Capítulo Vinte e Oito

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O som dos corpos se chocando ecoava pela cozinha e até pelo apartamento inteiro, enquanto o cheiro de sexo impregnava o lugar. Toni colocou as mãos no quadril, olhando aquela cena libidinosa que desenrolava através da inútil cortina de miçangas transparentes e meio brilhosas que eram tão espaçadas que não escondiam nada. Numa das cadeiras de ferro estavam as sacolas de compras jogadas de qualquer jeito, com uma caixa de suco caída no chão até, bem perto das roupas dos dois que se espalhavam pelo chão da cozinha.

Depois de um péssimo dia de trabalho debaixo do sol escaldante não era bem essa a recepção que esperava. Aquilo não era necessariamente uma novidade, não era a primeira vez que César fazia algo assim, mas nunca esperou flagrar o namorado literalmente no ato.

Tomou fôlego, tentando sair daquele estado de inércia embora seus pés parecessem pesar uma tonelada cada um. Entrou na cozinha com todo seu cansaço e mormaço do sol quente e foi abrindo a geladeira.

O homem que estava quase deitado na mesa se ergueu, curtindo as sensações do corpo com os olhos fechados grudou as costas ao peitoral musculoso e suado do enfermeiro. César beliscou os mamilos alheio e foi lambendo e sugando o pescoço e a orelha com força, deixando tudo vermelho enquanto o investia com seus quadris com força bruta. Só então abriu os olhos cheios de desejo e se deparou com Toni fechando a geladeira e se virando com uma garrafa de água na mão

— Me ignorem. O sol lá fora tá matando. Só vim beber água — falou normalmente.

César parou no ato e prendeu a respiração no susto, de repente a cor foi sumindo do seu rosto até ficar branco como papel.

— Água? Não... Eu prefiro leite... Direto da fonte... O seu meu gostoso... Eu quero ele todinho dentro de mim... Vai, não para não... Me fode com força... Eu estou quase gozando... — pediu com a voz manhosa e enjoativa o homem nu ainda de olhos fechados.

César estava com o desespero estampado no rosto, o mais puro medo da morte, tão petrificado que não soube o que fazer. Toni apenas ergueu uma sobrancelha, cheio de ironia observando homem ofegante se esfregando no seu namorado.

— Cê tá pagando quanto para ele falar essas merdas? — soltou com sua espontaneidade ácida de sempre.

De repente o homem abriu os olhos meio ofendido e se assustou por um segundo quando viu o moreno tatuado e todo sujo com o rosto queimado de sol. Então olhou de soslaio para César, dividido entre envergonhado pela situação e ofendido pelo que ouviu.

— Tanto faz, não me interessa desde que você pague a tua parte do aluguel — comentou bebendo água direto na boca da garrafa.

— Toni... Calma, tá... Relaxa... Eu vou te explicar tudo direito, mas calma... — pediu César como se falasse com um assassino em série louco e sanguinário, lentamente e em voz baixa.

Toni bebeu quase metade da garrafa e limpou a boca com o dorso da mão.

— Eu tô calmo parceiro. Cês que tão aí... agitados — foi colocando a garrafa na pia.

— Sério isso? Que cara mais sem noção! — alfinetou o homem.

Toni sorriu sozinho e tentou se controlar, mas suas mãos começaram a tremer.

— Você é o entregador né? Do mercado aqui perto?

O homem empertigou-se todo como se Toni o tivesse xingado.

— O que é que tem demais nisso? Você é muito idiota e preconceituoso sabia?! Esse seu amigo é muito ridículo! Esse é o cara que você divide apartamento? — concluiu falando com César.

— Oh droga! Toni... Calma...

— Vai se ferrar cara! Não tá vendo que a gente tava se curtindo! Qual é a tua?! — insistiu o homem.

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