Enquanto terminei de me arrumar, desci as escadas silenciosamente e vi novamente Olivia deitada do mesmo jeito que a vi. Eu poderia admirá-la, mas ela poderia acordar a qualquer momento. E eu não quero que isso aconteça.
Caminho até a cafeteira, faço um café puro e suspiro ao sentir o cheiro delicioso pela manhã. Assim que está pronto, pego uma xícara e coloco um pouco. Beberico um pouco do café enquanto... Observo-a adormecida em meu sofá. Respiro fundo, deixo a xícara de lado, encosto no balcão e a observo... Pare, é o que quero. Pego meu celular, digito os números e segundos depois alguém atende.
— Bang? Hoje eu não vou precisar de seus serviços, cara. — Sussurro ao telefone. — Eu... Vou ver se arranco algo dela. Eu sei que ele está na África. Olha, Big Bang eu não preciso te dar satisfações. Eu só não vou precisar, tchau. — Desligo o telefone.
Deixo o celular de lado e vejo que Olivia está acordando. Dou um passo pra frente para vê-la, ela está se espreguiçando, ela se senta, me vê e... Sorri.
— Ei. — Ela diz.
— Bom dia, Bela Adormecida. — Sorrio.
— Bom dia... — Ela resmunga.
— Hmmm... Eu peguei alguns pães no Sr. Lufey, caso esteja com fome...
— Quem é o Sr. Lufey? — Ela pergunta e ri de leve. Eu dou um sorriso maroto e suspiro.
— É... O padeiro. — Rio de leve. — Vem, você está morrendo de fome.
— Você estava bêbado, noite passada ou essa madrugada? — Ela sorri.
Como? Ela estava dormindo! Ou eu estava bêbado demais pra não notar?
— Eu... Fiquei bêbado. — Digo baixo. — Venha, antes que eu te bata.
Ela cruza os braços e finge uma cara feia. Eu rio fraco e ela diz:
— Você não vai me bater, Josh. — Ela diz levantando uma sobrancelha.
— Oh, eu vou se não vir comer. — Digo. — Anda, o pão está fresco.
Ela foi quase que relutante, mas se levantou. Deixou a coberta de lado, e caminhou cambaleando até a mesa. Ela sentou na cadeira, pegou um pão e até o requeijão que havia ali. Ela passou mais requeijão do que colocou queijo e presunto. Essa garota sabia comer!
— Você está encarando muito o meu pão, o que foi? Gostou dele? Eu não vou te dar um pedaço, pode esquecer! — Ela diz com um tom brincalhão.
— Se você falar mais uma palavra, vou pegar esse pão e comê-lo todo! — Aviso.
Ela se levanta rapidamente.
— Você não vai pegar. — Ela diz em tom baixo. Dá uma mordida enorme e mastiga.
— Me dê esse pão, Olivia. — Digo.
— Não.
— Olivia...
— Não! — Ela diz.
Eu sorrio travesso e com um movimento, estamos correndo. Ela dá gritinhos e risadas enquanto vejo um pouco de requeijão em sua boca. Como eu quero beijá-la... Como eu quero saber esse requeijão e sentir seu gosto, como eu quero... Nua.
Ela pula pelo sofá e de volta pra cozinha, ela tenta correr para desviar, mas eu a seguro pela cintura. Puxo-a pra perto.
— Ah, que se dane. — Sussurro.
Pego o pão de sua mão, jogo no chão e a beijo. Seus lábios são macios, são os melhores que já provei. Ela não para e eu estou feliz por isso. Eu seguro seu rosto com as mãos, ela passeia com a língua na minha. Estou... Senhor, o que está acontecendo comigo? Porque meu coração diz que estou no lugar certo? Porque...
A campainha toca.
Paramos e nos encaramos. Ela morde os lábios e eu respiro fundo, com raiva até a porta. Destranco e vejo pelo canto do olho que ela esta imobilizada. Eu abro a porta com força e vejo uma garotinha loira, olhos azuis...
— Oi... Elle. — Sussurro.
— Nossa, Josh... É assim que recebe sua irmãzinha? — Ela sorri.
— Oh... Esperava você só amanhã. — Digo ao vê-la entrar.
— Sim, só vim pegar mais roupas. Aliás, vou ficar essa semana na Lauren. Ela comprou um gatinho novo e vamos ao zoológico. — Diz ela animada. — Oi, Liv!
— Pra quê ir ao zoológico se tem o seu próprio irmão? — Olivia ironiza.
— É verdade. — Elle ri.
Ela sobe e menos de 10 minutos desce. Ela sorri pra mim e eu tento buscar o maior sorriso de que nada havia acontecido. Eu quero mais... Droga! Elle sai pela porta e eu a tranco novamente. Estamos parados, petrificados com um olhar do outro. Eu tento achar alguma palavra de minha garganta, mas não há nada. Seus olhos olham para a minha boca e eu olho pra ela. Eu tenho que fazer isso. Eu preciso.
Eu aproximo, ela dá um passo pra trás.
— Olivia, eu...
— Porque você me beijou? — Sua voz é como um sussurro, mas eu não sei como dizer as palavras.
— Eu... Não sei. Eu só... Beijei. — Gaguejo. — Você não parou também.
— Eu... Eu estava presa em suas mãos!
— Estava nada! Você também quis. Não sou só eu aqui que sente essa... — Coço a garganta. Coisa.
— Nós não temos a “coisa”, Josh. Nós não temos nada!
— Certo, então, fica aí e fingimos que nada aconteceu. — Digo ao vê-la pegar o pão e jogar no lixo.
— Não foi nada mesmo. — Diz ela.
Respiro fundo, ando em direção as escadas, balanço a cabeça e volto para o quarto para ter uma oportunidade de pegar no sono e quem sabe, dormir até amanhã. Quem sabe não seja um dia melhor.