[N.A.] Tudo bem, eu quero morrer agora. Sinceramente, ficar sem computador pessoal é a PIOR COISA DO MUNDO! Meu notebook tem quatro anos, e a bateria dele quebra mais que meus sentimentos. Sem bateria, sem note, sem note, sem PC (até estou usando o compartilhado daqui de casa, se pelo menos minha irmã liberasse ele), sem PC, sem atualização. Me perdoem, de verdade. Eu me senti horrível sem poder escrever, e fiz o possível e o impossível pra postar pelo menos algo, nem que fosse uma bosta. Peço que me perdoem, de verdade. Estou indo atrás de arrumar meu note, e assim que o fizer, posto uma atualização imediatamente.
Bom, era isso. Acho que não fui justa, sumindo assim, mas amo demais a fic e vocês para ficar sem postar. Perdão também pelo capítulo bostinha. É melhor que anda, e prevejo muita gente surtando no final. Infelizmente, vamos dos despedir de alguém aqui :(
Enfim, obrigada pela compreensão, cada voto, cada comentário, cada tweet enviado, mensagem, tudo. Vocês são tudo pra mim. Especialmente as garotas do Pure!Unholers, tão compreensivas e legais comigo. Meu coração é uma poncã: um gominho pra cada uma.
Obrigada por tudo. Espero sinceramente que entendam. Se não conseguir arrumar até semana que vem, posto outra atualização pelo computador mesmo, mas não prometo nada muito grande.
Sem surtos hoje. Larry está acontecendo hoje que eu me sinto incapaz de numerar, apenas me sinto acabada. Actually, tell everyone. Strong. That's it.
(E tem 27 minutes, que me fez chorar por DUAS HORAS seguidas. Fic do capeta.)
Btw, era isso. Obrigada novamente. Amo vocês. Muito.
P.S.: Quem quiser, Wonderwall, do Oasis. Música perfeita. [/N.A]
3º. P.O.V.
Louis se sentia parcialmente imponente quando saiu do hospital. Parte de si clamava de alegria ao respirar outro ar que não fosse aquele infectado de vírus e remédios por todos os lados. Ver as ruas monótonas, as casas velhas e as pessoas apressadas lhe fazia pensar que estava vivo novamente. Outrora, era apenas um corpo sobrevivendo, mas, ao voltar para seu habitat natural, sentiu um alívio quase revigorante. Era bom estar de volta a poluição e ao câncer flutuante dos copos de café desidratado de um Starbucks qualquer.
Mas, por outro lado, se sentia tão absolutamente triste quanto podia. Sua mente reprisava detalhadamente todo e qualquer segundo da cena anterior, e as sensações fervilhavam em sua mente, queimando-o e consumindo-o por dentro. Se fechasse os olhos e se concentrasse bem, seria capaz de reproduzir novamente o gosto dos lábios de Harry sobre os seus, suas lágrimas quentes molhando seu ombro, e a maneira que seus braços se encaixavam perfeitamente sob sua cintura, como feitos um para o outro.
Estar longe de Harry era como um castigo eterno, ou uma penitência que estava sendo obrigado a cumprir. Não conseguia saber o que doía mais: a sensação de estar de braços vazios e frios, ou os espinhos pontiagudos que perfuraram sua carne. Era incomparável, afinal. Sentimentos diferentes, embora a dor fosse estupidamente igual.
Chris apoiava sua cintura complacentemente, e nada dissera, respeitando o momento do casal. Sabia que seria difícil para ambos, e particularmente, gostava de Harry, e gostava ainda mais de Harry e Louis juntos. Eles pareciam ser o casal perfeito, o modelo universal de amor fraterno e carnal. Era como um soneto do século XIV. Belo, triste e arrebatador.
Ao chegarem no carro, Louis saltou levemente para o banco de trás, deitando-se em posição fetal e reprimindo as lágrimas teimosas que escorriam rapidamente. Vira o garoto de cabelos cacheados sair porta afrente, como um condenado, junto com o homem grande e chato (Louis sentia que poderia encontrar novos adjetivos para designá-lo, mas era gentil demais para isso). Foi como se uma parte de si tivesse sido rudemente tirada e levada para longe. Mesmo sabendo que Harry voltaria – ele prometera, afinal – ainda doía a separação, que parecia ser mais recorrente com eles do que com o resto do mundo. Foram quase três semanas de puro sofrimento, logo depois, o pequeno 'incidente' de Louis, que os separou quatro meses (não considerando o fato de que o menino Styles era suficientemente irritante e persistente para ficar consigo no quarto), e, quando enfim pareceu que ficariam juntos novamente, Liam acontece. O destino era realmente anti-romances, ou alguma força superior não os queria juntos.
Enquanto o Tomlinson estava mergulhado em sua bolha de pensamentos, Chris preparou-se para sair dali o mais rápido possível. Tinha ordens expressas para levá-lo até o apartamento recém-comprado de Niall, onde o loiro e Zayn o estariam esperando, mas tinha uma leve intuição que lhe dizia que não era lá que o pequeno Louis gostaria de estar. Resolveu, então, ir contra suas ordens – nunca gostou muito de ir a favor da maré.
Deu meia volta, pegando a Expresso, ora ou outra olhando pelo retrovisor para checar se tudo estava bem. Em uma conversa rápida com o médico, este lhe passou alguns instruções básicas, como em caso de dor ou das feridas abrirem acidentalmente. Lhe disseram que ele era o mais forte e menos 'sentimental' para resgatar Louis do hospital, mas Chris achava que era para que não assumissem o papel de “babá por um dia”. Idiotas.
Não tardou muito até chegarem ao tão conhecido prédio. Louis estava quase adormecendo a essa altura, mas, ao sentir o carro parar, sentou-se lentamente, tomando cuidado com sua perna. Fitou o estacionamento com o cenho franzido. Por que tinha a impressão de que já havia estado ali antes?
– Onde estamos, Chris? – perguntou, confuso, sendo ajudado pelo mesmo ao sair do automóvel, tendo quase todo o seu peso facilmente suportado pelos braços enormemente gigantes do homem. No outro braço, estava sua sacola com as roupas sujas e demais pertences (que Louis queimaria na primeira oportunidade, obrigado).
– No apartamento de Harry. – como sempre, a simples menção de seu nome causou o que Louis chamaria de 'espasmos estúpidos pela coluna vertebral', o que basicamente representava tudo que ele sentia em relação a qualquer coisa que fosse relacionada a Harry. Depois de devanear um pouco com seus pensamentos nem sempre sãos e poeticamente depressivos, Louis associou o restante da frase, e um repuxão brusco em seu estômago quase o fez vomitar.
– Por que me trouxe aqui? – resmungou em um murmuro, querendo desesperadamente suprir o sentimento de alívio e felicidade por estar voltando ao lar. Queria sentir desprezo e repulsa pelo lugar que quase o matou, mesmo que fosse lá que Harry vivesse, onde estava o cheiro e as roupas de Harry. Chegava a ser quase ridículo a maneira que sua vida girava em torno de Harry.
– Porque você queria vir aqui. – deu de ombros, como se fosse óbvio. Louis o fitou de boca aberta, exasperado – Se você me disser que quer ir até o apartamento de Niall, entramos nesse carro agora e em cinco minutos eu te levo lá. – ergueu uma sobrancelha, e Louis resmungou inaudivelmente, amaldiçoando o dom de Christian sempre estar certo – Ótimo. Agora vamos.
O guiou até o elevador com facilidade, apertando o botão correspondente ao andar do cacheado e recostando na parede metálica, assoviando juntamente com a melodia irritante que tocava ao fundo. Louis se perguntou internamente se Christian nunca deixava aquele estado de permanente despreocupação com a vida ao redor.
A cada andar que passavam, Louis respirava mais rapidamente, sentindo o coração bater em ritmo acelerado. Não se sentia ao todo preparado para voltar ao apartamento. Da última vez que estivera ali, fora logo após a discussão com Liam. Ainda podia sentir a dor daquele dia, o destruindo lentamente.
Quando o elevador parou, e as portas se abriram para o grande corredor de tapete vermelho e quatro portas, Louis não estava certo de sua respiração. Era algo como um cachorrinho se afogando e uma hiperventilação pausada. Chegava a ser meio vergonhoso, na verdade, e Louis agradeceu por Chris estar (ou fingir muito bem) distraído com a bela decoração de plantas do local.
O maior levou Louis em seus braços como um boneco de ventríloquo, pegando as chaves reservas que o Tomlinson conhecia bem, introduzindo na fechadura e virando. Cada segundo seguinte pareceu como um filme de terror, e as respirações pararam, antes de Christian empurrar a porta, abrindo-a lenta e cuidadosamente. O menor encarou o local com a respiração presa.
Tudo estava imaculadamente igual há tanto tempo atrás. As manchas do chão haviam sido retiradas, e tudo cheirava a pinho e naftalina. Os sofás estavam no mesmo lugar, as estantes, cada livro, os cobertores, os tapetes, até mesmo as cortinas de cores depressivas e opacas. Tudo como no primeiro dia, igualzinho. Louis sentiu o coração dar uma batida falha e soltou a respiração lentamente, com medo. Deu dois passos adiante, reprimindo as memórias que voltavam em sua mente.
– Bem, estamos aqui. - Chris quebrou o silêncio quase fúnebre, e Louis o agradeceu por isso. Apoiou na bancada, olhando em volta, enquanto o homem ia até a lavanderia, deixando suas coisas sujas ali – Provavelmente você vai querer ficar sozinho, e eu respeito isso. Vou voltar para os meninos e dizer qualquer coisa. – deu um risinho torto – Você pode nos ligar quando se sentir pronto, Louis. – o coração do garoto inflou de gratidão.
– Obrigada, Christian. – agradeceu, sorrindo lacrimejante.
– Disponha. – deu de ombros, voltando para a porta – Meu trabalho está feito. Nos vemos por ai, garoto. Se cuida, Louis. – em uma última troca de olhares, eles se separaram.
Chris saiu para o corredor, respirando aliviado, o coração bateu dolorosamente. Sentiria falta de Louis, mesmo tendo convivido pouco com o mesmo. Quando tornou a entrar no elevador, o sentimento de alívio foi substituído por um vazio incômodo. A passagem em seu bolso parecia queimar sua pele.
Não tinha nem ideia de como contaria a Niall. Comprara uma passagem para o primeiro voo que encontrara, com medo. Sempre lhe disseram que era corajoso, que não tinha medo de arriscar, mas era mentira. Dentre todos, ele era o que mais sentia medo. Medo do futuro. Medo do que estava por vir.
Descobrira a doença ainda novo, com sete anos de idade. Médicos especialistas analisaram o caso, e disseram que tudo estava bem, que não tornaria a atacar, desde que ele se cuidasse periodicamente e tomasse todos os remédios regularmente. Porém o garoto não confiava em médicos. Vira o pai de criação definhar por conta desta doença, e a partir daquele momento, decidiu que aproveitaria a vida ao máximo.
Naquele momento, quando fora ao hospital, já sentia que os sintomas haviam retornado, dezessete anos depois. Com pesar, doutores lhe afirmaram o que ele já sabia: se não operasse o módulo, morreria. Adiou o máximo que pode, uma vez que conhecer e se envolver emocionalmente com Niall não era algo que estava em seus planos. Desenvolveu um sentimento muito grande pelo loiro, e a mínima possibilidade de deixá-lo era dolorosa. Depois, acompanhou o caso do pequeno Louis, e, quando já não acreditava mais no amor unidimensional, presenciara Harry e Louis. Eles eram como imãs atrativos. Quando se olhavam, o universo saia dos eixos, era um mundo só deles. Harry o fitava com reverência, adoração, um amor quase idolatrado. Louis era protetor e parecia se mover conforme o Styles o fazia. Como satélites. Chris, naquele momento, desejou, mais que em qualquer dia de sua vida, viver um pouco mais para conhecer alguém que o tratasse como eles se tratavam.
Quando Niall entrelaçava seus dedos, ou brincava com seu cabelo, tudo parecia bem. Não existia doença, não existia o tempo, vida, nada. Era um momento da eternidade. Ele desejava desesperadamente poder fazer aquela eternidade durar, mas sabia que não podia. Magoar ia-o mais a cada minuto que adiasse o inevitável. Optou por uma despedida rápida. Não sabia se conseguiria sobreviver ao rosto decepcionado do irlandês, ou a hipótese de nunca mais beijá-lo ou tocá-lo. Não tinha a intenção de se apaixonar tão rápido, também.
Entrou no carro, ignorando o celular que tocava incessantemente agora. Sabia que era Niall ou Zayn, perguntando de Louis. Zayn provavelmente sabia que Louis estaria no apartamento, mas o loiro era como uma criança hiperativa: ansiosa e impaciente.
Chris desejou que as estradas fossem mais longas, ou que o trânsito estivesse mais congestionado que o normal, qualquer coisa para impedir que ele chegasse cedo no apartamento de Niall. Lembrava-se quando eles foram comprar. Niall exigiu sua opinião três vezes antes de escolher o maior e com um ar condicionado. Chris dissera que amava ar-condicionado no quarto. Sua garganta se fechou instantaneamente, os olhos queimando com a lembrança. Apertou os dedos no volante até que seus nós ficassem brancos. Por outro momento, desejou ser como Harry. Independente, confiante, livre. E desejou não desejar tantas coisas, estas quais ele sabia que não conseguiria ter, nem por um milésimo.
Quando chegou ao prédio, não entrou no estacionamento, parando rente a calçada e descendo, sentindo o lábio inferior estremecer. Respirou fundo, cumprimentando o porteiro e subindo pelas escadas.
Chegou ao andar mais rápido que gostaria. Abriu a porta com a chave reserva que estava embaixo do tapete. Niall estava deitado sobre o sofá, e Zayn sentado no braço da poltrona, bebendo alguma coisa na xícara. Sorriu culpado.
– Cheguei. – anunciou, vendo o loiro se levantar em um salto, seu sorriso sendo substituído por um franzir de cenhos em tempo recorde.
– Onde ele está? – perguntou, fungando alto.
– Eu disse, Niall. – Zayn provocou, indo até a cozinha. Ao passar por Chris, lhe deu dois tapinhas nas costas.
– Chris! – o garoto segurou uma risada canina quando o garoto resmungou alto, fazendo birra – Era para trazê-lo para cá! Esse foi o nosso combinado!
– Desculpe, Niall. – rodeou sua cintura, apoiando seu queixo sobre a cabeça do menor, que bufava irritado, com os braços cruzados – Mas não era justo se ele queria ir para lá. Você ainda poderá visitá-lo.
– Hunf. – bufou, mimado, e Zayn riu no outro cômodo. Chris sorriu afetivamente, beijando o alto de sua cabeça. Seu peito doeu um pouco mais quando sentiu-o relaxar sobre seu peito, rodeando sua cintura também. Chegara a hora. Não poderia mais adiar aquilo. O voo saia em uma hora.
– Niall? – o garoto ronronou – Precisamos conversar.
O Horan desencostou a cabeça de seu peito, o fitando confusamente. Zayn havia ido para qualquer lugar, talvez porque já soubesse. O garoto sempre sabia de tudo.
– O que aconteceu, Chris?
– Niall, eu... eu... – se perdeu na imensidão azul de seus olhos. Como sentiria falta daqueles olhos grandes e arredondados! – Eu vou embora.
Observou o garoto lhe fitar confuso. Observou seus olhos retesarem, e seus lábios crisparem, conforme ele absolvia as palavras. Observou a tristeza recair por suas íris, extinguindo o brilho alegre sempre presente.
– Por que? – disse por fim, a voz embargada.
– Eu tenho uma doença terminal. Preciso curá-la, fazer uma cirurgia arriscada e o tratamento necessário. O voo sai em uma hora. – sussurrou resumidamente, afastando lentamente seus braços do loiro, que soltou os seus ao lado do corpo. Ficaram se encarando por alguns segundos antes do garoto tornar a falar.
– Por que esperou tanto para me contar? – de todas as perguntas, Chris jamais pensou que o garoto faria justo aquela. Mas Niall era uma caixa de surpresas, afinal. Sempre inusitado, sempre espontâneo.
– Porque... acho que me apeguei muito a você. Não queria magoá-lo quando partisse. Fui evitando e evitando, e quando vi, já era tarde demais.
– E será que, por um segundo, não te passou pela cabeça que eu me magoaria mais quando você me contasse em cima hora? Hein? – sua voz elevou algumas oitavas, e suas bochechas irlandesas estavam avermelhadas de raiva.
– Niall, por favor... – o garoto murmurou, sentindo as primeiras lágrimas descerem. A raiva se dissipou do rosto do loiro, esvarando como fumaça, dando lugar a uma expressão decepcionada e triste.
O Horan o abraçou de leve pelo pescoço, murmurando palavras doces. Não conseguiria deixá-lo partir daquela maneira. Se tivessem que se separar, que fosse de uma maneira boa, ao menos.
– Você volta um dia? – murmurou em seu ouvido, sentindo-o tremer enquanto agarrava sua cintura, unindo-o a si.
– Você sabe que sim. – respondeu com a voz falha.
Permaneceram abraçados por alguns instantes, até que Chris quebrou o abraço, segurando alguns soluços. Não queria perder o voo. Depositou um último beijo no alto da testa do loiro e se virou, sem olhar para trás. Quando saiu pela porta, Niall soltou um único soluço. Zayn o abraçou carinhosamente, apoiando sua cabeça contra seu ombro.
[...]
Louis nem ao menos se lembrava onde era o banheiro, mas ainda assim seguiu diretamente para este, como um sexto sentido, que o guiava exatamente para onde queria ir. Os retratos na parede lhe fitavam, e a cada imagem seu coração encolhia um pouco mais.
Ao chegar no local, foi invadido por um milhão de lembranças dolorosas, e sua perna pinicou, reagindo aos estímulos elétricos que percorriam toda sua base. O banheiro, sobretudo, cheirava mais a pinho que qualquer parte da casa, e os tapetes e as toalhas estavam limpos e macios. Provavelmente alguém tivera muito trabalho para limpar todas as manchas e as lembranças. Quem quer que fosse, o garoto agradecia muito.
Pegou uma das toalhas macias e, com dificuldade, tirou as roupas pesadas e cheirando a hospital, que, junto com todo o resto, seriam queimadas para sempre. Totalmente nu, respirou fundo antes de retirar as ataduras velhas, puxando-as um pouco para desgrudarem da pele. Quando se viu livre delas, encarou os buracos semiabertos, a essa altura. A pele seca em volta estava descascando, e a maior parte dos ferimentos permaneceriam como cicatrizes feias e deformadas, lembrando-o eternamente dos erros cometidos no passado, e no que ele seria capaz de fazer sem Harry em sua vida. Harry era sua bússola, sempre o guiando pelo caminho certo. Sua luz, e ele nunca cansaria de dizer – ou pensar – isso.
Entrou no chuveiro gelado. Ele optara assim, gostava da sensação das gotas gélidas escorrendo por toda sua extensão, era algo libertador e refrescante. Pegou o sabonete e esfregou suavemente por seu pescoço e tórax, tirando como podia cada partícula daquele hospital que estivesse impregnada. O que ele mais desejava naquele momento era esquecer daquela fase, e seguir em frente, com Harry ao seu lado.
Ao terminar, depois de uma sessão particularmente incômoda de higiene pessoal, uma vez que suas pernas queimavam com o contato ácido do ensaboante. Secou rapidamente, estremecendo de frio, e enrolou-se na toalha, rumando ao quarto. Este estava escuro e cheirava a mofo, mas – como todo o resto da casa – impecavelmente arrumado. Apenas rezou para que os travesseiros, as colchas, as roupas e os móveis continuassem com o cheiro inegavelmente inebriante de Harry. Ao menos poderia se iludir, imaginando-o consigo novamente.
Abriu as cortinhas e a janela, vendo a luz natural iluminar um fiapo de poeira que girava no ar e refletir contra o espelho da cômoda. Abriu o armário, vendo suas antigas roupas ali e as de Harry também, junto com seus pertences pessoais, sapatos e tudo que deixara. Buscou uma blusa grande o suficiente e uma cueca limpa. As vestiu, sentindo-se uma garotinha apaixonada depois da foda com o namorado. O simples pensamento lhe fez corar – não pelo garotinha apaixonada, mas pela possibilidade de transar com Harry e usar suas roupas depois. Uma fantasia a ser comprida, absolutamente (não que alguém fosse saber daquilo um dia).
Caminhou até a cama, sentindo-se infinitamente melhor depois de limpo e refrescado, usando as roupas limpas de seu namorado (a denominação ainda lhe fazia sorrir estupidamente e corar). Se enfiou debaixo dos cobertores, inspirando fundo e sorrindo. Fitou ao redor, pensando se leria algum livro (ainda queria ler a continuação de O Inferno de Gabriel) ou assistiria algum filme da longa coleção do cacheado. Uma das vantagens de morar ali eram as possibilidades infinitas de distração e entretenimento. Harry Styles era como um pacote completo.
Antes que pudesse escolher, lembrou-se de Niall e Zayn. Suspirou, buscando seu celular para ligar para eles – surpreendentemente e magicamente brotado em sua cômoda. O modo automático de Louis meio que o assustava as vezes.
De qualquer maneira, discou o número do loiro, mas se surpreendeu quando foi Zayn que atendeu, com a voz duas agudas mais alta.
– Olááá. – soou estranhamente alegre demais.
– Zayn? - -Louis pigarreou a voz fina demais. Se inclinou nos travesseiros, acomodando as pernas e se afundando no cheiro de Harry.
– Louis! Que surpresa ouvir sua voz! Como você está, dude? – perguntou rápido demais.
– Bem, eu acho. Por que raios você atendeu o telefone de Niall? – questionou, desconfiado. Se fosse para alguém atender o celular do loiro, provavelmente seria Chris.
– Ele estava meio indisposto, e foi dormir. – podia visualizá-lo dando de ombros.
– Mas está tudo bem? – Louis rebateu, preocupado, se alarmando rapidamente.
– Claro, claro, não precisa se preocupar. Trate de descansar, nos vemos amanhã, provavelmente. – prometeu, dando um espiro e Louis resmungou, concordando. Não queria ficar pendurado no telefone. Se sentia com sono, e há muito não dormia uma noite sem pesadelos. As vozes ainda não se fizeram presentes desde que voltara.
– Okay, tchau. – desligou, jogando o aparelho para longe. Recostou, fechando os olhos confortavelmente. Já sentia o sono embalá-lo quando ouviu uma batida leve na porta. Abriu um dos olhos, desconfiado, resmungando audivelmente. Era pedir muito dormir um pouco?
Se sentou, na esperança da pessoa ir embora, mas a batida se seguiu mais duas vezes, então não havia saída. Resmungando alguns palavrões (ops), se arrastou até a sala, arrumando a postura antes de abrir, pensando ser algum vendedor ou algo do tipo.
Doce engano.
Na porta, parada, estava uma mulher. Parecia ter algo em torno dos 1,65 de altura, bem vestida e de postura ereta. Usava um vestido florido e ressaltava suas curvas e uma pequena saliência no abdômen. Seu cabelo estava solto por suas costas, e era de um castanho claro muito familiar. Seu rosto arredondado era simétrico, e seus olhos eram surpreendentemente azuis. Algo nela fazia com que Louis estremecesse. Ela era muito familiar, sua postura, sua fisionomia, o jeito que se vestia. Tinha certeza que nunca havia visto aquela mulher na sua frente antes. As vozes, agora acordadas e agitadas, gritavam para que ele corresse, a acusando de ser problema. Não fora necessário que as vozes lhe alertassem daquilo. Algo em sua energia fazia com que Louis sentisse vontade de sair correndo e se esconder.
A encarou com medo e desconfiança, sem dizer nada. Manteve os braços rentes ao corpo, em posição defensiva. A mulher o encarou inexpressiva, mas segundos depois, abriu um enorme sorriso, brilhante, de dentes alinhados e brancos. Até o sorriso lhe era familiar. Quem era aquela mulher?
Ela abriu os braços lentamente, estendendo-os como se fosse ser pregada a uma cruz. Seus olhos continham um brilho estranho. Louis engoliu em seco.
Sabe aquele momento em que você para e sente que todas as estradas da sua vida estavam erradas o suficiente para levá-lo até ali? Cada decisão, cada ação, cada pensamento, como se estivessem lhe preparando especificamente para aquele dia. Louis sempre achou que sua vida era um caminho de duas vias contrárias. Era caminhava na escuridão, apenas seguindo o rumo da maré, vendo onde ia parar. Depois que conheceu Harry, foi como uma nova rota aberta, como uma rodovia larga e segura. Ele percebeu que caminhava sobre cacos de vidro, metaforicamente falando. Sempre tomara muito cuidado para não causar acidentes pelas estradas da sua vida. Ali, parado em frente aquela porta, ele percebeu que não importava por onde andasse, as rotas sempre o levariam para uma espiral de problemas e ruas sem saída. Aquela mulher era sua placa de pare, vermelha, chamativa e indicando que não havia mais como seguir em frente. Não havia saída. Não havia como continuar andando (figurativamente e literalmente falando, uma vez que suas pernas queimavam como o inferno).
A encarou de cima. Seus braços continuavam abertos, como uma barreira impermeável e intrespassável.
– Louis, meu amor! Não vai dar um abraço na mamãe?
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Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)
Storie d'amore“Desde criança, aprendi que não existe compaixão. Não existe esperança, não existe o perdão. O que é meio irônico, considerando o que me tornei hoje. Mas, logo cedo, fui criado em um ambiente cheio de terror, medo e descrença. Nunca conheci meus pai...