• Ten •

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Esse capítulo é bem pequeno, mas muito importante para dar continuidade na fic.

Ferida emocional.

Nessas últimas duas semanas, junto à psicóloga que tem me acompanhado, aprendi que ferida emocional é o que tenho. Aprendi que a dor está lá e não posso fazer nada para que isso mude, ela sempre vai estar ali como uma lembrança do que aconteceu, mas se eu continuar tentando me proteger e afastar de tudo, não terei mais vida, fecharei meu coração para novas experiências e para talvez coisas boas que venham a acontecer.

Hoje, depois de Agnes ter uma breve conversa com Harry, fui questionado sobre meu modo... Digamos... Bipolar? Não sei ao certo se essa seria a palavra correta para descrever como venho agindo nas ultimas semanas. Agnes pediu para eu lhe contar como vejo Gabriel em minha casa. Fui sincero nesse momento.

Contei-lhe que me sinto como um estranho em minha própria casa em alguns momentos. Vê-lo chamar Harry de pai e ter tudo que um dia sonhei para um filho que fosse gerado dentro de mim é demais para mim, não consigo digerir tudo de apenas uma vez.

Gabriel rola na cama, deixando-me nervoso quando fica bem próximo a beirada do colchão que Harry lhe comprou ontem. Levanto-me do canto do quarto e ajeito-o mais para o centro do colchão.

Contei que em muitos momentos acabo cedendo e deixando-me levar pela encantadora criança, contudo, quando paro para pensar que em algum momento o orfanato pode ligar e dizer que tudo está errado e que ele não é nosso, o Louis que quer fugir da dor se fecha e espanta todos que querem seu bem. Contar isso para alguém me acordou para o pensamento que estava tendo. Gabriel já está conosco há quatro semanas, ele é nosso e ninguém pode negar isso, não tinha mais volta.

Na hora que estava vindo para casa percebi que, sim, eu sofri, mas aquele menino também havia sofrido. Ele havia sido abandonado pelos pais, rejeitado por pessoas que deveriam ter lhe acolhido e lhe concedido o mundo, e agora estava sendo rejeitado por uma das pessoas que ele escolheu amar.

Cada momento que penso mais um pouco percebo meus erros, querendo me proteger eu parei de olhar para os outros. A dor de perder um filho não é só minha, é de Harry também, mas eu estava forçando ele a ser forte porque sou fraco demais para me levantar, assim, acabei negligenciando ele, acabei não vendo todas as vezes que ele chorou de madrugada quando mais nenhuma luz brilhava, ou quando ele simplesmente encostava a cabeça em minha barriga e ficava ali por alguns minutos, torcendo internamente para que eles ainda estivessem ali.

Tratei a dor como se fosse somente minha.

Ele queria um recomeço e eu estava lhe dando motivos para desistir de tudo, mas mesmo quando isso tudo acontecia, ele ainda dizia que nunca iria me abandonar.

Lembro-me que concordei em adotar e em minha frente está o fruto dessa resposta, está no momento de começar a honrar com ela.

Apago a luz do abajur ao lado da cama de Gabriel e deixo um beijo em seus cabelos.

— Boa noite, little Angel. — passo meu nariz por seus cabelos loiros, afastando-me antes que ele acorde.

Encosto a porta com leveza e o corredor iluminado incomoda meus olhos enquanto caminho até meu quarto, onde sei que meu marido está. Adentro o quarto e os olhos atentos de Harry encontram-me com curiosidade, continuando assim até eu me acomodar ao seu lado em nossa cama.

— Onde você estava? — puxa-me até eu estar deitado entre suas pernas, meu queixo repousando em seu peito para que consiga olhar em seus olhos.

— Estava olhando nosso pequeno anjo. — sussurro, sentindo-me mais leve para me aproximar da criança.

— Nosso pequeno anjo? — cobre nossos​ corpos​ com o cobertor macio e pesado.

Nosso pequeno anjo.

Amanhã eu volto, tchau.

Bjss 💚💙  

Our Little Angel ▪ L.S. [Mpreg] [EM CORREÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora