Final

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Faltavam cinco dias para o dia vinte e quatro, a decoração de um casarão enorme como aquele, levou o dia todo. Estavam um pouco atrasados em comparação com a vizinhança, mas finalmente a Pensão da Magnólia também brilhava com luzes natalinas. Este ano a decoração foi especialmente rica e cheia de detalhes, porque Samuel acabou financiando os enfeites praticamente sozinho, não pareceu nem um pouco incomodado com isso, nem mesmo quando Toni lhe deu alguns puxões de orelha sobre economia.

O fato é que o episódio chamou um pouco a atenção da família para a conta bancária do músico, afinal a decoração da casa toda certamente custava uma boa quantia. Quando Magnólia questionou sobre os gastos extras o loiro apenas garantiu que não faria falta. Como Toni estava realmente incomodado que gastasse tanto, precisou explicar direito, quando estavam sozinhos no quarto, que a quantia nem chegava a arranhar seu patrimônio.

- Isso não importa Samy, não quero que tu fique gastando teu dinheiro à toa! Daqui a pouco vão tá dizendo por aí que eu tô contigo só por causa da tua grana. A tua tia já anda dizendo isso - argumentou verdadeiramente aborrecido, chegava a ficar de cara fechada.

- Desde quando você se importa com o que a minha tia pensa? - contrapôs, calmamente, sentado na cama.

- Eu quero que a tua tia se foda! Ela e toda raça de parente que tua mãe tiver deixado. O problema não é esse! - reclamou de maneira ríspida, tirando a camisa e jogando num canto.

- Então qual é o problema? - questionou olhando o corpo moreno suado, sentindo a boca secar e o coração bater mais forte. Realmente não se incomodava com as palavras ríspidas que o rapaz usava para se referir a sua mãe ou aos seus parentes, afinal era verdade, não eram pessoas boas.

- É tu começar a acreditar! - falou de repente, abrindo o botão e o zíper da bermuda, tirando a roupa junto com a cueca.

Samuel sentiu uma palpitação mais forte, um comichão gostoso entre as pernas, como um tipo de pressão. Engoliu a saliva da boca, fazendo o pomo de adão subir e descer, seus olhos eram facilmente atraídos pelo corpo nu que estava exposto ali. As palavras do mais novos levaram um longo momento para lhe alcançar em seu significado. Só quando Toni alcançou a toalha e se enrolou que Samuel conseguiu recuperar a voz, embora seus olhos ainda passeassem pela tatuagem tribal que enfeitava toda a lateral do corpo, incluindo um braço.

- O que? Isso é ridículo! Não tem a mínima chance disso acontecer! - a sua voz falhou por um segundo e Samuel se xingou por isso.

- Eu sei... Eu sei! Tô sendo babaca de novo! Mas não consigo evitar... Tá ligado. Não é justo contigo...

Samuel suspirou, abaixou a cabeça, tentando se concentrar na conversa, embora parecesse impossível com o outro apenas enrolado numa toalha, bem ali na sua frente.

- Você não está sendo babaca, eu entendo sua preocupação, creio que seja desnecessária, mas entendo. Tenha em mente que eu não sou as outras pessoas e o que elas pensam não tem nenhum peso para mim. Por tanto você não tem que se preocupar com o que eu penso a seu respeito, porque eu garanto que não penso coisas ruins - esclareceu, tentando clarear os pensamentos, as vezes as palavras lhe fugiam, estava inebriado pelo aroma masculino que lhe alcançava.

Toni olhou para o namorado como se tivesse vendo um gatinho ferido, o qual ele próprio acabava de machucar. Sempre dizia coisas erradas da maneira mais bruta e sempre Samuel abaixava a cabeça daquela forma, como se fosse culpado sem o ser.

- Não fala desse jeito... - tentou remediar as besteiras que falava, mas Samuel o interrompeu, sempre com seu jeito calmo, tão calmo que chegava a dar medo.

- É o nosso primeiro Natal juntos, você, eu e a Luz, como uma família. Eu aposto o que você quiser que ela só viu árvores de natal pela tv. Você não tem ideia do que é ser criança e morar com a Violeta, ter que ficar só olhando a felicidade natalina pela janela do vizinho. É uma sensação horrível, eu garanto. Eu não tenho muito a oferecer para essa ceia, a não ser dinheiro - deu de ombros.

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