Hey! Mais um capítulo, talvez eu consiga continuar atualizando ela rápido.
Onze meses depois...
Chego da escola de dança — qual sou dono — e encontro a casa em um completo silêncio e penumbra, que não me deixa enxergar nem se quer a mesinha do hall, onde sempre deixo minhas chaves. Procuro pelo interruptor e acendo a luz, conseguindo caminhar por parte da casa. Checo na sala e cozinha, não tendo sinal algum do meu marido, subo as escadas com lentidão e presumindo que Louis esteja em nosso quarto. Caminho devagar no corredor do segundo andar. O cansaço já recai sobre meu corpo. Dando alguns toques e não recebendo respostas, entro e encontro o quarto vazio. Apenas então me recordo que após todos os acontecimentos, Louis tem passado grande parte do dia ou na floricultura que é dono, ou na estufa que temos em nosso quintal.
Ando pelo caminho de pedras — entre as flores — até a estufa de vidro, sendo capaz de enxergar Louis em seu interior. Empurro a porta de vidro e a música soando no lugar enche meus ouvidos. Muito tempo não o via assim.
— When I close my eyes I hear you singing
(Quando eu fecho meus olhos, eu escuto você cantando)
Singing me a song that I'll forget
(Você está me cantando uma canção que eu vou esquecer)
I always forget
(Eu sempre esqueço)
A voz doce de Louis junto com o pequeno rádio ao seu lado faz uma linda sintonia, que não quero interromper tão cedo. Apenas entro na estufa e me sento em um dos banquinhos de madeira, continuando a ouvir sua cantoria distraída. Ele se mantém em silêncio por um tempo, deixando apenas o cantor e depois continua.
— It was so clear but now it's gone
(Suas palavras tão claras, mas agora se foi)
I couldn't keep my eyelids shut
(Eu não conseguia manter meus olhos fechados)
Why can't you stay?
(Por que você não pode ficar?)
Stay, stay
(Ficar, ficar)
If only I could dream we could start again
(Se eu pudesse sonhar poderíamos começar de novo)
Deixa apenas o rádio tocando e se vira para mim com um buquê de flores em mãos, levando um pequeno susto ao me encontrar ali. Levanto-me do banquinho que estou e caminho até ele, depositando um beijo casto em seu pescoço e acolhendo-o em um abraço de saudade e carinho.
— Pensei que chegaria mais tarde. — sorri contido e põe o buquê que está em sua mão sobre a mesa para segurar meus cachos com calma e depositar um beijo em meus lábios. — Nem cheguei a começar a fazer algo para comermos.
Volta a falar enquanto se afasta um pouco de mim para abaixar um pouco o volume do rádio.
— Sim, eu iria chegar um pouco tarde, mas não gosto de ficar na escola sozinho. — pego uma flor de pétalas rosa. O cheiro doce da flor delicada me deixa inebriado e eu prendo em meus cachos. — Para aonde irão essas flores? — pego uma coroa de flores brancas antes que Louis pegue-a e ponho com delicadeza sobre seus cabelos.
O contraste das flores brancas com seus olhos azuis faz suas safiras se tornarem mais escuras e densas.
— Elas serão para um casamento, virão buscar amanhã de manhã. — ele ajeita a coroa em sua cabeça e sorri genuíno para mim. — Pena que não posso ficar com ela. — refere-se à coroa de flores antes de formar um bico nos lábios e tira-la de seus cabelos, pondo junto às outras. — Vou por todos na geladeira. Quando eu retornar, você me ajuda com o jantar?
— Claro, vou apenas tomar um banho. — acaricio suas maçãs do rosto e depósito um beijo em sua testa antes de sair.
Subo as escadas com que dão no corredor do segundo andar com lentidão e ao chegar a meu quarto vou direto para o closet separar uma roupa. Estranho o local no segundo seguinte em que adentro.
O closet está revirado e bagunçado, de uma forma que sei que meu marido não deixaria e, além disso, há uma caixa de tamanho médio perto das roupas do mesmo.
Tiro os sapatos que apertam meus pés e me sento perto da caixa, a reconhecendo após um tempo. Crispo meus lábios ao ver que Louis andou mexendo nela e a destampo, tendo o cheiro doce de bebê tomando todo o closet.
A primeira roupa que avisto é um pequeno vestido branco com alguns babadinhos; Louis desejava que nosso bebê saísse do hospital com aquelas vestimentas, não esperou muito antes de comprar a pequena roupinha na primeira oportunidade. Naquele dia de noite Louis deitou em nossa cama e deixou com que eu conversasse por alguns minutos com Emily, foi quando recebi pela primeira vez um chute seu. Primeira e única.
Somente dou conta do meu choro quando um soluço involuntário escapa. Cheiro a roupinha e a devolvo à caixa, vendo vários outros objetos do bebê ali dentro. Enxugo minhas lágrimas antes que acabe pegando as outras coisinhas e, sem escolher minhas roupas, vou para o banheiro.
Muitas vezes tentei convencer meu marido a doar essas roupas e pequenos brinquedos que havíamos comprado. Sei que a dor é grande quando temos que nos desfazer de parte dessa lembrança, mas que é ainda maior quando temos que encontra-las todos os dias.
Termino o banho mais uma vez com o plano de fazê-lo doar essas roupinhas.
Essas roupas são muito mais úteis em uma criança do que guardadas em uma caixa.
Adentro a cozinha e me arrependo de ter vindo descalço, o chão está gelado e meu corpo já vem dando sinais de gripe.
Louis está agachado no canto da cozinha enquanto põe comida para Charlie, um pequeno filhote de Golden Retriever adotado mês passado.
— Baby, andou mexendo na caixa de roupinhas? — somente em ouvir minha voz o questionando, Louis se levanta e paralisa em seu lugar. — Não seria melhor doar? Seria melhor para nós dois, Louis. — caminho até ele e o seguro pelos ombros com carinho e cuidado, acariciando sua pele nua.
— Eu não consigo. — com um fio de voz, ele sussurra como se estivesse com medo da minha reação. — Meu maior sonho é ter um filho, te dar um filho. — para minha surpresa ele se encolhe e se aconchega em meu peito, escondendo o rosto em minha camisa.
— Contudo, amor, olhar aquelas roupinhas nunca irá te fazer bem. —Precisamos seguir em frente, querido. — abraço-o quando seu corpo dá os primeiros tremores, por culpa dos soluços do choro.
— Não consigo seguir em frente sabendo que sou um inútil que nunca poderá te dar um filho, Harry. — consegue completar a frase após ser interrompido algumas vezes pelo choro.
— Amor, não precisa vir daqui... — toco em sua barriga com receio. — ... Para ser nosso, para podermos amar. — vou dizendo com lentidão, pondo a ideia que eu vinha pensando há algum tempo, em prática.
Louis levanta o rosto de entre minha camisa e seus olhos procuram pelos meus. Os azuis mais lindos que já vi, mesmo cristalinos pelo recente choro, estão inseguros e amedrontados.
— Você quer adotar? — puxa o ar com força para os pulmões e enxuga as lágrimas geladas no seu rosto, esperando por uma resposta minha.
— Eu quero, se você quiser. — toco seu rosto e acaricio suas maçãs coradas.
— Você acha que estamos preparados?
— Nunca iremos saber se não tentarmos. — ele assente receoso e suspira. — E tenho quase certeza que nunca estamos prontos para uma experiência assim, pois ela é única.
— Apenas... Apenas posso pensar um pouco? — afasta-se do meu corpo e pega Charlie em seu colo. — Vou levar ele lá fora um pouco. — sussurra e pega a chave no suporte ao lado da porta, saindo por ela após destranca-la.
No primeiro momento penso em ir junto dele, mas decido que é melhor ele pensar um pouco sozinho e então o deixo ir.
Única coisa que tenho para dizer: estou com fome e sono, alguém me adota?
Bjss 💚💙
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Our Little Angel ▪ L.S. [Mpreg] [EM CORREÇÃO]
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