Passados mais alguns dias, Josh tem me mantido ocupada com organizações de Elle. E eu estava feliz por conseguir mais tempo com a pequena. Ela me fazia rir de suas histórias e eu sorria ao ouvir seus sonhos. Mesmo tendo alguns sombrios. Ela estava feliz comigo, feliz em estar comigo. Talvez isso seja ótimo, na verdade, me apeguei tanto a ela... Que me fez lembrar de Emma. Como ela era a mais velha, ela me ajudava a fazer os deveres, me levava pra sair e normalmente ríamos de coisas hilárias e bizarras. Éramos uma dupla perfeita, uma perfeita companhia para alguém triste.
Eu sentia sua falta, falta de conversar com ela... Falta de estar com ela.
— Olivia. — Josh chama na sala. — O que está fazendo?
Logo noto que estou limpando o mesmo prato há... 20 minutos. Balanço a cabeça de leve e suspiro. Josh vem para perto de mim, tira o prato de minhas mãos e logo sinto algumas lágrimas cair sobre meu rosto. Estou chorando, mas não sabia exatamente o porque...
— Ei, o que houve? — Ele sussurra ao limpar algumas lágrimas.
— Ela está morta. Emma. Ela... Eu nunca mais vou poder ver minha irmã... — Digo assustada demais para notar que Josh está calado.
Ele me abraça de lado, e me arrasta até o sofá. Ele me deita e me cobre. Estou derretendo sobre a maciez do lençol que me aquece.
— Porque você não me mata logo, Josh? — Sussurro olhando pra lareira que queima a madeira.
Ele não responde de imediato, ele está em pé. Talvez nervoso com minha pergunta, ele está andando pra lá e pra cá, devagar. Mas escuto seus sapatos bater na madeira do chão. Duas lágrimas caem e ele não responde.
— Só estou esperando a hora certa. — Ele diz.
Eu olho confusa e depois suspiro.
— Eu sinto muito... Se meu pai fez algo ou tirou alguém de você. — Digo. — Ele é um homem bipolar, sempre exigiu de mim e Emma. Eu só aguentei toda a dor calada.
— Você fica calada e toda a sua raiva se esvai nas lutas.
— Sim... — Sussurro. — É mais fácil eu rasgar um boneco do que sustentar a dor de ter matado alguém inocente.
— Você tem uma habilidade com as facas que muitos queriam. — Ele diz.
— Facas são diversões pra mim, Josh. — Sorrio fraco. — Eu só queria uma vida normal, onde esse segredo de você conseguir matar alguém não existisse.
— É um dom, Olivia. — Ele diz.
— Um dom? Matar pessoas? — Pergunto indignada. — Eu poderia acertar uma faca na sua clavícula, você sangraria por uns 2 minutos até perder bastante sangue e instantaneamente você morreria.
— Isso é incrível... — Escuto Josh sussurrar.
— Isso é horrível, Josh! — Digo. — Eu não quero ser uma assassina.
Sento-me no sofá e cubro meus pés gélidos.
— Olivia, se alguém viesse atrás de você... Pra te matar... Você deixaria eles te matar porque você não quer matar ninguém? Ou lutaria para viver?
— Eu lutaria. — Sussurro. — Eu... Eu não sei.
— Claro que sabe! Eu lutaria pela minha sobrevivência. Tenho uma lista de coisas que quero fazer, doçura. — Ele sorri.
— O que tem nela? — Pergunto.
— Ir para Carolina do Norte. — Ele diz sem olhar pra mim. — Morar de frente pra praia, com um filho e esposa quem sabe.
— Você não parece querer ter filhos ou esposa. — Digo rindo de leve.
— E porque não? — Ele pergunta.
— Você não tem cara de que consegue amar alguém. — Respondo. Ele levanta as sobrancelhas, surpreso.
— Uau. Essa partiu o meu coração. — Ele diz.
Eu sorrio fraco e me levanto. Dou uns passos até ele e logo estou encarando seus olhos negros. Olho seus lábios perfeitamente esculpidos e depois para o seu olhar no meu e sussurro:
— Porque partiria algo que você não tem? — Pergunto. Então ele franze as sobrancelhas notando que eu o peguei de jeito.
Dou meia volta e volto à cozinha, onde posso sentir o aroma do café e não do seu perfume que me sensualiza.