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- Suga. - a minha voz saiu arrastada, assim que abri a porta do camarim e encarei as costas do rapaz.

Encontrava-se sentado num pequeno sofá castanho escuro, de costas para a porta, baixando a sua cabeça, colocando-a entre as suas mãos assim que ouviu a minha voz, tentando abafar os soluços involuntários que emitia.

Aproximei-me dele, cuidado em cada passo que dava, como se de uma criança se tratasse e coloquei-me a sua frente, ajoelhada, tentando ver o que ele tanto escondia, o seu rosto e as emoções que transmitiam, emoções essas que este sempre escondia de todos.

- Suga. - sussurrei novamente, levando a minha mão ao seu rosto, tapado pelas suas, acariciando os seus dedos, vendo-o entregar-se mais às emoções que o sufocavam.

Ele nada disse, chorando e soluçando cada vez mais, fazendo os meus olhos encherem-se de lágrimas ao ve-lo despedaçado sem razão aparente para mim.

Não segurei o impulso de o abraçar, sentindo-o encaixar o seu rosto, agora livre das suas mãos, no meu pescoço, emaranhando os seus dedos no meu cabelo, apertando-me carinhosa e necessitadamente , como se, por medo de algum segundo seguinte, eu o deixasse ali, sozinho.

- Desculpa. - sussurrou contra o meu pescoço, fazendo-me sentir a sua respiração quente e as suas lágrimas escorrerem pelo meu pescoço.

- De que? - questionei-o, apertada de dor por o ver assim, acariciando o seu cabelo.

- Eu não sei como reagir, não sei como fazer as coisas certas. - senti-o morder o seu lábio inferior, procurando ar entre os seus soluços cada vez menos espaçados. - Eu não quero magoar-te.

- Suga, porque me magoarias? - tentei afastar o seu rosto do meu pescoço, podendo encara-lo, o que o fez agarrar os meus pulsos, em necessidade.

- Aquela música - parou encarando o meu rosto, procurando talvez alguma resposta sem qualquer pergunta, e eu acenti, sabendo de qual ele estaria a falar, vendo-o baixar o seu olhar para as minhas mãos. - Eu escrevi-a... É o que sinto...

O meu corpo petrificou, talvez com receio da continuação da sua frase, com medo de que sentimento ele pudesse ter sentido quando a escreveu, ou pior, para quem ele a tinha escrito.

A conversa com Rika e Sora preenchia o meu pensamento. Talvez Suga tenha tido alguém importante, alguém que ele não quisesse que o deixasse, alguém que o preenchesse, talvez fosse por isso que ele se desculpava, talvez fosse por isso que ele dizia que não me queria magoar.

Baixei o meu olhar, vendo que, involuntariamente, tinha fechado a minhas mãos em punho.

- És tu. - respondeu-me fraco, fazendo-me encara-lo e ver medo no seu olhar. - Eu não quero que te afastes, não quero que me deixes... - suspirou pesado, procurando as melhores palavras para o que diria a seguir, colocando as suas mãos sobre o meu rosto, limpando lágrimas que caiam sem que eu me tivesse dado conta. - Eu gosto de ti Sakura. - um pequeno sorriso preencheu os seus lábios.

Arregalei os meus olhos surpresa, não sabendo como reagir a tal situação. Não só eu gostava daquele rapaz, ali na minha frente, frágil e indefeso como nunca antes o tinha visto, como ele sentia o mesmo por mim.

- Mas eu não sei ser um namorado. - acariciou o meu rosto, absorvendo cada emoção que este transmitia. - Eu não sou carinhoso como o Kookie, não sou alegre como o Hope, não sou compreensivo como o Namjoon, não sou atencioso como o Jin nem confiante como o Jimin.

- No entanto eu fui apaixonar-me pelo frio e sem filtros Suga. - disse sorrindo entre lágrimas, vendo-o encarar-me confuso.

- Tu mereces alguém como eles.

- Eu mereço alguém que goste de mim e que eu goste. Eu apaixonei-me por ti, não por outro rapaz.

- Mesmo que eu te fizesse sofrer?

- Sofreremos juntos. Provalvemente magoar-me-as assim como eu te magoarei, mas também podemos ser felizes juntos, criar bons momentos, boas recordações.

Os olhos de Suga brilhavam, não das lagrimas que neles continham, mas sim de esperança que neles se formavam.

- Posso fazer-te uma pergunta?

Would You Love Me? [SG BTS]Onde histórias criam vida. Descubra agora