Quase engasgo com a comida que estava na minha boca.
- Como é que é? Vo-você não pode tá falando sério comigo.
- Nunca estive falando tão sério em toda minha vida como estou falando agora Lívia.
- Não pai. A gente não vai ir embora dessa cidade, iremos ficar aqui, continuarmos com a nossa vida normal e..
- Eu não perguntei o que você quer ou não. Eu dei uma ordem e está decidido ,iremos embora sim. Comece arrumar suas malas ,pois daqui a 2 dias estaremos de mudança.
Balanço minha cabeça para os lados sem acreditar no que estou ouvindo.
- A gente vai deixar nossos amigos pra trás, nos mudaremos da cidade em que sempre moramos, deixaremos nossa casa para irmos morar com a sua...
Travo. Ele se referiu aquela vadia destruidora de famílias como "minha mulher"? É isso mesmo?
- Sem questionamentos. Droga Lívia, será que você não entende que quem da as ordens aqui sou eu? Você só tem que obedecê-las e não questioná-las.
- Eu não posso aceitar isso, olha o que você tá fazendo, o que você tá se tornando. Será que você não tem um pingo de consideração para buscar entender e compreender como eu estou me sentindo diante tudo isso?
- Você só tem que entender uma coisa. Meta na sua cabeça oca que a vida segue, sua mãe morreu sim e dai? A vida continua. Ficar sofrendo não vai nos ajudar em nada ,muito pelo contrário.
- Não é questão de entender que a vida continua pai ,é questão de saber e ter consciência que a minha mãe é importante demais para ser esquecida e substituida assim.. Tão fácil.
Saio da cozinha sem esperá-lo dizer outra palavra.
Isso só pode ser um pesadelo.
Novamente, tranco-me no quarto e volto a chorar outra vez.
Eu não quero ir embora da cidade na qual eu nasci e vivi minha vida inteira até agora ,não quero deixar as pessoas que mais me apoiaram nesse tempo para trás, porque meu pai decidiu reconstruir sua vida com aquela vadia da Roberta.
Como fica tudo? Como irei deixar a Kate, o James.. E como irei "visitar" minha mãe no cemitério sempre que a saudade apertar?
Não. Eu não irei embora ,deve haver algum jeito.
Nem que pra isso eu tenha que fugir.
Ouço leves batidas na porta do meu quarto ,mas não movo um músculo para ir abri-la.
- Abra a porta Lívia, eu sei que você está ai dentro.
Enterro minha cabeça no travesseiro e dou um grito sufocado.
- Anda ,abra a porta.
Abro a porta, e pulo para a cama cobrindo minha cabeça com a travesseiro novamente.
- Que bom que me obedeceu.
As vezes desconfio seriamente de que meu pai não é meu pai.
- É o seguinte. Eu quero que você arrume suas malas o quanto antes, coloque apenas roupas dentro delas, não iremos levar mais nada daqui a não ser o que vestimos.
Olho para ele.
- Como assim? E os móveis? Meus pertences? Tudo vai ficar aqui?
- Eu irei vender a casa com tudo dentro por um preço alto. Simples!
- Eu não quero ir embora daqui.
- Mas você vai. Agradeça a mim por ter mandado aquele moleque vazar da sua vida ontem, acredite, amenizou a dor dele. E outra, nem pense em fugir, fui claro? Porque se você tentar, acredite, você vai se arrepender.
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Uma nova forma de amar
RomanceEu jamais imaginei que minha vida se tornaria o que é hoje.Após minha mãe descubrir que era traída por meu pai, ela sofreu um terrível acidente e faleceu.Tudo mudou desde então, tive que deixar as pessoas mais importantes pra mim, por uma escolha do...