[N.A.] Olá, meus amores! Como vocês vão?? Bem, como de costume, mais um capítulo, e acho que esse ficou maiorzinho, né? Eu gostaria de agradecer TODOS os comentários e votos, eles me deixam mega feliz, eu não sei como explicar o quanto eles alegram meu dia, é realmente gratificante receber todo esse carinho e essa atenção de vocês! É realmente muito bom saber que a fic está agradando tanto assim! :DD Bem, era só isso, obrigada por tudo, novamente, e espero que gostem dessa capítulo, porque eu amei escrevê-lo <33 A história vai começar a partir de agora, claro que com algumas enrolações de praxe ainda, mas para quem estava esperando larry, vai ter que esperar só mais um pouquinho pelo próximo hoho <3 [/N.A.]
3ª. P.O.V.
H – 23:30 P.M.
Sheffield poderia ser lugar de muitas coisas – e quando digo muitas coisas, são muitas coisas mesmo – mas, certamente, nenhuma delas se destacavam mais que a Outlaws. A casa noturna havia sido inaugurada há cerca de dez anos atrás, e vinha acompanhando os tempos desde então. Nunca perdera clientela, e seu nome rodava de boca em boca, famosa, escorrendo entre as fachadas das casas vitorianas que abrigavam pessoas que nunca saberiam que o inferno era na Terra.
Mesmo tão famosa e bem-sucedida, a boate só recebia os melhores – ou os que pagavam mais. É claro que lá estavam os piores tipos de pessoas, drogados, bêbados, ninfomaníacos atrás de sexo fácil, os piores tipos de pessoas que caminham por aí, mas era refinada, tinha classe. Só entrava quem pagasse o preço da entrada em dinheiro bruto, ali, na hora, e isso eram poucos que podiam. E, dos que podiam, poucos eram os que frequentavam a área VIP. Era preciso desembolsar o preço de um carro, ou vender um rim, o que fosse mais vantajoso. Mas, era essa regra que fazia da casa noturna a melhor da região. Os mauricinhos, as patricinhas e os barras-pesadas eram os que reinavam por ali, e eles sabiam dar uma festa. Ou várias.
Mesmo a dois quarteirões de distância, o som era perceptível e as luzes iluminavam os asfalto como placas de neon indicativas. As batidas do pop estrondavam os vidros, e o burburinho ficava cada vez mais alto a medida que a noite se alastrava madrugada adentro, apenas esperando o melhor que estava por vir.
– Ainda não sei como você conseguiu me convencer disso. – comentou um dos garotos, a voz parcialmente alta para se fazer escutar, enquanto os olhos astutos de águia corriam ao redor.
– Você se esqueceu que eu sou foda, Harry, meu querido. – exclamou o outro, liberando a fumaça acima da sua cabeça, arrastando a voz rouca e os olhos revirando, enquanto os dedos longos tentavam, a todo custo, não deixar o cigarrinho cair.
– Você gosta de uma foda, é diferente, Zayn. – riram em parceria. Harry pegou o cigarro da mão do amigo, tragando-o longamente, sentindo o gosto adocicado e viciante da maconha percorrer seus lábios e preencher sua boca, antes de soltar tudo vento afora.
Parados junto ao Maverick preto clássico de Zayn, os dois garotos pareciam mais um daqueles encrenqueiros drogados que ficam pelas esquinas. Zayn, mais chapado que Harry, batucava alguma coisa na lataria, cantarolando a melodia sem sentido, enquanto o outro apenas observava ao redor, gravando todos os detalhes em sua mente. Afinal, fazia quatro anos que não via mais nada além da cerca elétrica que contornava os altos, velhos e intimidadores muros da prisão.
Estavam esperando para irem até a boate. Aquela seria a festa de liberdade de Harry, que, mesmo em condicional, havia ganhado a permissão do juiz para se locomover entre os limites regionais de Doncaster. Não que se importasse, claro. Queria mais é que ele fosse se foder, com seu terno de marca, seu carro importado e sua pompa toda. Era mais um merda na sociedade, no final, que pensava contribuir para o bem-estar social, quando na verdade só estava se ferrando dia após dia, em busca de um salário imprestável e uma viagem no fim do ano com a família.
Mas, infelizmente, era aquele merda que ditava as regras para Harry. Por enquanto.
O julgamento aconteceria dentro de alguns meses, e o garoto sabia que iria ser absolvido de todas as acusações. Mesmo que tivesse sido encontrado na cena do crime, com o sangue da vítima nas mãos, não haviam provas reais contra ele. E, a pena que cumprira fora mais que o suficiente. Agora, estava livre. E naquela noite, iria só aproveitar, beber umas e outras, chapar com Zayn, pegar algumas vadias e ir pra casa ao amanhecer, completamente acabado, e dormir até de noite.
– Vamos indo? – perguntou o moreno, jogando a bituca no chão e apagando-a com a sola do tênis.
Desencostaram da máquina, caminhando lado a lado em silêncio. Não totalmente em silêncio, já que a música alta continuava perfurando seus ouvidos, mas não havia necessidade de conversa. Eles se entendiam naturalmente e mutuamente. Não era preciso palavras.
Aquela área era especialmente deserta, tanto por conta da localização de 'bocas de fumo' quanto pelo horário, quase meia noite. Os postes de luz, quebrados por alguns vândalos, piscavam suas luzes amarelas doentias, refletindo nos vitrais das poucas lojas que tiveram coragem de se manter ali ainda.
Passando por elas, Harry ia refletindo. Sobre o que ele refletia? Sobre tudo. Sobre sua vida. Sobre a sua vida, que mudara tão abruptamente de uma hora para outra. Sobre si mesmo, que mudara mais que tudo e todos.
Iluminado pelas luzes pálidas, o garoto observava o próprio reflexo caminhando na rua. Não era como Zayn, que com sua barba por fazer, seu cabelo bagunçado, sua regata que ressaltava seus músculos e suas tatuagens e sua jaqueta de couro mantinha sua eterna imagem de bad boy (mesmo Harry sabendo que era só fachada, porque o Malik era a pessoa mais sensível e mais idiota que ele conhecia na face da Terra). Ele simplesmente não tinha estilo. Ora usava uma pegada mais rocker, ora mais cool. Agora, estava particularmente viciado em headbands, que o deixavam infindavelmente parecido com um hipster.
O pano puxava os cachos para trás desordenadamente, a blusa estava praticamente aberta, revelando o peitoral cheio de – novas – tatuagens e os colares dependurados, a calça agarrada continha alguns rasgos no joelho e as botas marrons eram velhas e gastas. O brinco dependurado lhe dava um ar meio gótico, embora não tivesse absolutamente nada a ver.
Naquele momento, Harry apenas não sabia quem era. E a falta de informações de da sensação de controle era algo que o irritava profundamente. Porque, afinal, era Harry Styles. Era 'O' Harry Styles, e 'O' Harry Styles sabia de tudo. E estava sempre certo.
Mas agora, sentia-se incomodado. Sabia de tantas coisas, mas nada sobre si mesmo. Não. Estava enganado. Sabia de uma coisa. Sabia que o Harry Styles de antigamente não sentiria nenhum orgulho do Harry Styles de agora, o que caminhava incerto em direção ao lugar que todos chamavam carinhosamente de Inferno.
Zayn fitou o amigo de cachos, e fincou a testa em uma carranca preocupada. Sabia que Harry ainda se sentia profundamente magoado, enraivecido, depressivo. Fora por isso que o convencera de acompanhá-lo até ali, para que se distraísse um pouco.
– Hey, bro. Ainda está aqui? – estendeu a mão, balançando-a. Harry o fitou, como se não estivesse naquele universo.
– Oi? Disse alguma coisa?
– Nada, só perguntei se estava aqui. – deu de ombros – Está tudo bem?
– Yeah, tudo ótimo. – respondeu ironicamente, o que, para algumas pessoas, poderia ser ofensivo, mas o moreno nem ligou. Sabia que por trás de toda aquela raiva e daquela máscara de cara que não ligava para nada, existia um garoto que estava sofrendo, perdido em si mesmo. Perdido na escuridão.
– Vamos lá, ânimo! – tentou animá-lo, mesmo sentindo a cabeça rodar e a garganta formigar por um cigarro – Você sabe que eu nunca mais vou te pedir nada.
– Você vai sim, Zayn. – retrucou, mas sorria torto, e Zayn sabia que tinha ganho, por hora.
Viraram a esquina, avistando a multidão que se alastrava em uma fila quilométrica rente à entrada da boate. O som estava infinitamente mais alto, e poderiam jurar que o chão estava tremendo. As luzes fluorescentes pareciam atraí-los como mariposas à luz. A placa com o nome da casa parecia mais um outdoor fosforescente e chamativo, piscando no meio daquele mar de gente.
Zayn cumprimentou algumas pessoas que passavam por eles, e Harry apenas se concentrou em ignorar os olhares atravessados de curiosidade, incredulidade e arrogância que recebia. Chegaram à portaria, onde dois brutamontes que mais pareciam gorilas de terno e gravata e óculos escuros – mesmo sendo de noite – guardavam as portas duplas que davam acesso ao corredor, este qual que levava ao salão principal.
Harry tinha a leve impressão que seriam enxotados dali como dois cachorros, afinal, estavam cortando fila e não tinha nem ideia de como conseguiriam um passe, mas, surpreendentemente, Zayn apenas acenou para um deles, que balançou a cabeça em sua direção e retirou a faixa vermelha, dando espaço para que entrassem. Quando passou, o outro colocou em seu braço uma pulseira rosa brilhante, que indicava passe para a área VIP.
Surpreso, o Styles seguiu o moreno que cortava e costurava por entre as pessoas. Levaram algumas vaias e xingamentos, mas Zayn nem se importou, apenas levantando o dedo para elas e sorrindo zombeteiro.
Deram em um corredor escuro, com apenas algumas luzes azuis pelo chão iluminando o caminho, que estava menos cheio, com apenas algumas pessoas trocando pacotes e saliva. Harry segurou no ombro do outro, para não se perder, ou entrar em alguma porta que não devesse.
– Como fez aquilo? – gritou no ouvido dele, fazendo-se ouvir sobre a música altíssima, a essa hora distinguível como um pop dance qualquer.
– Eu conheço os seguranças. – gritou de volta, virando à direita na primeira bifurcação do corredor.
– É a vadia de algum deles? – brincou, sarcasticamente, e Zayn riu.
– Não, mas eles me devem alguns favorezinhos. – virou e piscou com a língua para fora, fazendo Harry rir baixo, rouco.
Finalmente chegaram à abertura, apinhada de gente suando, se pegando, dançando ou bebendo, apertadas umas contra as outras.
Fazia muito tempo que o Styles não ia naquele lugar, e havia esquecido do quanto ele era surpreendente. O salão principal parecia mais um campo de futebol cheio de gente. O piso era fluorescente, que brilhava com luzes estroboscópicas rodopiando por todos os lados. Os balcões de bebida se encontravam à direita, enquanto à esquerda estavam algumas mesas e sofás, também apinhados de gente.
Ao fundo, um DJ animava a festa, com dois pares de fones e provavelmente protetores bem forte de ouvido, já que as caixas praticamente estrondavam com o som. Nas laterais, haviam duas escadas espirais que davam na parte top da Outlaws, a área VIP, guardada por mais dois seguranças, que checavam a autenticidade das pulseiras. Ao fundo, uma das portas levava aos fundos da boate e a outra, aos banheiros.
Zayn segurou seu braço, guiando-o entre a multidão eufórica, a caminho das escadas. Passaram por algumas plataformas, onde garotas vestiam nada mais que blusas megadecotadas e sem calcinha dançavam 'sensualmente', entretendo os homens ao redor, que as olhavam como lobos olham carneirinhos.
Conseguiram atravessar a pista depois de algum tempo, e o Malik mostrou o pulso para o Gorila 1, que assentiu e apontou para cima, autorizando a passagem. Subindo que dois em dois, o garoto praticamente rebocou Harry, que se concentrava agora em não tropeçar nos próprios pés.
Chegando ao topo, observou o térreo, comparando-o com a nova pista. Não havia muita diferença, a não ser a superpopulação, agora bem mais reduzida. O som era mais nítido e menos estrondoso, e as luzes eram bem mais surpreendentes. Os balcões com bebidas eram mais acessível, tal como as mesas, e as pessoas ali pareciam mais 'comportadas', embora Harry tivesse avistado, nos primeiros três segundos, um casal não definido praticando o canibalismo bocal ali mesmo, no meio da pista.
Zayn olhou em volta, esfregando as mãos uma na outra, olhando em volta e sorrindo psicopaticamente.
– Eu vou atrás de uns colegas aí, pra conseguir uns bagulho, eu já volto. – e sumiu no meio da multidão.
Harry suspirou, escorando na grade de apoio. Sabia que ele não voltaria até de manhã, quando estivesse chapado, bêbado, todo mijado e com um par do sapato faltando.
Como fora abandonado pelo outro, Harry decidiu ir beber alguma coisa, para começar, e tentar tirar aqueles pensamentos sórdidos e sem sentido da sua cabeça, e quem sabe pegar uma ou duas garotas, o que não seria difícil, já que, era só piscar, e dúzias delas estariam caídas aos seus pés, ou melhor, ajoelhadas em seus pés, se é que entendem.
Precisava de algum tipo de distração imediata. Por algum motivo – desconhecido – não conseguia tirar da cabeça o rosto de um garoto que vira naquela manhã, mas por algum motivo, não conseguia se lembrar dele. Só dos olhos e da sua boca. Aqueles azuis celestes e aquela boca desenhada milimetricamente, apenas esperando para ser beijada.
Não que fosse se incomodar, claro. Ser bi tinha lá suas vantagens, também, e Harry aprendera isso da maneira mais difícil, que no caso, era fingir beijar garotas para agradar os pais, quando na verdade preferisse chupar outro tipo de coisa. Mas essa experiência servira de alguma coisa, no final. Harry aprendera a não repudiar as mulheres, mesmo que ainda preferisse foder os homens.
Se sentou em um dos bancos giratórios, pedindo uma dose dupla de qualquer coisa com álcool, sem se importar muito. Precisaria de pelo menos umas dez doses para ficar bêbado.
Assim que chegou, ia dar o primeiro gole quando sentiu uma presença ao seu lado. Era um homem, com seus vinte e tantos anos, o cabelo bagunçado e o pescoço completamente marcado por chupões. Trazia consigo um pacote de balas brancas.
– E ai, irmãozinho, rola uma? – gritou, estendendo o saco para ele. Dando de ombros, Harry aceitou, pegando uma das balas.
O homem saiu, cambaleante, e o Styles jogou o conteúdo dentro do copo, vendo a substância se dissolver em uma fumaça branca borbulhante. Quando as bolhas cessaram, virou o copo em um gole só, sentindo a bebida rasgar garganta abaixo.
Instantaneamente, sentiu uma euforia se formar na boca do estômago. Suas mãos formigaram, e seus músculos distenderam e relaxaram. De repente, sentiu uma vontade estranhamente louca de dançar.
Deixou o copo sobre a bancada e foi até o meio da multidão, se balançando ao som da batida de Avicii. Jogava a cabeça, os braços, rebolava, tudo que tinha direito. Trombava em algumas pessoas, dançava com outras, já não sabia mais distinguir homem ou mulher. Alguém passara a mão em sua bunda. Outra apertara seu mamilo. A música estava ficando mais e mais e mais alta a cada segundo, e logo, sua cabeça estava explodindo.
A euforia se transformou em cansaço. Sua visão estava embaçada, e tinha impressão de estar extremamente drogado com morfina. Os músculos, outrora relaxados, começaram a pesar tanto que já não conseguia mais se mover.
Harry começou a se desesperar. Forçou-se a andar até o andar debaixo, saindo pelos fundos, onde deu de cara com um muro de fumaça branca e o que parecia ser uma orgia ao ar livre. Cambaleante, andou até a quadra seguinte, afastando-se do som alto.
Quando estava em uma distância segura, desabou em um dos bancos de concreto do ponto de ônibus. Sua cabeça rodava, e parecia que tudo aquilo tinha acontecido em questão de minutos. Mas, ao pegar o celular, constatou que eram mais de duas da matina.
O tempo passara muito rápido, e só conseguia se lembrar das danças, da bebida, da bala, e só. Parecia ter sido dois minutos, e não duas horas. Se perguntou onde Zayn estava, mas não tinha forças ou coragem para ir procurá-lo. Decidiu mandar uma mensagem, só para não deixá-lo preocupado e ouvir merda no dia seguinte. Inventou uma desculpa qualquer, sabendo que o moreno só veria a mensagem dali cinco horas, então não haveria problema.
Zayne, sai com algumas pessoas. Acho que tinha uma garota também. Ela é muito gostosa. Nos vemos de manhã xH
Sentia-se mal por mentir para Zayn, mas lidaria com ele mais tarde. Agora, sentia-se triste, meio confuso, e só queria sair dali. De Sheffield. A cidade trazia lembranças que Harry tentava, a todo custo, esquecer.
Avistou o último ônibus da noite chegando e deu graças por sua sorte. Entrou pela porta dos fundos e sentou-se no penúltimo banco, olhando pela janela a noite escura e o céu recoberto por estrelas, tão opacas quanto ele próprio.
Sua cabeça fervilhava, trabalhando a mil, e o sono tornava suas pálpebras mais pesadas do que nunca. Seu estômago parecia embrulhado, e tudo que ele queria era dormir um pouco.
A viagem passou muito rápido, e logo estavam nos limites de Doncaster de novo. Além de Harry, havia uma senhora e dois garotos no ônibus, e todos desceram nos altos, sobrando somente o de cachos, que resolvera descer mais ao sul, perto dos morros, onde ficava o apartamento de Zayn. Sua cabeça rodava, não se lembrava male má o próprio nome, e estava suando muito.
Quando chegou seu ponto, desceu cambaleante, se segurando para não embolar os próprios pés. A rua estava deserta, tal como a cidade inteira. Harry caminhou sem rumo por algum tempo, a cabeça trazendo velhas memórias, inconscientemente.
Aquelas memórias o machucavam, e machucavam muito. Seu coração estava apertado, e tentava a todo custo trancar sua mente e impedir os velhos rostos. Por que tinha que sofrer daquela maneira? Por que não poderia esquecer tudo? Por que ele? O que ele fizera? Sempre fora um ótimo aluno, um ótimo filho, uma ótima pessoa. Por que, de todas as pessoas do mundo, justo ele tinha que passar por aquele tormento?
Cansado, exausto, tonto e com enjoo, Harry caiu à beira da calçada, tombando de lado contra a parede fria. A brisa era suave, e lavava seu rosto, acariciando-o. Seus olhos se fecharam, e tudo que ele queria era dormir um pouco.
Adormeceu, por fim, cinco segundos depois, ainda pensando que ele também tinha o direito de viver. Tinha o direito de ser feliz. E esses eram os pensamentos que, há tempos, esquecera de ter.
-x-
3ª. P.O.V.
L – 02:15 A.M.
Louis achara que a noite não poderia ficar mais entediante quando descobriu um novo nível de 'tédio', que convenientemente resolvera se juntar ao garoto naquele momento, ambos jogados sob a cama fitando o teto.
Depois do dia agitado que tivera, com tantas preocupações e acontecimentos, Louis pensou que, ao chegar em sua cama, adormeceria depressa. Mas, como sempre, estava enganado.
O garoto deitara-se perto das oito, quando Rosemare avisou que sairia para ir a um encontro da velha guarda com suas amigas e só voltaria pela manhã. Ela deixara as chaves com o garoto e toda a loja sob seus cuidados, o que o emocionou, de certa forma, pois provara que Rose realmente passara a confiar nele, mesmo em tão pouco tempo.
Assim, tomou um belo banho quente, comeu alguns pães deliciosos e alguns doces pegos na geladeira reserva da senhora, e subira até seu quartinho, deitando-se e se enroscando, crente que dormiria feito um bebê.
Mas a vida parece ter algo contra ele.
Assim que fechara os olhos, fora bombardeado de pensamentos, que gritavam em sua mente, não o deixando descansar. Vinham repentinamente, e a realidade se misturava com a imaginação, as memórias com suas fantasias. Logo, se vira preso em uma espécie de linha do tempo maluca, e sua cabeça começou a doer.
Então, pegou duas pílulas do frasco de remédios do banheiro e tomou, em uma tentativa – falha – de dormir. Mas as pílulas só o deixaram mais acordado. Logo, ele tentou fazer alguma coisa para passar o tempo e se cansar mais facilmente, mas descobrira que Rosemare parecia ter um jeito próprio de viver, que não incluía se distrair. A velha senhora não tinha absolutamente nada para diversão! A TV não funcionava, não havia computadores, revistas, livros, instrumentos musicais, nada. Apenas uma pequena sala com alguns terços e rosários, mas o garoto de olhos azuis não se sentia bem espiritualmente aquela noite.
Agora, depois de seis longas horas sem nada para fazer, decidiu ir dar uma volta. Tinha pensado nessa hipótese há algum tempo, mas estava adiando-a até o ponto crítico, e aquele era, sem dúvidas, o ponto mais crítico que poderia alcançar.
Tirou o pijama, a contragosto, e vestia uma calça de moletom simples, uma blusa branca qualquer e seu TOMs gasto. Pegou as chaves, bagunçou o cabelo na tentativa de parecer menos com um zumbi e saiu, trancando a porta.
Com as mãos no bolso, saiu pela calçada deserta, sentindo o vento bater em seu rosto, e pensando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Agora, convenientemente, sua cabeça estava vazia, e os olhos, pesados. Parecia que a vida o odiava mesmo.
Andando distraído, aproveitando a caminhada, seguiu em linha reta até perto dos morros, aparentemente longe, mas seu passo era lento, e estava bastante disposto. Foi então que, avistou algo que mudaria sua vida para sempre.
Ao longe, cerca de uns 300 metros, estava um homem. Jogada na calçada, apoiado na parte oposto, e parecia dormir. O primeiro instinto de Louis foi dar meia volta e sair dali o mais rápido possível, mas alguma coisa o impedia de ir. Algo como o sexto sentido, ou um pressentimento, ou a mania de ser estúpido, não sabia ao certo.
De longe, ele parecia quase... normal. Suas roupas denunciavam que não era um mendigo, e Doncaster parecia ser certinha demais para admitir esse tipo de pessoa. Antes de sequer controlar seus pés, Louis já estava andando em direção a ele.
Quanto mais se aproximava, mais seu coração palpitava. Logo, estava ao seu lado, e pode fitá-lo melhor. De perto, ele não parecia normal. Parecia um anjo.
Louis não sabia de onde vinha essa sensação de tranquilidade, mas ela surgira perto desde homem, cuja feição o Tomlinson tinha certeza que conhecia de algum lugar. Os cachos molhados, grudando em sua testa, emoldurando o rosto perfeito. Os cílios longos, as maçãs coradas e os lábios cheios e desejados davam-lhe uma grande feição afeminada, mas na opinião do outro, perfeita.
Agachou ao seu lado, passando a mão em sua testa, e constou que estava febril. As roupas pareciam ser de festa, e a pulseira neon em seu braço indicava que ele, provavelmente, estava em alguma boate, mas Louis não sabia que haviam boates que funcionassem até aquela hora, o que o fez supor que ele ou não era da cidade, ou estava em outra cidade.
Impulsionado por alguma forma superior idiota, Louis aproximou a mão sobre seu rosto, depositando-a em sua cabeça. Segundos depois, o homem gemeu, parecendo estar com dor. Ele se revirou alguns centímetros e abriu os olhos pesadamente, as fendas pequenas fitando o céu acima, sem focalizar nada em especial.
Demorou alguns segundos para Louis raciocinar o que estava acontecendo. Sentia-se em uma espécie de torpor causado pelo choque. De repente, se esqueceu onde estava, que horas eram, ou até mesmo seu nome. Por quê?
Porque estava diante dos olhos verdes mais lindos do mundo. Os olhos verdes-esmeralda mais lindos do mundo.
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Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)
Romance“Desde criança, aprendi que não existe compaixão. Não existe esperança, não existe o perdão. O que é meio irônico, considerando o que me tornei hoje. Mas, logo cedo, fui criado em um ambiente cheio de terror, medo e descrença. Nunca conheci meus pai...