— Eu estava brincando, acho melhor eu ir embora de verdade agora — falou bem pertinho do rosto alheio, olhando a boca avermelhada pelas mordidas que deu com olhos cobiçosos.
— Dorme comigo.
Samuel estava tão constrangido que chegava dar pena em quem via. Caio começava a compreender por que Otávio achou que devia intervir na situação do músico.
— Eu achei que não queria — argumentou.
— Eu... Estou me referindo a dormir mesmo... — falou mais sem graça ainda.
Foi assim que Caio se aprofundou na casa e conheceu o quarto do músico. Caíram na cama do jeito que estavam, a sensação de estar deitado assim com outra pessoa era estranha.
Caio deitou a cabeça no seu ombro, se aconchegando de forma inocente, ficaram em silêncio um longo tempo, Samuel não sabia o que dizer. O garoto de programa estava muito mais à vontade agora que tudo estava esclarecido.
— Então... Você é gay mesmo? — ouviu a voz do garoto de programa surgir no escuro.
Samuel sentiu os olhos lacrimejarem.
— É o que parece...
— Isso te incomoda? — o tom era cauteloso.
Samuel refletiu uma última vez, fechando os olhos e deixando a verdade lhe preencher totalmente de forma sufocante.
— Não.
— Então porque eu acho que você está chorando? — questionou baixinho.
— Não é por isso. É porque ainda sou eu... Sair com homens ou mulheres não faz diferença se ainda sou eu aqui dentro — se referia ao seu coração.
— Você não pode ser tão ruim assim.
Samuel riu um pouco amargurado.
— você não me conhece.
Depois dessa conversa totalmente sentimental houve mais um longo momento se silêncio.
— Posso fazer uma pergunta pessoal?
Samuel riu da pergunta.
— Você meteu a língua na minha boca, acho que já pode fazer qualquer pergunta.
— Você... É... Tipo... Mutilado ou algo assim?
— Mutilado? — estranhou o uso da palavra e ficou repetindo na sua mente.
— Uma vez eu saí com um cliente assim, ele sofreu um acidente anos atrás e teve que tirar os testículos.
— Não, eu tenho tudo no lugar — falou normalmente.
— É que você ficou tão nervoso lá no sofá... — prosseguiu, ainda baixinho com muita cautela.
Samuel absorveu a informação e pensou a respeito.
— São coisas da minha cabeça. Não é importante.
Caio se moveu, Samuel sentiu o garoto levantar e depois o corpo se colar ao seu corpo e a boca alheia procurou a sua.
O músico se deixou beijar, foi levado novamente por sensações há muito esquecidas. Mesmo excitados Caio respeitou seu jeito mais retraído e não insistiu em tirar a roupa do homem.
— Você nunca ficou com outro homem não é?
Samuel engoliu a saliva da boca, com um nó se formando na sua garganta.
— Não — sua voz já saiu rouca.
No escuro do quarto, mal podia ver Caio, mas sentiu quando ele se levantou, ouvia sua respiração de e sons de movimentos e panos. A voz baixa e cúmplice surgia do meio do escuro.
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Unilateral
RomanceSamuel é um professor de música, depois de sete anos decide voltar a sua cidade natal para passar férias de fim de ano e tentar reencontrar velhos amigos. Mas estava surpreso ao encontrar Toni, o menino sorridente, pequeno e bondoso cresceu e havia...