter uma sensação de desconforto. Mas satisfatório.

Depois de todas acabarem em seus sacos de dormir, eu fiquei acordada e fitando o teto emoldurado de dourado. Minha mãe era muito boa na decoração e eu diria exagerada em certas circunstâncias. Quero dizer, garotas normais não tem uma Jacuzzi no closet. Uma tela plana e 500 canais em HD. Era surreal a decoração. De invejar qualquer adolescente normal, mas não era normal. Entende?

— Liv? — Murmurou Alie, sonâmbula. — Ele está vindo.

— Shh, volte a dormir.

— Ele vem pra te pegar. — Murmurou um pouco mais alto.

— Ele? Ele quem, Alie? — Perguntei desentendida.

— Ele está vindo. — Murmurou mais uma vez. — Ele está... — A garota mal terminou de dizer até acabar adormecendo com as palavras na boca.

Dalí, eu queria não acreditar em esses tipos de aviso. Principalmente quando Alie via “Diário de uma paixão”. Ela acreditava que quando o amor nasce dentro da gente, ele prevalece. O que eu discordaria. Mas Alie tinha um jeito doce que você conseguia acreditar, ou fingia acreditar para não desapontá-la. A garota era uma das minhas melhores amigas, estava sonâmbula e dizia algo que era pra mim. Mas, ele? Ele quem, Deus?

SWEET ♦ KILLEROnde histórias criam vida. Descubra agora