• Two •

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Hey! I'm back bitch

Viro a plaquinha de Open e a transformo em Closed antes de sair e trancar a porta da floricultura em que sou dono. Examino toda a frente do pequeno estabelecimento e começo a caminhar devagar pela rua, a caminho de casa.

O tempo está nublado, não frio, apenas nublado, então essa é uma ótima oportunidade para tirar um tempo para andar devagar pelas ruas calmas por conta do horário e me questionar se estou pronto para adotar uma criança, se estou pronto para passar por todas as etapas que isso trás consigo.

Em nenhum momento quando mais novo eu cheguei a pensar que essa seria a única forma para que eu me tornasse pai e que pudesse dar essa chance ao meu marido. Sempre sonhei comigo com a barriga crescendo a cada dia, tendo desejos inexplicáveis e deixando Harry maluco. Porém, nos últimos anos percebi que não seria assim, nem sempre o destino é como nós planejamos, contudo, se sou capaz de adotar uma criança para poder lhe dar o amor e o carinho que ele ainda não tive, porque não faria? Está no momento de começar a seguir em frente.

Mesmo que seja complicado deixar uma parte do meu sonho de lado, eu sei que estou fazendo o certo.

Paro em frente a minha casa e destranco pequeno portão branco de madeira, adentro o quintal um pouco extenso e ando sem pressa até a frente da casa, surpreendendo-me quando chego próximo as escadas e avisto Harry sentado nos primeiros degraus. Não é comum ele estar em casa tão cedo.

— Aconteceu algo? — tiro uma alça da mochila que carrego em minhas costas e Harry espirra, me assustando. — Saúde, Love. — acaricio seus cabelos tirando-os da sua testa.

— Esqueci as chaves na escola. — funga e coça o nariz, que percebo estar vermelho de tanto que ele já deve ter feito essa ação. — Não estava me sentindo muito bem, acho que aquela chuva que tomamos voltando da casa de sua mãe não me fez bem. — tosse e forma uma careta desagradável em sua face. — Aí, minha garganta. — acaricia a garganta e me olha com os olhos pequenos.

— Vamos entrar, vou ver o que posso fazer por você, senhor Não posso pegar nem uma chuvinha. — subo as escadas enquanto pego o molho de chaves em meu bolso para destrancar a porta.

Harry encosta a testa em meu ombro e reclama sobre seu corpo estar doendo demais para ele estar de pé, apressando-me para abrir passagem para ele. Destranco a porta e deixo meu marido passar, assisto-o passar pelo hall com lentidão e adentrar a sala, sigo atrás dele e o encontro deitando no sofá.

— Vou tomar um banho rápido e já desço para fazer um chá ou algo para você, tudo bem? — abaixo-me em sua frente. Tiro alguns fios de cabelo que caem em seus olhos e os entro em um verde quase água.

— Vou com você. — resmunga, contudo, não faz movimento algum para se levantar.

Checo se ele está com febre e constato que não.

— É melhor você ficar aqui me esperando. — levanto e começo a me afastar, mas logo ouço um barulho no sofá e então em segundos tenho a presença do meu cacheado em minhas costas.

Adentro nosso quarto e vou direto às janelas de vidro que tomam toda uma parede, fecho os vidros e as cortinas para, então, ligar o aquecedor no canto do quarto. Procuro por Harry, encontrando-o sentado na cama a retirar seus sapatos sociais com manha e espirrando algumas vezes.

Adentro o closet e a primeira coisa que vejo é a caixa que para mim já se tornou uma caixa de lembranças, lembranças dolorosas de sonhos não realizados que foram frustrados. Toco a tampa da caixa, sendo tentado a abrir novamente, como tenho feito em muitos dias desde os acontecidos.

Na primeira vez que eu perdi nosso bebê, eu fiquei devastado, mas ainda tinha esperança de que aquilo não se repetiria e que na próxima eu iria conseguir, então o tempo foi passando e fui acordando para a realidade, a realidade era que eu nunca iria conseguir e foi então que eu desisti, mas aí veio a nossa Emilly. Os médicos diziam que a gravidez era de risco e eu e Hazz já não tínhamos mais esperanças, então eu completei três meses, quatro, cinco, seis. Faltava tão pouco. Nós havíamos montado quase todo o quartinho, já a imaginávamos correndo para o nosso quarto em noites de tempestade e Harry dizia que quando ela fosse adolescente ele iria tranca-la no quarto e ela só sairia quando tivesse com cinquenta anos, mas, então, de um momento a outro eu estava novamente em uma cama de hospital, recebendo a notícia de que todas essas coisas não iriam acontecer, que eu não a teria em meus braços. Ainda lembro-me dela se mexendo aqui em meu ventre.

Empurro a caixa para o final do closet e afasto as lembranças, não querendo chorar agora.

Pego uma calça moletom bem quente para Harry e uma camisa de manga, para mim pego apenas uma camisa grande dele e um par de meias. Saio do closet e deixo as roupas sobre a cama, ao lado de Harry. Tiro minha roupa no quarto, do mesmo modo que meu marido fez, e sigo para o banheiro com ele.

Tomamos um banho lento e enquanto eu tiro os últimos resquícios de shampoo dos meus cabelos, Harry se seca do lado de fora, então decido tocar no assunto.

— H? — passo a mão pelo vidro embaçado do box e encontro Harry me olhando cansado. — Na hora de dormir podemos conversar? Quero falar sobre algo com você. — percebo que ao ouvir minha frase até o final ele se torna apreensivo e assente com lentidão.

Ele tem medo que eu esteja grávido de novo.

Saio do box e me enrolo na toalha, indo até o quarto onde Harry está deitado e encolhido na cama. Pego a camisa, visto por cima da toalha e me sento na cama para por a meia, mas sinto a cama se mover e logo Harry está sentado do meu lado, tomando toda a minha atenção, fazendo-me deixar as meias de lado.

— Lou, me diz o que quer me contar. Eu... Apenas diga, por favor. — joga seus cabelos secos, por eu não ter o deixado lavar, para trás e espirra mais uma vez. Com sua voz, eu não ouço apenas seu pedido, ouço também o medo, a insegurança e o desespero de apenas imaginar o que quero contar.

— Eu aceito. — dou uma pausa, pensando se é realmente isso que quero. — Aceito adotar. Eu... Eu quero ser pai e sei que tem crianças por aí que querem ter um pai, então por que não dar a uma delas dois de vez? — minhas mãos tremem de nervosismo e eu tento me distrair com algo enquanto lhe conto minha decisão, mas no final eu não consigo e acabo procurando por seus olhos, encontrando-os com um brilho de alegria que eu não encontro já faz um tempo.

— Então... Nós vamos mesmo adotar, você quer isso?

— Quero, quero e quero muito. — a cada "quero" que pronuncio a certeza se concretiza em meu interior, deixando-me ter um pouco de alegria.

— Eu... — se levanta da cama e vai até a mochila que ele leva para o trabalho. —... Peguei esse folheto no hospital enquanto você não acordava. — trás um folheto com o nome "Edem" escrito em sua frente e uma grande casa como foto. Senta-se ao meu lado e eu me levanto, sentando em uma das suas coxas para poder olhar junto dele o folheto. — Poderíamos dar uma olhada lá segunda feira.

— Por mim seria ótimo. — deito minha cabeça em seu ombro e depósito um beijo em seu pescoço. — Podemos arrumar o quarto de hóspedes para ele ou ela, certo? Mas seria melhor quando a criança já estivesse conosco, pois ela poderia dar opinião também.

— Hey, hey, hey, calma aí, vamos devagar, tudo bem? — sinto o peito de Harry se mexer enquanto ele ri e eu fecho os olhos ouvindo sua risada um tanto escandalosa, mesmo quando contida. — O que vamos é por um filme, eu vou tomar um remédio para essa gripe e você aceitará minha ajuda para fazermos algo para comer. Amanhã pensamos sobre o que iremos fazer. — deposita um beijo em minha têmpora e depois meus lábios. — Agora ponha as meias, já basta eu doente aqui. — bate em minha coxa quando levanto do seu colo.

Dentro de mim, em algum lugar, uma página se virou, mas mesmo quando você vira uma página você não se esquecer do que leu na anterior. Porém, espero estar vivendo novos ares com essa escolha, espero que seja bom para nós.

AAAAAAAAHHHHHH TÔ ANSIOSA QUE TENHO VONTADE DE POSTAR TUDO DE UMA VEZ.

Bjss 💙💚

Our Little Angel ▪ L.S. [Mpreg] [EM CORREÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora