Pardon 2

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_ Tem certeza que você não quer ir lá pra casa?_ perguntei e ela sorriu._ Estou com medo de você piorar._ falei preocupada.

_ Eu estou ótima. Penélope me ajuda muito, sempre prepara as coisas para eu comer, tudo sem óleo, sem gordura e me lembra dos remédios._ respondeu e eu suspirei aliviada._ Só Dona Eleonor que é um saco e de vez enquando vem me perturbar._ disse baixinho e rimos.

_ Como está o Thales? Fiquei impressionada com a quantidade de carros na garagem dele._ falei e ela riu.

_ Ele é rico, o que pode se esperar?_ perguntou brincando._ Mas fora isso, ele está ótimo, sempre vem me ver a noite, traz uma sopinha deliciosa e quando não tem ninguém, me faz companhia._ respondeu.

_ Que bom!_ exclamei._ Espero que você fique melhor logo._ falei e segurei a sua mão.

_ Eu também._ disse.

Depois do café da manhã, ela se deitou na cama novamente e eu fui retirar a mesa, deixei meu casaco na poltrona e fui para a cozinha, lavar as louças.

_ Não precisa lavar, pode deixar aí._ disse Thales atrás de mim e levei um susto.

_ Quer me matar?_ perguntei e ele riu._ Que bom ver você._ falei e nos abraçamos.

_ Gostou dos meus carros lá fora?_ perguntou._ Pedi para darem uma geral por fora no seu, afinal, faz décadas que você não lava._ disse e eu joguei espuma nele.

_ Muito babaca da sua parte, mas obrigada._ agradeci e ele começou a secar as louças._ Amei os seus carros, afinal, faz décadas que você não compra um novo, por isso é tão fácil de gravar._ respondi ironicamente e ele deu um tapa na minha bunda com a toalha.

De repente, Eleonor aparece na cozinha, com uma cara séria e parece não gostar nem um pouco.

_ Assim que terminar, vá até a minha biblioteca, Margot._ falou seriamente e saiu.

O clima ficou tenso, mas logo após, começamos​ a rir de desespero. Eu terminei de lavar a louça e Thales foi buscar a sua noiva. Fui para a tal biblioteca e ela estava lá, sentada fumando o seu charuto.

_ Aceita?_ me ofereceu.

_ Não, obrigada._ agradeci._ O que você quer?_ perguntei.

_ Sabe minha querida, minha filha pode até ser boba, mas eu não. Sei que você e o Thales tem uma amizade muito grande, uma coisa profunda... Mas acho que tudo tem um limite. A partir de hoje, quero você longe dele e longe da minha filha. Você é de uma péssima qualidade, totalmente da baixa categoria, você é uma decadência para a sociedade._ disse e fiquei calada.

_ Você é ridícula._ falei e ela me interrompeu.

_ Pensei que você fosse diferente, mas até o meu filho você conseguiu atingir. Eu quero você morta, eu quero você longe daqui... Não estou te ameaçando, mas isso só essa sendo um aviso._ disse e fiquei com medo.

_ Há muitas pessoas maldosas, miseráveis, desequilibradas, de corpo e alma. Você se encaixa perfeitamente neste perfil... Uma mulher suja, imunda, sem amor e sem ninguém para lhe fazer feliz. A felicidade é destinada para todos, mas apenas você pode escolher os teus próprios passos. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é questão de escolha e você pode ser assim, você pode mudar._ falei calmamente e seus olhos se encheram de lágrimas.

_ Você quer que os seus filhos ou netos, lembre-se de você como uma mulher ruim, sem caráter? Ou você quer que eles tenham orgulho de lembrar que você é especial e uma verdadeira alma caridosa no meio de tantas guerras?_ perguntei e ela começou a chorar.

_ Me diga!_ exclamei alto.

Eleonor jogou o charuto no chão e não resistiu. Ela chorou e se jogou no chão.

_ Eu tenho inveja de você._ disse chorando.

_ E o que seria a inveja? Para mim é o aplauso dos covardes!_ perguntei.

_ Você é abusada, consegue tudo o que quer... Diferente de mim, que só se ferra._ disse e eu sorri.

_ Não sinto ódio por você sentir inveja de mim,eu tenho é pena. Inveja é um sentimento muito feio! Pena é muito mais adequado para você._ falei e dei a mão para ela.

Eleonor se levantou com a minha ajuda.

_ Me perdoa._ implorou de joelhos.

_ A questão é que não sou do tipo que ama todo mundo, mesmo assim, dou meu melhor. Procuro ser justo com meu coração, perdoo, dou outra chance, chance de permanecer em minha vida, e, não espere que tudo volte como era, a confiança é uma bola de cristal fininho, trincou, quebrou, jamais voltará a ter a mesma beleza._ falei e ela se deitou no chão novamente.

Eu deixei ela lá e sai da sala. Fiquei completamente diferente depois daquela conversa. Foi uma coisa muito importante, muito complexa.

Menina Das Rosas BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora