Capítulo 3

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Após dizer aquelas palavras, sinto como se me livrasse de algo que estava intalado na minha garganta. Eu precisava dizer aquilo, e disse.

- Como tem coragem de falar assim comigo? _ Ele pergunta me encarando de forma ríspida.

Engulo em seco.

- Eu sou seu pai e não foi essa a educação que eu te dei. Eu não tenho culpa se sua mãe em vez de sentar para conversar decidiu dar uma de esposa revoltada e sair a 200km/h em um carro totalmente desgovernado.

Seco minhas lágrimas.

- Você é o culpado, você e aquela mulherzinha ridícula que estava na cama com você. Porra pai, que cena decepcionante, eu jamais esperava algo assim de você.

Por um momento, ele parece não saber o que dizer.

- Porque você fez isso? Porque tirou minha mãe de mim?

- Lívia, olhe pra mim, eu não vou admitir que você me culpe pela morte da Helena, tá me ouvindo? Eu não vou.

Dou uma risada sarcástica e logo fico séria.

- Porque? Não é a verdade? Dói né? Mas eu tenho certeza que a dor que o senhor carrega ai dentro é de culpa.

Viro-me e dessa vez subo para meu quarto.

Tranco a porta, e sento no chão, escostada nela.

Seguro meus joelhos com meus braços, e apoio minha cabeça sobre eles.

Novamente, eu choro.

                              *

Perco a noção do tempo e quando vou ver a hora, são 00:25.

Levanto-me do chão, e abro a porta do meu quarto. Acredito que meu pai já tenha ido dormir.

Vou até a cozinha, tentando fazer o mínimo de barulho possível, e pego o resto de uma torta que minha mãe havia preparado ontem, antes de irmos pro shopping.

                           *

Acordo, e me dou conta que ainda é cedo, 7:30 da manhã.
  Por incrível que pareça eu consegui ter uma noite de sono instável, digamos assim.

  "Hoje poderia ter dormido até mais tarde." Penso. "Pois minha mãe não está mais aqui para exigir que eu acorde as 9 horas."

Suspiro.

Esse é o segundo dia sem ela, e a dor apenas aumenta. Choro baixinho, e derrepente ouço vozes vindo do andar de baixo.

Levanto-me devagar e abro a porta do meu quarto, caminho com passos leves até perto da escada. Agacho.

" - Nós não temos culpa de nada meu amor, ela simplesmente viu nós na cama e saiu descontrolada." _ Ouço uma voz feminina.

Não. Meu pai não trouxe aquela vadia pra dentro da nossa casa outra vez, trouxe?

" - Você tem razão, mas a Lívia..A Lívia nos culpa pela morte da mãe, e eu me sinto muito mal por ouvir isso da minha própria filha."

Ouço ela sussurar algo, e enseguida um silêncio se prolonga. Eles devem estar se beijando.

Desço as escadas sem me preocupar com a roupa estilosa que estou vestindo e vou até a cozinha.

Bingo!

Paro diante a porta para admirar a segunda cena mais decepcionante da minha vida. Meu pai aos beijos com o aquele projeto de mulher.

Engulo em seco, e fecho meus olhos tentando controlar minha raíva,sentindo novamente as malditas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Uma nova forma de amarOnde histórias criam vida. Descubra agora