César e Ícaro - Segunda parte

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"O prazer e a dor usam a mesma porta no cérebro", um médico do hospital onde trabalhava comentou uma vez, nem lembrava sobre o que estavam conversando, e era esse o masoquismo que estava pensando ao ver o namorado vibrar com a dor que estava sentindo. Claro que se ele quisesse experimentar chicotes e algemas um dia não se importaria, mas neste momento estava mais focado na descoberta do fetiche do pequeno pela dor, era algo cru e material.

Talvez ele fosse masoquista. Não no sentido romantizado da palavra, quando as pessoas pensavam em masoquismo, pensavam em couro, mordaças, chicotes, algemas, brinquedos e castigos sexuais e não era exatamente a isso que estava se referindo. Essas breves suposições passaram pela mente do enfermeiro a cada gesto mais bruto que fazia o namorado resfolegar e gemer no sofá, até por fim ter ele ajoelhado acima do seu corpo.

O rapaz desceu o corpo outra vez, trincando os dentes pelo desconforto, ofegando e apertando seus ombros e César o sustentou, impedindo que fosse muito rápido, apenas se deixando levar sem ser descuidado. O corpo dele já havia aceitado metade do seu pau, isso era muito para Ícaro lidar, sabia que sim, mesmo que o tivesse preparado com cuidado ainda estava tão preocupado, mas havia todo o prazer que sentia ao ser acolhido naquele corpo quente e apertado.

Sempre foi moralmente fraco diante dos homens com que se envolveu. Se questionava se houve realmente uma ocasião em que se negou a fazer qualquer coisa na cama, por mais que forçasse a memória, não lembrava de ter sido firme em dizer não.

Mesmo com toda a raiva que estava sentindo do namorado, mesmo com a briga e as palavras ríspidas trocadas, a última coisa que queria era machucar ele.

Olhava as bochechas coradas do garoto, as lágrimas desciam pelo rosto bonito, os olhos fechados e um vinco entre as sobrancelhas tão escuras quanto o cabelo. Ele estava realmente lutando para lidar com seu tamanho, movia o quadril lentamente, as pernas estremecendo com o esforço de sustentar o próprio peso e os gemidos e choramingos de dor escapavam pelos lábios finos.

O corpo magro e delicado já tinha marcas roxas dos apertões e chupadas. Evidências da raiva misturada ao tesão que os levaram a se despir às pressas, com movimentos brutos e ignorantes que deixaram Ícaro afoito e excitado.

Nada havia escapado, pescoço, peitoral, mamilos, braços, costelas, coxas, quadril e pernas, havia marcas por toda a parte.  Era excitante ver a pele branca e suada maculada daquela forma tão obscena, porém o mais excitante era saber que Ícaro gostava.

Deslizou os dedos grandes com suavidade por cima da área avermelhada e sensível perto do mamilo, bem onde havia chupado momentos atrás. Espalmou a mão grande e macia na coxa tensa e suada pelo esforço, subindo a carícia pela lateral do corpo pálido até o quadril e a bunda, ocupando a mão grande em masturbar o pau mediano do rapaz com cuidado.

— César… dói… dói… oh meu Deus… — repetia baixinho, a voz tão frágil e desestabilizada.

O enfermeiro sentiu o coração pesar e passou a se questionar se devia se conformar com isso, que pelo resto da sua vida, era esse tipo de intimidade que teria. Algo forçado e tenso, cheio de dor física para seus parceiros e culpa para lhe consumir no pós-sexo.

Podia levar um homem ao êxtase de várias formas diferentes sem penetrar, mas sentiria falta de realmente ir até o fim e foder como gostaria, porque simplesmente adorava a sensação. No entanto, sexo nunca foi tranquilo e totalmente bom, o mais próximo que chegou disso, foi com o ex-marido, mas não tinham um relacionamento saudável, pelo contrário, seu ex era abusivo no dia a dia.

Ele tinha um temperamento ruim, meio louco e instável e suportava seu tamanho como forma de castigo por coisas do passado que nem eram culpa dele, quando na realidade precisava de terapia. O sexo era punitivo e cheio de dor e o orgasmo vinha apenas pela masturbação e apenas porque seria muito estranho não fazer ele gozar no fim.

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