Forgive me, Sir, because I sinned, and I liked

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[N.A] HELLO EVERYBODY!! Eu voltei, uma semaninha atrasada, mas graças aos bom deuses, minha semana de provas terminou LALALALA agora graças à SANTA SEMANA SANTA, tenho uns bons dez dias sem aula hihi ~chora inimigas ALSKJDSAJDSKJL vou aproveitar e adiantar alguns capítulos da fic, of course.
GENTE, VOCÊS VIRAM QUE O NOVO SINGLE É YOU AND I??????? EU AINDA TO TIPO SURTANDO, PORQUE YOU AND I É MINHA VIDINHA, E SE TIVER TIPO QUALQUER OLHAR LARRY EU JURO QUE ME GILETO ATÉ A MORTE LASJDASJDSLAKJ enfim, passou. E ainda tem o clipe de Salute, essa vida de cangerígena fã de banda flopada é foda, viu... E AINDA TEVE O CLIPE DE JUST THE TWO OF US, estou gravemente viciada nessa música, alguém me helpa.
E FALTAM SÓ 29 DIAS PRO SHOW DAQUELES GAYZINHOS AQUI EU TO GORFANDO DE ANSIEDADE, ALGUÉM AI VAI DIA DEZ NA PREMIUM BRANCA??????? VOU TÁ DIVANDO LÁ BERRANDO E SURTANDO besos recalque ;*
Mas ninguém quer saber dos meus surtos, né? Sldjasljdlaskj podem ler, eu deixo.
ANTES DISSO!! GENTE, TENQUI IOU PELOS COMENTÁRIOS, EU LEIO E AMO TODOS, FAÇO DANCINHAS DOIDAS E GRITO MUITO, amo todos vocês do fundo do meu heart. Agora podem ler, até mais.

P.S.: O sermão não foi inventado. Eu escuto isso toda santa vez do meu pai, sempre que o assunto 'LARRY' surge. Ele abomina homossexuais, pois é. [/N.A]

3°. P.O.V.

– Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

– Amém.

A cerimônia começou sem maiores delongas. O arcebispo, no centro do altar, iniciava a missa dominical, como toda semana. Stanley se encontrava mais atrás, como ajudante, e Louis, mais ao canto, em uma das primeiras cadeiras, virado para a porta da frente, em cima do altar junto às coroinhas, com a postura ereta e Rose em seu encalço, os olhos firmemente pregados ao padre quase como se o cultuasse.

Os cantos salmistas vieram e foram sem que o Tomlinson percebesse. Sua mente divagava em outro universo, um universo paralelo de outra dimensão alternativa. Mais precisamente para a noite anterior, da qual ainda sentia a pele queimar em brasa e o coração palpitar debaixo do pano preto que Rosemare o obrigara a vestir para a primeira missa que frequentariam juntos. Segundo a senhora, “aquelas tatuagens estranhas e ridículas não deveriam ficar a mostra”. Mas nem mesmo ela conseguira tal proeza de esconder as 'marcas de guerra' do garoto, então só o obrigara a vestir sua roupa mais discreta.

A mulher não percebera um alfinete sequer fora do lugar quando chegara às quase quatro da matina, mas com certeza deve ter percebido a escola de samba que estava o coração de Louis. Não conseguiu pregar os olhos até de manhã, e nem o banho mais gelado da sua vida servira para apaziguar seus hormônios e a tremedeira das suas pernas.

Depois da ida do homem misterioso, Tomlinson simplesmente não conseguira mais pensar racionalmente. Sentia-se sujo, tinha a consciência pesada. Mas, ao mesmo tempo, ainda era capaz de sentir aquelas mãos segurando sua cintura, ou aqueles lábios quentes tocando toda a extensão da curva de seu pescoço até sua orelha. Essa sensação lhe causava arrepios nunca antes sentido, que lhe assustavam tanto que achava que poderia desmaiar a qualquer hora.

Os minutos pareciam se arrastar, que as vozes ecoavam cada vez mais distantes enquanto se perdido nos próprios pensamentos. Não entendia como 'mudara' tanto, e as vezes se pegava pensando se Deus realmente lhe perdoara por todo seu passado. É claro que, quando vem do fundo, é verdadeiro,  mas mesmo assim, crescera com duas imagens bem distintas Dele: um Deus de amor. E um Deus de vingança. Não sabia qual deles representava-o com mais semelhança, mas é óbvio que optara por acreditar que o amor era capaz de vencer e superar tudo. Até mesmo os piores pecados.

Outrora, eram os olhos verdes que não saiam de sua cabeça. Agora, era o corpo todo. Seus olhos simplesmente esquadrinharam cada milímetro de sua pele exposta, e as tatuagens que pareciam contar histórias, ilustrando, cada qual, a sua. Sabia que, talvez, nunca mais tornaria a vê-lo, mas ainda assim não parara de criar esperanças, falsas esperanças. Não sabia o que era aquele sentimento, mas não gostara nem um pouco dele.

Não era gay. Não tinha nada contra eles, mas também nada a favor. Crescera rodeado de homens brutos e machistas, que pregavam bem claramente que homens foram feitos para ficarem com mulheres, e só. Mesmo que Mark sempre o incentivasse a ter sua mente aberta. Ainda se lembrava de suas palavras. “O amor é para todos, Lou”, dizia ele, com sua voz rouca e seu sorriso cheio de pés de galinha, “Não importa como seja, desde que seja amor”. Dividido em um mundo de ilusões e preconceitos, o pequeno Lou não sabia o que pensar, e, agora, alguns muitos anos depois, ainda se sentia inseguro ao pensar sobre o assunto.

Ele não era gay. Tinha certeza disso. Não tinha como ser. Quer dizer, ele já transara antes com garotas, e gostara. Ou achara que gostara. Não. Ele gostara. Ele se sentia atraído por elas, ele gostava de reparar nelas. Isso, com toda certeza, não o fazia gay. Era homem. Gostava de mulheres. Como Eleanor, a garota do aeroporto. Sim, Louis gostava de mulheres, as de verdade.

Mas então, porque não tirava o pequeno misterioso da cabeça?

Suspirou, sentindo os miolos darem nós e mais nós. Rosemare o cutucou silenciosamente, apontando para frente, onde o padre pegara o microfone, e se preparava para o sermão dominical. Louis, particularmente, adorava os sermões. Era como se fossem feitos diretamente para ele, para a situação, e eram muitos esclarecedores, em sua maioria.

– Hoje, como visto nas leituras, trataremos de um assunto muito comum e muito debatido por todos... – suas palavras ecoaram por todo o salão, mas foram murchando conforme fitava a entrada da abadia com os olhos saltados.

Todos acompanharam seu olhos, curiosos, inclusive o Tomlinson, e poderia dizer que, naquela hora, ou seu coração acelerara tanto que parara, ou nem se dera o trabalho de bater mais, parando de vez. Quaisquer que fosse a opção, só sabia que estava perto da morte prematura. Estava tendo um ataque do miocárdio, sabia disso. Sua respiração parou abruptamente, os olhos saltaram como duas laranjas azuis, o cabelo começara a grudar na testa com as gotículas de suor que se instalaram. As mãos criaram um movimento próprio de epilepsia e seus dedos iniciaram uma performance esquisita, como se estivessem levando um choque de 220Hz.

Seus olhos fixaram pelo corredor, e como em um binóculo, podia ver perfeitamente o contorno da pessoa que caminhava tranquilamente, com a mão sobre os bolsos e um sorriso irônico estampado no rosto. Não reparara no seu acompanhante, se concentrando apenas nos detalhes já gravados muito bem na noite anterior. Afinal, como poderia esquecer o misterioso?

Ele estava mais lindo do que na noite anterior. Com uma calça justa demais para a sanidade de Louis, uma blusa de gola aberta, um blazer jogado por cima, sociais nos pés e os cachos jogados para todos os lados, ele parecia mais um modelo da Vogue do que nunca. Caminhava com uma tranquilidade e frieza admiráveis, e pela primeira vez o garoto reparou em um dispositivo automático preso ao seu tornozelo. Parecia quase imperceptível, como uma tornozeleira, mas emitia uma luz vermelha que piscava em intervalos contínuos.

Seus olhos continham um brilho malicioso, do qual Louis já estava acostumado, e, quando os seus se encontraram com os dele, um arrepio subiu por toda sua espinha. Poderia apostar todas suas economias e uma garrafa de rum que estavam pensando na mesma coisa.

A cena da noite anterior.

Louis engoliu em seco, enquanto o outro prendia o riso. Desviou o olhar, topando com o seu acompanhante, e arfou, levando uma das mãos ao peito, sentindo que, naquele momento, infartaria de vez, bateria as botas, iria para sete palmos abaixo da terra. Como o mundo é pequeno, né?

Ao lado do (lindo) misterioso, com calças surradas, botinas pretas, blusa preta com alguns rabiscos, uma velha e desbotada jaqueta por cima e o cabelo bagunçado para todos os lados em mechas repicadas, estava ninguém menos que Zayn Malik, o bad boy drogado e encrenqueiro do dia anterior.

O Tomlinson sabia que ele o tinha reconhecido, pois viu o misterioso cutucar-lhe nas costelas e apontar diretamente para ele, e ambos sorriram misteriosos, como se compartilhassem de uma piada particular e muito engraçada.

Ao seu lado, Rosemare retesou as costas, apertando seu folheto de orações contra os dedos de nós brancos e esqueléticos. Os olhos semicerraram como se avaliasse as melhores opções de tortura para um prisioneiro bem filho da puta. O que, vindo dela, é bem mais assustador e intimidador do que nas outras pessoas.

Tudo isso acontecera em cerca de trinta segundos.

Ao mesmo tempo, o padre engolia em seco, parecendo extremamente desconfortável e amedrontado, enquanto Stanley, do outro lado, fechava as mãos em punho, apoiando as pernas mais firmemente no chão, como se precisasse se levantar rapidamente à qualquer momento para salvar a vida de alguém.

Zayn e o amigo/misterioso caminhavam calmamente em passos curtos pelo corredor central, enquanto todos os encaravam. Considerando que todos representasse mais da metade da população de Doncaster, claro. Não se importavam, ao contrário. Pareciam gostar de serem o centro das atenções. Zayn pendia um cigarro nos lábios, baforando pelos cantos, sensualmente, Louis odiava admitir, enquanto o misterioso o encarava com os olhos fuzilantes, parecendo ler sua alma.

O padre, as coroinhas e todos os outros assentados sobre as naves, tal como Louis, aparentavam uma taquicardia repentina, evitando contato visual e cochichando entre si, levantando um burburinho sob todo o salão.

– O-o que vo-vocês querem a-aqui? – gaguejou o pobre arcebispo, e Louis temeu que o velho tivesse um ataque, ali mesmo.

– Ué, a Igreja é uma comunidade, aberta, não? – Zayn retrucou, erguendo uma sobrancelha em direção a ele – Todos podem entrar.

– Ma-mas...

– Só queremos assistir a missa, senhor. – a voz do estranho era claramente sarcástica, debochada – Juro que não atrapalharemos.

Caminharam tranquilamente até o banco da frente, e as senhoras que geralmente chegam três horas antes para guardar lugar simplesmente escorregaram para o lado, afastando-se dos dois garotos bons dez metros. O Tomlinson estranhou. Era certo que Zayn tinha a aparência intimidadora, tal como o outro misterioso, mas isso não era motivo de se afastarem tanto, como se tivessem lepra ou algo do tipo. Havia mais alguma coisa que Louis desconhecia. Aqueles olhos verdes... lembravam alguém. Sabia que sim. Mas quem? Onde vira-os?

Não teve tempo de pensar, já que levara mais um cutucão de Rose. Grunhiu. Aquele era um hábito que ela deveria deixar de ter, era simplesmente irritante. Apontou para a frente, onde o velho padre se recompunha do choque inicial e re-preparava seu sermão.

– Bem, irmãos... – limpou a garganta, e seu pomo de adão subiu e desceu seco – Como eu dizia, esse assunto é muito discutido mundo afora. Segundo a Primeira Carta aos Romanos, Deus deixa bem claro: aqueles que cometerem o pecado da carne homens com homens, e se inflamaram mutuamente em sua sexualidade, estes receberam o castigo merecido. Os homossexuais.

Louis gemeu internamente, se afundando no assento, se perguntando no porque de sua vida dar tão errado e no porque das forças superiores o odiarem tanto. Além do que, podia sentir o olhar do garoto misterioso fuzilando-o.

– Esse é um assunto repercutido mundialmente, nos dias atuais. Até nosso papa, Francisco I, se pronunciou em rede nacional sobre o assunto em algum país da América Latina, durante a Jornada Mundial da Juventude. É claro que Vossa Santidade está corretíssima em abrir sua mente para os novos horizontes que alcançamos a cada dia, mas dizer para o mundo todo que se um homossexual deseja procurar a Igreja, quem seria ele para impedir?! Não, irmãos, isso não é certo, não é aceitável! – parecia tomar fôlego e entusiasmar-se a cada pausa – Mesmo que Vossa Santidade seja o homem mais justo que caminha entre nós, pecadores, sua equivocação ultrapassa os limites de nossos dogmas de milhares de anos, seguidos pelos antepassados de seus antepassados!

“Me digam, irmãos, penso que todos se lembram da passagem da criação do mundo. Deus criou o homem, Adão, e de suas costelas, criou a mulher, Eva, sua esposa. E disse que assim seria, Adão e Eva como marido e mulher, até o dia de nossas mortes. Agora, me digam, irmãos, Deus criou Adão para ficar com Adão? Eva para viver com Eva? Não! Deus criou o homem e a mulher à sua semelhança, e os colocou juntos no jardim do Éden, em uma relação ínfima de pecados.

A relação entre dois homens não é natural, irmãos. Não provém do Senhor, pois Sua obra é perfeita. Não há como dois homens se amarem verdadeiramente, e sua relação não passará de toques pecaminosos e incastos que vão contra todos os princípios da justiça e da divindade. Um gay não ascenderá aos céus, e sim arderá no fogo do inferno, pois lá é os que residem tipinhos de sua espécie. O homem foi feito para ficar com a mulher, assim designou Deus Todo-poderoso, e assim descreve a Bíblia. Em suas escrituras relatam séculos e mais séculos de tradições que são cumpridas rigorosamente.

Agora, dois seres que não aceitam sua própria condição quebram essas tradições, e ainda é me dito que temos que aceitá-los como humanos normais em nossa comunidade cristã? Não, irmãos! Não devemos, não podemos!

Hoje, a mídia quer nos transpassar que a homossexualidade é normal, e que devemos aceitá-la sem preconceitos. Jornais, revistas, redes sociais, tudo quer nos fazer engolir essa suposta realidade, fazer nossa cabeça para que concordemos com essa falta de vergonha e escrúpulos que mostram todos os dias! Homens se agarrando em praça pública, mulheres tendo relacionamentos em rede nacional, em rede aberta! O que nossos filhos pensaram? O que nossos netos pensaram disso? Acharam que é normal! E depois, sairão beijando os coleguinhas de classe porque viram nas mídias sociais que é uma coisa normal. O preconceito não é ultrapassado, irmãos! O preconceito é o nosso bom senso da ética moral e cidadã! Não devemos abaixar a cabeça para essas situações que querem nos passar! Pois dos bem-aventurados pertence o Paraíso, e a jornada é longa e cansativa, mas eu vos digo, irmãos e irmãs, que vale a pena lutar. Vale a pena seguir os mandamentos. Deus punirá os errados, os pecaminosos, os sadistas, os corruptos, e principalmente, os luxuriosos. Não deixem que os dias atuais refaçam suas ideias do que é verdadeiramente certo e justo. Digam não ao homossexualismo. Digam não a essa presepada sem controle e desenfreada. Façam com que vejam a verdade: tudo isso não passa de pagãos sem fé, perdidos no caminho do pecado. Lutem pelo que é certo. Creio em Deus Pai, Todo-poderoso...”

O coro se seguiu, repetindo a oração mecanicamente, enquanto palmas se seguiam dos fundos. O arcebispo parecia cansado, mas sorria temerosamente. Bebeu um copo de água e se dirigiu até seu assento ao centro do altar e sentou-se, cruzando as mãos orgulhoso e correndo os olhos pelo salão.

– … nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde à de vir e julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo...

– Isso foi completamente ridículo! – uma voz se fez ouvir acima da voz uníssona. Louis virou o pescoço tão rápido que o ouviu estalar.

O misterioso tinha a feição séria, e o brilho dos olhos era escuro. Seus lábios estavam cerrados em uma linha firme e os punhos sob o colo estava apertados, as pernas perfeitamente cruzadas, lhe dando um ar cordial e até mesmo... assustador. Zayn, ao seu lado, dependurava um sorriso irônico nos lábios, parecendo prender uma gargalhada.

– … na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos...

– Nunca ouvi tanta merda na minha vida! – o Malik se fez ouvir, comentando casualmente como se informasse a cor da roupa de alguém.

– … na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém. – o coro se calou, deixando um silêncio desagradável se instalar.

O arcebispo limpou a garganta, continuando a cerimônia e ignorando os garotos da primeira fila, como se fossem meras mosquinhas irritantes. Rosemare só faltava chorar, os olhos brilhantes, os cílios molhados e as mãos apertadas sobre o colo, apertando a barra da saia. Já Louis estava meio... como diria? Apático? Pensativo? Sim, acho que sim.

As palavras do pequeno senhor gordo ecoavam na sua mente, se misturando com as imagens e lembranças da noite anterior em cores e sensações. Sentia-se mais culpado e mais nojento do que nunca. Achava que o sermão fora demasiado severo e direito demais, porém não deixava de ser verdade. Mesmo que se sentisse levemente incomodado, tal como Zayn e o misterioso aparentavam estar.

Quer dizer, era tão errado assim? Onde fora criado, todos sempre defendiam o amor sob todas as formas, mesmo que de uma forma meio bruta. Um ambiente cheio de desesperança, homens lutando por sua sobrevivência, sem tempo para aquela 'baboseira melosa'. Mark ainda tentava instruí-lo para sempre seguir seu coração, e tomar as decisões certas, fossem elas éticas ou não. Louis ainda era muito novo, e com tantas pessoas falando tantas coisas diferentes, crescera confuso, acreditando em várias crenças, mas, acima de tudo, ouvindo e seguindo Mark. Para ele, o homem era seu herói.

Amava ouvir as histórias de vida do 'pai' adotivo. Sentavam-se, de noite, Louis sobre uma manta quente e Mark ao seu lado, e ouvia algumas de suas aventuras. Quase sempre, o Tomlinson gostava de ouvir a mesma história: o primeiro e único amor de Mark. Fora sob essa história que Louis formou sua opinião e sua escolha definitiva: o amor sobre tudo e todos, seja ele como for.

Mark namorava uma garota, muito linda. Ele costumava contar que seu cabelo era feito de ouro, e os olhos, de diamantes. Tinha a pele mais macia e o jeito mais gentil e carinhoso que já conhecera. Lou ouvia, fascinado, o tom de Mark mudar e via, maravilhado, o brilho de seus olhos mudarem. O homem contava que os pais da moça não aprovavam seu namoro, então, certo dia, eles fugiram. Fugiram para uma cidadela abandonada em Veneza, onde viveram por dois anos. Ela terminou os estudos e ele arrumou um bom emprego na região. Eram muito felizes e apaixonados, e pensavam até em ter um filho, mesmo que fossem muito novos. Porém, os pais dela descobriram e foram até lá, os separar. Por fim, Mark a deixou ir, pois o seu pai ameaçava-o de coisas terríveis caso não deixasse sua filha.

Tinha um final muito triste, claro, mas Louis adorava. A maneira carinhosa como o pai falava, a emoção na voz, e em como foram corajosos de enfrentar os pais da moça e fugirem. Quando ouviu o conto pela primeira vez, Louis prometeu a si mesmo que, um dia, encontraria uma pessoa pela qual seus olhos brilhassem daquela maneira.

O garoto crescera achando que o mundo era belo e que o amor podia suportar tudo. E então, descobriu que não era exatamente assim. Sofreu muito, e, após a morte de seu maior herói, estava perdido, abandonado, prestes a se afundar mais naquele poço de escuridão, quando encontrou outra luz, uma luz de amor e aceitação.

Mas, que tipo de luz era aquela que pregava que o amor entre duas pessoas é falso? É pecaminoso?

Louis foi desperto de seus pensamentos por uma melodia aguda do órgão, ao fundo, e percebeu que todos se levantavam. Era hora da hóstia. Respirou fundo, se levantando e sentindo as pernas bambearem. Sentia claramente os olhos verdes-esmeralda esquadrinharem-o todo, e, de repente, sentiu uma insana vontade de vê-lo de novo. De reviver a noite anterior.

Eu só posso estar ficando louco. Bufou alto, fazendo a senhora o olhar, então balançou a cabeça, sorrindo forçadamente, e ela tornou a se virar para a fila. Estava tudo bem. Estava tudo ótimo. Só estava um pouco perturbado, nada demais.

Apenas dividido.

Chegou sua vez, e recebeu o pequeno pedaço de pão branco. Agradeceu inaudivelmente e o colocou na boca, sentindo-o dissolver em seus lábios. Voltou para seu lugar, se ajoelhando e pondo as mãos e oração, respirando fundo.

Senhor, perdoe-me. Perdoe-me, pois eu pequei. Senhor, perdoe-me, pois eu pequei, mas eu gostei. Sim, Senhor, eu gostei. Eu gostei de cada toque, e isso me faz sujo. Não é correto, não é? Foi o Senhor mesmo que disse. Mas, o Senhor também é amor. Perdoa todos seus filhos, se assim eles desejarem. Então, porque esse mesmo Deus de amor é um Deus tão restringente? Por que duas pessoas não podem ser amar verdadeiramente? Por que é tão errado? Senhor, eu me sinto confuso. Eu nem ao menos conheço aquele garoto, não sei sua história, ao menos sei seu nome. Mas me sinto tão atraído por ele. Quero tocá-lo. Quero sentir suas mãos sob minha pele, como ontem. Senhor, perdoe-me por esses pensamentos. É tudo tão confuso. Mark me ensinou que o amor não tem limites, e, se duas pessoas se desejam, então, não há nada de errado nisso. Eu sei, Senhor, que duas pessoas do mesmo sexo não podem se amar, mas... por quê? Ora, somos todos Teus filhos, e o Teu perdão é infinito, não é? Não é isso que me ensinaram? Por que tanta contradição? Por que o padre Francesco parece tão severo? Por que tanto ódio, Senhor? Eu me sinto tão confuso. Quero continuar seguindo a Igreja, quero conforto, quero segurança, mas não concordo com isso É tão ruim não concordar? Devemos seguir todas as normas piamente? Fomos criados para pensar, somos seres racionais. O Senhor nos pôs vida, nos pôs a maravilhosa capacidade de ter pensamentos e raciocinar, então, por que não podemos seguir nossos instintos e nossos pensamentos? São tantas perguntas. Perdoe-me, Senhor, por quê... é duro admitir isso. Perdoe-me, Senhor, por que acho que estou gostando de uma pessoa. De um homem. De um desconhecido. Estou atraído por ele, Senhor. Perdoe-me, Senhor, por que eu também sou humano e eu também cometo falhas. E, agora, é tarde demais. Mas, se tudo que aprendi for verdade, o Senhor não me abandonará. Afinal, eu também tenho o direito de ser feliz, não tenho?

Se levantou, os olhos comprimidos e a cabeça latejando. Sentia-se meio enjoado e com tontura. Seria verdade tudo que confessará. Estaria ele, realmente, se interessando pelo misterioso de olhos verdes? Inconscientemente, sua cabeça se virou em direção a ele, e, quando seus olhares se encontraram, e aquele mesmo sorriso obscuro de covinhas invadiu seu rosto, teve certeza. Era tarde demais. Era errado demais, porém... ele não se importava. E isso era algo inaceitável. Inadmissível. Proibido. Mas tão... desejável. Sim, desejável. Louis o queria. Como nunca quis ninguém. Como nunca quis garota nenhuma. E isso o assustava.

Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)Onde histórias criam vida. Descubra agora