God laughs when gays die

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[N.A] 200. 200. 200. 200. 200 COMENTÁRIOS, PORRA!
Eu deveria ter começado isso daqui com um pedido de desculpas e dizendo o quanto eu me sinto envergonhada por ter atrasado tanto, mas eu simplesmente não consigo, O ÚLTIMO CAPÍTULO TEVE 200 COMENTÁRIOS, E EU PRATICAMENTE SURTEI A SEMANA INTEIRA.
De qualquer maneira, me perdoem, de verdade. Eu estava em semana de recuperação, e estudei muito pra recuperar minhas notas vermelhas. Agora, eu já estou de férias, e prometo que postarei normalmente toda sexta! Além do que, eu tive que sair com a minha mãe, minha amiga vai dar uma festa de 15 anos e eu vou dançar, ou seja, ensaio atrás de ensaio e é isso ai, não tive tempo nem de respirar direito. Como compensação, fiz um capítulo megalegal, eu o amei, sério. Tá, eu acho que amo todos os capítulos, mas esse é especial. Eu me esforcei muito pra passar a emoção e os sentimentos do Louis, e espero de coração que gostem!
Sobre Ziam, Niam e Ziall: PUTA QUE PARIU HEIN, VOCÊS SÃO ANIMADAS, MEU DEUS AKLSJAKLJS (se bem que ninguém gosta de Niam, por quê? Eu amo Niam!). Eu vi seus comentários de defesa de seus shipps preferidos, e devo dizer que fiquei impressionada, ficou bem divido entre Ziam e Ziall. Por isso, vou tentar fazer alguma coisa que agrade todo mundo, ou seja, terão que esperar pra ver :)
No capítulo anterior (AQUELE QUE TEVE 200 COMENTÁRIOS E EU AMO VOCÊS COM O MEU CORAÇÃOZINHO) a maioria, grande parte mesmo, dos comentários, foi votando no casal da fic, e vou admitir que fiquei meio triste com isso. Eu me esforcei muito pra fazer alguma coisa legal de larry, e eu não tenho experiência com lemons e smuts, e não fiquei sabendo se vocês gostaram ou não, se tenho que melhorar, essas coisas, não teve muitos comentários sobre o capítulo em si :(
Mas não vamos desanimar com isso! Eu achei que esse ia ficar meio pequeno, mas ficou enorme! Espero mesmo que gostem, desculpem-me pela demora, de verdade. Eu amo vocês, unholers, vocês são os melhores! Kisses -M (alguém ai é fã de PLL? *blushing and laughing*) [/N.A]

3º. P.O.V.

O cômodo parecia ser relativamente grande e arejado, mas, naquele momento, suas paredes se fechavam contra os garotos, e o vapor aquecia o ar infindavelmente, dando a impressão de que estavam em uma sauna. O espelho até mesmo embaçara um pouco, e, com a porta fechada e apenas uma pequena janela ao alto, ventilando o local, era quase impossível de se respirar ali dentro.

Louis, ainda sentado na bancada, arfava loucamente, tentando recuperar o fôlego e processando o que porras havia acabado de acontecer. Suas pernas, bambas, pareciam ter se dissolvido em ácido puro, enquanto seu abdômen retraía-se miseravelmente, em repuxões dolorosos e desconfortáveis. Sua calça parecia apertada demais para o momento, e tanto sua cueca quanto seu próprio pênis estavam parcialmente sujos, grudando a pele contra a parte de sua coxa exposta. Em qualquer outra ocasião, o garoto de olhos azuis já teria se suicidado de tanta vergonha por estar daquela maneira na frente de outro homem, mas haviam dois irrelevantes detalhes que o impediam de enterrar sua cabeça no buraco mais fundo que achasse: (1) Louis estava ocupado demais tentando recuperar o ar e sanidade mental e (2) aquele homem era Harry Styles.

Harry Styles, este, que não se encontrava em melhores situações. Surpreendentemente, e, pela primeira vez em sua vida, havia gozado apenas de ver Louis gozando. Sua calça estava apertada e incômoda, enquanto seu pênis lambuzava-se contra o pano, inconvenientemente melado pelo sêmen expelido, mas pelo lado bom, sua calça não havia sujado.

O cacheado ainda não entendera o que acontecera, tampouco. Nunca havia ficado tão excitado com apenas alguns beijos e toques, e ver Louis contorcer-se em seus braços, revirando os olhos de puro prazer, foi o ápice para que sentisse se repuxar ao baixo-ventre, admirando e desfrutando da bela cena a sua frente. O menor inclinado para trás, os lábios rosados entreabertos e suspirando, o cabelo bagunçado e grudando em sua testa, enquanto seu peito arfante subia e descia descompassadamente. A visão mais tentadora e pecaminosa que já vira, definitivamente.

- A-acho que precisamos vo-voltar. - gaguejou Louis com certo esforço, respirando fundo duas vezes para se acalmar. Não sabia se conseguiria ficar de pé, mas era melhor não arriscar. Fechou a calça, corando levemente, e coçou os olhos, sentindo-se subitamente exausto.

- Provavelmente. - Harry murmurou, afundando a cabeça no vão do pescoço de Louis, inspirando fortemente para sentir sua fragrância deliciosamente viciante, ainda mais misturada com cheiro pós-foda. Era simplesmente irresistível, assim como tudo no garoto.

- Ha-harry, por favor... - o mais velho suspirou, não fazendo força para afastar os lábios do Styles de sua pele, que já tornava a se aquecer. Era instantâneo, uma reação que somente o de olhos verdes causava em si. Lembrava - como se tivesse acontecido ontem - quando foi assediado em seu quarto. As mãos passeando por seu corpo desnudo enquanto aqueles lábios trabalhavam marcando cada pedaço acima de sua clavícula. Só o pensamento já fervia seu interior novamente.

- Tudo bem, vamos. - suspirou contra a pele, afastando-se lentamente - Continuamos depois. - e lhe deu aquele tão conhecido sorriso, meio torto, como se zombasse de tudo e de todos, mas, com uma centelha de malícia e felicidade.

O menor preparou-se para por-se de pé, quase se esquecendo do real motivo que fora até o cômodo atrás do garoto. Harry e seu ataque de ciúmes possessivo obsessivo compulsório. De certo modo, era surpreendente saber que Harry Styles tinha ciúmes de algo ou alguém, mas, por outro lado, parecia ser a cara dele.

Com os pés tremendo, Louis apoiou-se no braço de Harry, que sorriu ao sentir o leve toque do garoto. Seus dedos se fechavam com suavidade, como se tivesse medo de machucá-lo, e era tão doce que o Styles pensou que, se algum dia precisasse escolher a forma de como morreria, definitivamente escolheria morrer por diabetes de Louis Tomlinson.

O mais velho destrancou a porta devagar, para não fazer barulho e chamar mais a atenção. Tinha uma vaga ideia de que os meninos com certeza sentiam sua falta, e zombariam horrores deles, principalmente Niall e Zayn. Liam, provavelmente, olharia para eles com seu típico olhar julgador, com uma careta, os lábios crispados e o semblante sério. Infelizmente, seus amigos eram totalmente previsíveis.

Saíram do banheiro sem trocar palavras, sentindo uma lufada de ar gélido cruzar contra seus rostos, e o corredor silencioso pareceu ainda mais silencioso. Em segredo, as mãos de Louis procuraram pelas de Harry, entrelaçando seus dedos em um movimento discreto, que fez o encaracolado sorrir. Louis ia na frente, cauteloso, arrumando o cabelo e as roupas como se não tivesse acabado de ganhar uma punheta do até-então-ainda-não-namorado.

Atravessaram a passarela em passos curtos, entrando na sala iluminada com semblantes inocentes. Tinha uma pequena ideia de que as paredes não era a prova de som, e com o pequeno escândalo proporcionado por Louis, qualquer dúvida de que os três sabiam o que tinha ocorrido enquanto estavam fora havia desaparecido por completo.

Ao chegar, deram de cara com a cena típica. O irlandês os encarava descaradamente, com um sorriso que poderia rasgar seu rosto, os olhos brilhando. Zayn estava na poltrona, os braços confortavelmente apoiados contra o batente e um sorriso mais que pronunciado. Liam encarava o nada, bufando como um touro irritado, tentando fingir que o moreno não existia, muito menos o fato de seu irmão de consideração estar se pegando loucamente com o quase-e-ainda-não-namorado no seu banheiro.

- Eu teria todo o prazer do mundo em zoar vocês dois, mas tenho um assunto sério a tratar com Harry. - riu sem humor, pondo-se de pé em um instante - Hazz, algum problema de conversarmos na cozinha?

Harry olhou confuso para Louis, como se direcionasse a pergunta a ele, pedindo permissão, e o garoto apenas deu de ombros e soltou suas mãos, vendo-os desaparecer por trás da meia-parede que repartia os cômodos. Suspirou, indo se sentar ao lado de Liam, e Niall, mais que depressão pulou ao seu lado, como uma criança em dia de Natal, prestes a ganhar o presente.

- O que aconteceu? - perguntou para o mais velho, ignorando a presença loira. Liam suspirou, descruzando os braços e escorregando levemente pelo sofá.

- Não faço a menor ideia. Estávamos jogando quando, de repente, o muçulmano ali recebeu uma ligação e sumiu no corredor. Quando voltou, estava todo sério. - detalhou, e Louis tivera que segurar o riso quando ouviu 'muçulmano'. Liam realmente parecia ter uma espécie de ódio gratuito por Zayn, que surgiu inexplicavelmente desde o primeiro momento que o viu em sua frente.

- Isso é estranho. - comentou, enrolando um dos dedos em uma mecha de cabelo que o incomodava à frente dos olhos - Acho que não é nada demais. Eles tem os assuntos deles. - deu de ombros. Realmente não se importava tanto assim com o que Harry fazia ou deixava de fazer. Claro, sentia-se meio incomodado por ser deixado de lado, porém, sobretudo, confiava o suficiente no de cabelos cacheados para deixá-lo resolver o que quer que fosse.

- Quem se interessa por eles? Queremos saber de você! - Niall exclamou de repente, de Louis sentiu a face corar. Sabia que o loiro traria aquele assunto a tona, uma hora ou outra, afinal, ele era o irlandês mais hiperativo de toda UK.

- Niall. - Liam o repreendeu, rolando os olhos e corando, não tanto quanto Louis, que quase se confundia com as almofadas vermelho sangue postas sobre suas costas.

- Liam! - o Hora retribuiu - Eu só sou curioso! Me deixa viver.

- Isso não é assunto para se discutir assim! Aquilo foi uma imensa falta de vergonha. - brandou, com os braços cruzados com força sobre o peito.

- Desculpa. - Louis murmurou, murchando aos poucos, ensurdecendo-se para o mundo exterior, onde o loiro e o maior entravam em uma calorosa discussão sobre a privacidade alheia.

Mesmo que custasse a admitir, Liam estava certo. Louis sentia-se tão envergonhado como nunca antes, e sua mente repassava cada momento, cada toque, cada memória um milhão de vezes, tão rápido e nítido quanto em um filme. Chegava a ser torturante. O garoto não queria que aquilo acontecesse, entretanto, fora inevitável. Sentiu-se dominado completamente pela força do de olhos verdes, embebedado pelo seu charme natural, envenenado pelas palavras doces e doentiamente possessivos que ele desferia para si. Seu corpo estava sujo, e, enquanto uma metade agonizava por mais uma sessão, a outra metade o xingava e insultava-o dos piores nomes. Não sabia qual estava certa, entretanto. Era como o anjo e o diabo em seu ombro. O diabinho dizia que não havia nada de errado, que eles se gostavam e que foram apenas toques e beijos inocentes. O anjo o olhava repreendedor, brandando sua lira contra ele, proferindo sermões sobre a criação do homem para a mulher, do pecado da carne e do tentado homossexualismo, uma obra D'Aquele que fora expulso do Céu.

Ou talvez Louis estivesse, de fato, enlouquecendo.

- Ah, calem a boca. - gritou, depois de um tempo, e tanto Liam quanto Niall o fitaram emburrados, Liam bufando alto - talvez aquele fosse um vício extremamente irritante por ele adquirindo - e Niall com um bico estupidamente fofo no rosto. Sua cabeça estava doendo um pouco, e ele não conseguia raciocinar direito. Quando Liam abriu a boca para responder, Zayn e Harry surgiram na sala, ambos com o semblante sério, e Louis, em um salto, prostrou-se ao seu lado. Imediatamente, seu braço rodeou a cintura do menor possessivamente - Está tudo bem? - perguntou, dirigindo-se aos dois meninos. Zayn apenas deu de ombros, distraído.

- Claro, babe. Nós precisamos ir. Desculpe. - mordeu os lábios, e Louis tentou não demonstrar sua frustração. Forçou um sorriso pequeno, balançando a cabeça compreensivamente.

- Tudo bem, não se preocupe comigo.

- E, bem... nós vamos viajar. - soltou a bomba, ainda com o lábio inferior prensado sobre os dentes, o olhando com expectativa, esperando por um surto, vasos quebrados, palavrões e acusações. Mas não aconteceu. O de olhos azuis apenas congelou, mergulhando mais uma vez na tempestade de seus próprios pensamentos.

Tudo estava acontecendo muito rápido, e o que eles mais desejava era que o tempo desacelerasse. Harry iria viajar. Para onde? Não sabia. Quando? Tampouco. Sentia-se ligeiramente desapontado por estar sendo excluído, e carecia de informações. A única coisa que tinha era o verbo conjugado na primeira pessoa do plural, o que, obviamente, indicava que Zayn iria com ele. Aquilo pareceu acalmá-lo. Estranhamento, o menor detinha uma confiança ligeira no muçulmano, confiando que ele cuidaria para que Harry não fizesse nenhuma besteira.

Ele podia lidar com aquilo. Seria tranquilo. Quem sabe a separação não fosse boa para eles. Algum tempo afastados certamente firmaria a convicção da relação. Ele podia lidar com aquilo, definitivamente. Seriam alguns dias, quem sabe semanas, no máximo alguns meses. Estava tranquilo. Ele podia lidar com aquilo. Ele lidaria com aquilo. Lidaria como um adulto que certamente era.

- Está tudo bem para mim. - replicou depois de algum tempo, brincando com a bainha solta da camiseta do maior distraidamente. Todos na sala pareciam não respirar, sobretudo Harry, que encarava o menor agarrado em seu torso com incredulidade, admiração e um certo orgulho reprimido. Esperava todo tipo de reação, menos aquela. Sentiu o sentimento aumentar dentro de seu peito, pensando que talvez fosse por isso que escolhera Louis. Ele estava sempre o surpreendendo.

- Você tem certeza, querido? - ronronou em sua orelha, e Louis inclinou-se ligeiramente para contra os lábios de Harry, totalmente entregue a carícia, quase estupidamente.

- Absolutamente. Será apenas por algum tempo, eu consigo sobreviver. - brincou, sorrindo torto.

- Isso é perfeito! - Zayn exclamou, segurando os ombros de Louis e depositando dois beijos contra suas bochechas, como um holandês. Sob a vergonha, o de olhos azuis percebeu Niall rindo e Harry resmungando alguma coisa com 'fique longe dele' - É por isso que eu te amo, Louis!

- Eu... ahn... - gaguejou, sem saber o que dizer, enquanto o Malik puxava-os com pressa para a saída, ou apenas tentava, considerando que Harry era uma muralha comparado a eles, e fazia força contra o garoto para proteger Louis.

- Zayn, não o envergonhe dessa forma. - ralhou com o amigo, que deu de ombros, sem se importar realmente. Depois, voltou-se para Louis, o olhar preocupado. Acariciou sua bochecha levemente, sussurrando para que somente ele o ouvisse - Eu e Zayn voltamos o mais rápido que pudermos. Vou te deixar um envelope com uma certa quantia, para que você possa comprar o que quiser, e também a chave reserva do meu apartamento. O endereço estará no envelope. Quando chegar na loja, pegue algumas roupas e vá direto para lá. O porteiro já foi avisado. - instruiu, e Louis preparou-se para responder, incrédulo.

- Harry, eu não posso aceitar isso, eu-

- Mmm. - o garoto ronronou, calando-o - Pode aceitar sim. Não te quero morando sob o teto daquela velha psicótica. Assim que eu voltar, arranjaremos um apartamento para você. Enquanto isso, não relute em usar o dinheiro que eu te deixar, okay? Prometa-me , Louis. - seu toque era gentil, mas seus olhos eram perfurantes e de um brilho anormal - Me prometa que vai ficar em segurança.

- Eu-eu... eu prometo. - suspirou. Não tinha como lutar contra as esmeraldas dos olhos dele e seus dedos percorrendo suavemente sua clavícula. Não que tivesse intenção de sequer tocar no dinheiro de Harry, mas quem sabe não pudesse passar a noite no apartamento do garoto. De dia, poderia trabalhar em tempo integral, e não é como se o cacheado fosse ficar sabendo, alguma hora.

- Perfeito. - murmurou, beijando sua testa - Zayn, podemos ir. - ouviu-se um aleluia da porta, e Louis quase riu - Liam, Niall, foi um grande prazer conhecê-los. Espero que possamos sair mais vezes. - disse cordialmente, e, naquele momento, Louis se perguntou se havia uma só pessoa no mundo que fosse capaz de odiar Harry Styles.

- O prazer foi nosso, bude! Volte mais vezes. - Niall respondeu, completamente entregue pelos encantos do maior. Liam apenas acenou com a cabeça, sem dizer nada.

Louis os acompanhou até a porta, erguendo os pés para tocar os lábios de Harry, agarrando-se em sua nuca como se nunca mais fosse o ver. Harry apertou sua cintura com força e o ergueu milimetricamente do chão, beijando-o com voracidade. Quando se separaram, grudou suas testas e o fitou.

- Voltarei antes do que você imagina. - o soltou, seguindo Zayn pelo corredor, que acenava animadamente, gritando que logo estariam de volta. E então, sumiram no elevador. Louis voltou para dentro, fechando a porta atrás de si, já sentindo o peso da ausência de Harry no local.

Fitou os amigos, sentados no sofá, e o silêncio pairou sobre eles como uma nuvem cinzenta e pesada. Caminhou até a poltrona e se jogou nela, sentindo o cheiro do de cabelos encaracolados sobre sua roupa. Sua mente estava pesada, e inúmeros pensamentos se embolavam em um grande novelo de lã.

- Bem, o dia foi muito interessante. - Niall, mais uma vez, quebrou a bolha incômoda que se instalara. O loiro esticou os braços para cima, alongando-os, parecendo alheio a qualquer tipo de situação negativa que o atingisse - Mas eu estou morrendo de fome. - essa era uma das grandes qualidades dele que Louis admirava.

Em questão de segundos, todos caíram no riso, jogando a cabeça para trás e com lágrimas escorrendo sob o rosto. A espontaneidade do Horan era um atributo que qualquer um invejava e desejava ter. Ele fazia com que até mesmo um velório se tornasse menor chato e depressivo. Louis limpou os olhos, fitando o amigo e Liam, que também gargalhava com as mãos na barriga. Talvez fosse a camaradagem que havia entre eles que tornara tudo tão simples e fácil.

- Niall, você não existe. - Liam proferiu, também limpando as lágrimas e respirando fundo, endireitando-se no sofá - Bem, vamos sair um pouco, ir a alguma lanchonete. - propôs, e Niall mais que depressa pulou e correu até seu quarto para vestir-se. O maior fitou Louis com os olhos divertidos, sem dizer nada, e novamente um peso assolou o menor, com tanta força que ele quase ofegara de susto.

Os olhos castanhos do amigo, embora agora gentis e companheiros, traziam em sua memória as palavras que antes proferira. As cenas voltaram a passar em sua mente, e ele sabia que não conseguiria afastá-las por muito tempo. O peso da culpa caiu novamente sobre seus ombros, e agora estava difícil respirar.

Louis só queria fazer o que quisesse ser ter uma discussão interna toda vez que achasse alguma coisa errada. Era inevitável, entretanto, que se culpasse por cada mísero pensamento acusatório que recriava em sua mente fértil. Harry beijando seu pescoço, Harry o tocando, Harry o olhando, Harry, Harry, Harry.

Engoliu em seco. Precisava ao menos tirar aquele peso de sua mente, ou enlouqueceria antes do pôr do sol. Decidiu, por fim, ir a um lugar que, outrora, pensara em nunca mais visitar.

- Hey, Liam, eu vou até a abadia, o Reverendo queria... hm, falar comigo mais cedo. - aquilo era uma meia-verdade. Liam o fitou surpresa, mas nada disse, apenas sorriu torto, pensando que o amigo, talvez, estivesse caindo em si.

- Okay, Lou, nós te deixamos lá.

Niall chegou, e logo os três saíram do prédio. O carro esportivo de Liam, sempre esquecido na garagem, estava coberto com uma lona, e Louis nunca deixava de admirar aquele belo conversível de 1879 com o capô vermelho. Contudo, nada disse, imerso na própria poça de lama de escuridão e culpa. Sabia que não deveria se sentir daquela maneira, mas precisava, ao menos, visitar algum lugar de paz, conversar internamente com Aquele que o guiara até ali. Quem sabe Deus não o respondesse, dizendo que tudo ficaria bem, que ele era um filho querido e que todos era livres para amar?

Respirando fundo, subiu no banco de carona, e observou o lado de fora, sentindo o vento bater contra seu rosto, e os amigos conversarem e cantarem qualquer coisa que tocava no rádio. No espelho retrovisor, um pequeno terço dependurado e balançando o lembrou, subitamente, de onde pertencia.

Chegaram rapidamente, e Niall se despediu tipicamente com um abraço apertado, enquanto Liam bateu com sua mão em um High-5 rápido. Arrancaram, deixando o garoto na calçada, fitando toda a imensidão da construção à sua frente. Nunca deixaria de se impressionar com os detalhes retratados nos vitrais, mas, naquele momento, ela parecia ter criado vida própria, e crescido alguns metros.

Repetindo à si mesmo para não ser um covarde, Louis entrou pelas portas do fundo, engolindo em seco ao avistar o armário dos mantos das coroinhas, mesmo armário, aquele, onde Harry o beijara pela primeira vez. Parecia que tudo a sua volta o ligava à Harry de alguma maneira.

Andando sobre o piso barulhento, Louis percebeu que estava quase na hora da missa dominical da tarde. Encontrou alguns funcionários do ministério preparando as hóstias em taças de cristal, enquanto o órgão afinava seus instrumentos. Saiu do caminho para não atrapalhar ninguém, e, rapidamente, avistou Stanley, com sua calça preta apertada e sua camiseta pastoral de gola branco. Quando o viu, acenou amigavelmente, caminhando até ele com alguns papéis na mão.

- Lou, que bom te ver! - o abraçou rapidamente - Estou com as inscrições para o seminário aqui, semana que vem já estarão abertas as vagas. Vão ser seis meses de novicio, e depois você já poderá ingressar no curso para diácono. Não é incrível? - sua animação era palpável, e Louis forçou um sorriso, tentando corresponder a altura, mas subitamente, seus órgãos internos pareciam ter congelado.

Novamente, a culpa veio como um caminhão em alta velocidade se chocando contra um muro de concreto. O seminário. O diaconismo. Todo o sonho de Louis, convenientemente esquecido e suprido por Harry. Quando estava com ele, o garoto não pensara no futuro, só queria viver o momento. Quase esquecera qual era sua verdadeira função, o motivo que estava ali, o motivo que o trouxera de volta para Doncaster, e, consequentemente, o motivo que o levara até Harry.

- Isso é fantástico, Stan! - fingiu animação - Mal posso esperar. - murmurou, tentando parecer convincente. Stanley nada percebeu, sorrindo para o garoto com todos os dentes a mostra.

- Que bom, mal posso esperar também! Bem, eu preciso ir. Se quiser falar com o Reverendo, ele está no escritório, lá em cima. Pode subir, fique a vontade. Nos vemos depois! - e com isso saiu, se misturando ao amontoado de gente que corria para lá e para cá.

Louis resolveu subir as escadas, rumo ao escritório principal de Francesco. Com certeza ele saberia o que dizer, ou, então, era, no mínimo, silencioso, e poderia refletir com tranquilidade.

A escadaria de madeira polida era circular, e levava até o segundo e último andar da construção, onde ficavam os paços organizacionais, os banheiros, os confessionários e o quarto do monsenhor. Louis seguiu no silêncio do corredor até o final, onde a porta encontrava-se aberta e a luz natural passava pelas janelas e refletia no chão. Pé-ante-pé, seguiu silencioso e espiou para dentro, avistando Francesco, de costas para ele, mexendo em alguns papéis, com uma Bíblia aberta sobre a mesa. Em geral, era um escritório comum, com uma escrivaninha, fotografias de Papas e figuras importantes e um armário polido, provavelmente com alguns artefatos antigos.

- Com licença? - bateu duas vezes na porta, vendo o baixo e redondo senhor pular de susto, com uma das mãos no peito ofegante e um sorriso enviesado.

- Louis, meu filho, pode entrar! - o garoto o fez, se sentindo imediatamente acuado - Que bom lhe ver.

- Igualmente, Pai. - murmurou, respeitosamente, sobretudo - Stanley disse que eu podia subir. Estava procurando algum lugar tranquilo para meditar, se não for de muito incômodo. - disse cordial, e Francesco fez um gesto de indiferença com a mão.

- Ora, fique a vontade, filho. Estou de saída já. Só estava revendo as leituras da próxima missa. É uma passagem muito boa. - comentou, revirando os papéis novamente.

- Oh, é mesmo, padre? E qual seria? - indagou Louis, deixando seu lado curioso falar mais alto.

- Romanos 1:27. - seu sorriso parecia cruelmente maior - Conhece? - claro que Louis conhecia, mas sua garganta estava fechada - “Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão”.

Ele sabia. Louis tinha certeza. Ele sabia, e estava o aterrorizando, porque Louis havia pecado. O garoto sentiu as pernas tremerem e a cabeça dar pontadas, cegando-o de dor. A culpa que o assolava parecia aumentar mil vezes mais, e as palavras falsamente doces do reverendo ecoavam como uma sinfonia em seus tímpanos. De certo modo, Louis merecia sofrer, pois havia pecado. De alguma forma, Francesco sabia de absolutamente tudo, e aquele sorriso que rasgava seu gordo rosto velho continha uma ponta de escárnio.

- É uma bela passagem, senhor. - engasgou para fora, procurando sua voz.

- Concordo, concordo. - suspirou, reunindo suas coisas e colocando o chapéu na cabeça, aumentando a figura ameaçadora - Bem, fique a vontade, filho. Use o tempo que precisar. Até logo. - saiu, os pés quicando contra o chão desengonçadamente.

Louis ofegou, o ar não chegando aos pulmões, e precisou se apoiar contra a mesa, sentindo que estava tendo um infarto. Seu peito doía, e sua cabeça parecia um turbilhão de imagens e palavras. Harry, sobretudo, misturava-se com as figuras horrendas de homens queimando em praça pública, por praticarem o ato do homossexualismo.

O menor se sentia mais sujo do que nunca, sendo consumido por um verme gosmento e nojento, que se embrenhava em suas células, consumindo-o lenta e dolorosamente. Louis queria gritar e berrar para que aquelas sombras e vozes o deixassem em paz. Ele não havia feito nada de errado, mas, subitamente, sentia-se afogando em lava fervente, tal como Dante retratou em sua obra infernal. Mas, naquele momento, nem Virgílio seria capaz de salvá-lo de seus próprios pensamentos insanos.

E então, viajou para uma época longínqua de seu passado. Uma época onde tudo era mais simples, e Louis viajava pelo mundo em busca de conhecimentos e de peregrinação.

Era de manhã, e as ruas de pedras já se encontravam apinhadas de gente. As barracas de comércio madrugavam no local, esperando por clientes para poder sobreviver mais uma vez. Naquela época do ano, Meca era cercada de peregrinos em busca de visitar o Sagrado.

Louis havia iniciado sua jornada há quase um ano quando resolvera visitar o lugar, no mês de Ramadã. Tentava ao máximo aprender todas as culturas, afirmando a si mesmo que Deus era somente um, e estava em todo lugar, em todo mundo, não importava de que forma, fosse como profeta, como elefante ou como uma estátua de doze braços.

Vestindo sua roupa de malha branca e seu cajado, que auxiliava nas escaladas difíceis, o garoto caminhou junto com os outros turistas até uma das mesquitas, parando em frente desta e observando uma multidão que se formara perto de um dos muros que cercavam o local.

Curioso, aproximou-se deste, parando ao lado de um velho monge. Este vestia uma túnica branca rasgada, amarrada com um pedaço de corda, e seus pés estava desnudos contra o chão. Sua barba branca era longa, e sua cabeça, careca. Seu olhar era fixo e piedoso, sua figura representando tipicamente toda a imagem profetizada que as pessoas tinham daquele lugar.

- O que está acontecendo? - perguntou em inglês, torcendo para que ele o entendesse.

- Ah, meu filho, esses humanos perdidos em seu próprio caminho, que vandalizam os muros Sagrados em busca de sua autoafirmação. - o velho respondeu, em um inglês rústico e carregado de sotaque. O garoto de olhos azuis ergueu os pés, tentando ver, até que encontrou o alvo do alvoroço.

Uma parte do muro cinza estava manchado de preto, com a grafia torta e os resquícios de tinta escorrendo em gotas. Haviam apenas cinco palavras, pintadas em preto, e Louis surpreendeu-se ao conseguir lê-las, enquanto alguns dos policiais molhavam rodos de pincel com nova tinta para apagar.

DEUS RI QUANDO GAYS MORREM.

Incrédulo, voltou-se para o monge, que acenou tristemente para ele. Aquilo era inconcebível na opinião do garoto, manchar, vandalizar um local público e sagrado com palavras tão ofensivas e tão carregadas de ódio.

- Terrível, não? - comentou o monge. Louis assentiu, mordendo os lábios e virando-se para a multidão, que gritava com os policiais que tentavam remover a pichação e controlar a euforia. Sentiu-se aliviado quando soube que até mesmo os mais sábios e antigos concordavam com ele. Aquilo era, de longe, uma demonstração horrível de falta de humanismo e compreensão no coração de todos aqueles que concordavam com aquele horror - Essas pessoas deveriam morrer.

- Concordo. - tratou de assentir rapidamente, sentindo-se indignado por dentro.

- Gays deveriam todos morrem nos mármores do inferno de Alá. - o velho monge continuou, e o estômago de Louis caiu. O que ele queria dizer com aquilo? - Esses policiais também deveriam morrer. Não se deve apagar a sábia profetização Daqueles que tudo sabem. Repintar os muros sagrados para esconder a verdade é inconcebível, filho. Esse vandalismo daqueles que se autoproclamam autoridades é, de longe, a prova de que o mundo está perdido. - balançou a cabeça em seu monólogo, e saiu andando.

Naquele momento, Louis se deu conta da terrível verdade. Não importa a região, não importa a religião. O ódio havia dominado as pessoas. Elas repugnavam as diferenças que iam contra o que estava escrito em um livro velho feito por homens, tão pecadores quanto eles. Mas, não importava. Gays deveriam morrer. E aquilo era triste.

Louis não percebeu que estava chorando até soluçar alto, tentando respirar. Todos os odiavam. Ele se odiava. Aquilo não era natural, não era normal, não era aceitável. Não deveria existir. Harry não acreditava em Deus, e então, não tinha remorso, não tinha culpa, mas Louis sim. Louis havia ido contra os ensinamentos Dele, ele era sujo. Todos os odiavam. Ele não deveria existir. Ele deveria morrer. Deveria expurgar todos os seus pecados.

Onde estava com a cabeça? Estava claro de que aquilo nunca seria certo. Pensou, por um momento, que conseguiria conviver com a culpa e a vergonha, mas estava errado. Deus não amava os gays. Ele havia criado o homem e a mulher para que eles dessem continuidade à humanidade. Havia firmado uma aliança com seus filhos, para que seguissem seus ensinamentos e suas regras. Aquilo era nojento. Aquilo não era humano.

Cego pelas lágrimas, cambaleou até o velho armário, sua mente se clareando com uma iluminação. Não sabia de onde havia tirado aquela ideia, mas não tinha outra escolha. Para limpar os pecados da Terra, o Filho do Homem havia sido pregado na cruz. Para limpar os pecados, tinha que haver a dor, o sofrimento. Para limpar os seus pecados, Louis tinha que experimentar a dor, tinha que experimentar o perdão.

O velho monge estava certo. Francesco estava certo. Louis precisava se libertar. Com dificuldade, abriu o grande armário, fitando as diversas peças dali, e então o viu, no canto superior, colocado cuidadosamente entre suas estacas.

A Igreja fora acusada de tortura contra seus fiéis, e, por conta da repercussão negativa, tivera que esconder todos seus objetos de purificação. Agora Louis entendia. Com as mãos trêmulas, pegou a cinta de couro, exatamente igual àquelas que vira em seu livro, quando estava na peregrinação do seminário. Tão real quanto podia ser. Louis estava com medo, também. Seu coração clamava por Harry, em algum lugar do mundo agora, alheio ao desmoronamento interno que Louis sofria naquele instante. Ele queria que ele o abraçasse, dissesse que tudo ia ficar bem e que eles não precisavam daquilo. Que o amor deles era mais forte que tudo, e que não era nada errado. Mas aquilo não ia acontecer. Por mais que seu corpo chamasse por Harry, sua mente o prendia contra a dura verdade.

No final, ele estava sozinho ali. Ele, seus pecados e um Deus que o odiava. Tudo em que ele acreditava, tudo que ele sentia, ruiu aos seus pés. Ele era como um castelo com pilares de areia e sal. E agora estava desmoronando lentamente.

Fungou alto, o peito doendo como o inferno. Talvez Deus estivesse o castigando, e ele fora parar lá mesmo. Apertou contra seus dedos a cinta, a virando do avesso e enxergando o seu carrasco. As lágrimas molharam a camiseta que outrora tinha o cheiro de Harry, mas agora estava sendo lavada com sua dor. Os espinhos pontiagudos presos ao cilício nunca pareceram tão dolorosos.

Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)Onde histórias criam vida. Descubra agora