Capítulo 7

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Eu não imaginei que Roberta me daria um quarto como este. O fato de eu odiá-la já é motivo o bastante para ela não cogitar a ideia de me presentear com um confortável dormitório.

Meus olhos exploram cada canto daquele quarto, realmente a decoração é magnífica.

- Este é meu quarto? _ Pergunto à Ágatha.

Ela sacode a cabeça afirmando que sim.

- Fique à vontade, qualquer coisa me chame por favor.

A empregada se retira, e dou alguns passos para perto da cama.

Me dirijo ao guarda roupa e o abro.

Levo um pequeno susto ao ver os cabides cheios de roupas.

- Isso é tudo meu? _ Pergunto-me sozinha.

- É. _ Uma voz atrás de mim responde.

Viro-me, e vejo Roberta parada diante a porta.

- Acredito que esteja surpresa com este quarto, não é mesmo? Poisé, seu pai me pediu que eu fizesse algo do tipo.

Respiro fundo e volto meus olhos para dentro do guarda roupa.

- Quero que saiba que eu não estou nenhum pouco feliz com você morando na minha mansão, mas, fazer o que ,para ter seu pai para mim, eu preciso aceitá-la aqui..E bom ,acredito que vale apena o sacrifício feito.

Fecho o guarda-roupa e olho para aquela figura parada na minha frente:

- E você acha que eu to feliz em vir morar aqui? Sabendo que eu vou ter que ver essa sua cara de manga estragada todos os dias?! Ah mas eu não to não, e se quer saber..

Dou dois passos para mais perto dela, e ficamos com nossos respectivos rostos próximos.

- Eu odeio você.

Sua expressão permanece a mesma, intacta e sem emoção alguma.

Então ela se vira e sai do quarto.

                             *

Tiro da minha mala meu diário, que inclusive faz muito tempo que não o escrevo.

Sento-me na cama, e o abro.

Folheio algumas páginas até encontrar a ultima página escrita.

" Minha mãe não me deixou sair hoje, e por esse motivo eu briguei com ela. Droga, eu queria muito sair."

Essa é a ultima frase que está escrita nele, naquele dia eu havia discutido com a minha mãe. Eu lembro, sim, eu lembro direitinho das palavras que eu disse à ela, e poxa... Eu não deveria ter dito uma sílaba se quer.

Pego uma caneta e começo a escrever, passo para o papel tudo que aconteceu após aquela briga.

Uma coisa que a minha mãe sempre me dizia, é que era bom escrevermos aquilo que sentimos, porque muitas vezes não conseguimos nos expressar falando, e escrevendo conseguimos nos expressar e tirar sentimentos ruins de dentro da gente.

É.. Helena me ensinou muita coisa, nas quais eu jamais irei esquecer.

"[...]E agora estou aqui, sentada na minha cama, no meu novo quarto, na mansão da amante do meu pai..Ou atual. E de fato eu não sei no que minha vida realmente se tornou."

*

Anoitece sem eu perceber, fecho a janela enorme do meu quarto e deixo as cortinas abertas.

Uma nova forma de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora