Capítulo 2

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Vejo um saco preto sob o chão, há um volume significativo dentro dele, ele é comprido e um pouco largo.

"Minha mãe está lá dentro."

Sem ter o controle de minhas próprias pernas, corro até ele, passo pelas faixas e pelos cones que impedem a chegada no local, onde está a vítima.

- Mãe, mãe, fale comigo. - Eu falava aos prantos. - Por favor, diga que a senhora não se foi, que não me deixou.

As lágrimas corriam estantaneamente dos meus olhos, estava totalmente sem acreditar, a ficha ainda não caiu. Não. Não pode ser, isso não está acontecendo.

Uns minutos atrás ela estava no shopping comigo, fazendo compras, insistindo para mim comprar um sapato que ela havia gostado em mim, estava feliz, comendo um sanduiche, falando asneiras e como era bom renovar o guarda-roupa de vez em quando.

Senti mãos de pessoas me tirando dali, vozes exclamando para eu me controlar, não tocar na vítima.

Outras diziam palavras de solidariedade, dizendo que sentiam muito.

" - Pobre menina, tão jovem.."

Disse uma voz feminina.

" - Ela deve estar sofrendo."

" - Eu vi o corpo, a mulher estava toda ferida.. Deformada."

Minha cabeça girava, eu estava tonta, estava chorando, implorando para que nada fosse verdade.

Meu pai me envolve em um abraço apertado, e eu seguro sua camisa com toda força que tenho, tentando tirar essa dor insuportável de mim.

Alex sussura palavras para me consolar, mas nada é o suficiente para me acalmar.

- Filha, escute.. Vá para o carro. Fique lá, eu vou falar com o pessoal que está cuidando de tudo, preciso que se acalme.

- Não, eu não vou me acalmar, como quer que eu me acalme sendo que a minha mãe morreu? Pai , a minha mãe, a minha mãe.

Tenho um surto emocional, e meu pai tenta me controlar, um rapaz com uma roupa vermelha, pede para que ele me tire dali.

Porém eu rejeito, rasgo as faixas que me impedem de chegar perto do corpo de Helena, e tento abrir o saco.

Sinto uma agulha penetrar no meu braço, e fico inconsciente.

Logo eu apago.

                            *

Abro meus olhos devagar, e vejo um teto branco acima de mim, meus olhos estão sensíveis, e eu mal posso olhar para a claridade.

Aperto-os, e viro minha cabeça para o lado direito.

Há uma poltrona branca, vazia, uma mesa pequena, e nela há um vaso minúsculo de flores.

Analiso o lugar, e concluo que estou em um hospital.

Remexo-me na cama, e uma enfermeira entra no quarto, com uma prancheta na mão.

- Colicença Lívia, como está se sentindo?

- O que eu to fazendo aqui?

- A senhorita passou mal. _ Ela disse se aproximando de mim. _ Precisará ficar aqui esta noite.

A enfermeira, que era de altura média, cabelos negros lisos, e de olhos minimamente claros, verificava um tubo que estava interligado a mim.

- Porque eu estou aqui? Porque passei mal?

Sinto uma dor forte na minha cabeça, e lembro do que aconteceu.

- Preciso que se acalme, deverá ficar sob nossos cuidados.

Uma nova forma de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora