[N.A.] What's up? Eu queria ter postado mais cedo, mas eu meio que perdi o capítulo pronto, o que me forçou a escrever TUDO de novo. Frustrante.
Particularmente, esse capítulo é interessante. Eu ainda não decidi quais os ships que colocarei na fanfic, mas esse capítulo meio que decide tudo, sabem. Além do que, eu preciso enrolar um pouquinho :)
Vigésimo primeiro capítulo da fic, wow! Nunca pensei que chegaríamos a tanto, obrigada por tudo, cada comentário, cada elogio. O apoio de vocês é o que me faz continuar escrevendo a cada semana, procurando melhor mais e mais.
Esse capítulo, especialmente, eu gostaria de dedicar à três pessoas especias: a lari, @gottafindjay e a lais, @swifttangel, as duas pessoas mais retardadas que eu já conheci! Mas eu adoro elas, mesmo que tenha conhecido a lari ontem <3 De qualquer maneira, qualquer larry shipper que seja capaz de aturar a lais e a aline já tem um lugar no meu coração. Obrigada, lari, por ser uma unholer <3 E obrigada lais, por ser essa coisa pequena que você é, liam garota.
E a outra é a @horancalada, do twitter. Ela veio conversar comigo sobre a fic, me disse coisas lindas, elogios maravilhosos, que realmente me deixaram emocionada. Para ela, e tantas outras, o meu muito obrigada. Eu não estaria aqui sem vocês comigo, lendo, acompanhando. Obrigada, querida, por ter ido me procurar e abrir seu coração. Obrigada por cada surto, cada tweet, que eu leio e guardo para sempre no meu coração. Obrigada, de verdade.
Bem, era isso. Chega de sentimentalismo, não sou dessas. Ao lado, umas fotinhos legais que eu achei, obrigada, de nada. Comentem, votem, me xinguem, surtem, me procurem no twitter pelo @larryinocente. LARRY PARA SEMPRE SE REVELANDO AOS POUCOS, AINDA TENHO ESPERANÇAS SOBRE ESSE ANO. Love u all, guys [/N.A.]
3º. P.O.V. – L.P.
Naquela amanhã, Liam acordou particularmente estressado. Odiava quartas-feiras, e o tempo nublado e frio não ajudava em nada para que ele levantasse de sua cama quente e convidativa. Ainda estavam no meio da semana. Nem o começo, nem o fim. Era como um paradoxo irritante, que zombava dele a cada maldito segundo. Mostrando que não era ele quem controlava, e sim, o controlado. E a sensação impotente de fraqueza, de submissão, já era o suficiente para fazê-lo querer afundar nos lençóis até a morte certa.
Mas suas mais profundas fantasias, que envolvia morrer ou até mesmo afundar na sua poltrona preferida e beber alguma coisa, teriam de esperar até mais tarde. Era uma maldita quarta-feira, e como todas as quartas-feiras, tinha que ir trabalhar. A academia do outro lado da cidade era particularmente frequentada, e Liam atuava como professor/personal trainer e algumas vezes apenas supervisionava. Seu sócio e amigo de longa data, Aiden, fora quem dera a ideia. Os garotos estudaram juntos na escola pública do bairro, quando mais novos, e sempre gostaram de brigar. Queriam ensinar os mais fracos a se defenderem, a serem fortes, e assim surgiu o sonho. Anos mais tarde, quando o garoto já comprara um apartamento com Niall, tornaram a se encontrar e abriram o tão sonhado negócio. Liam, que sempre fora devotamente religioso, acreditava fervorosamente que estava ajudando o próximo. Sabia que as brigas não eram a melhor opção, mas os mais fracos não podiam se opor aos mais fortes. Queria um mundo igual, onde todos eram rivais de mesmo nível, e, acompanhado de sua fiel cruz escondida pelas vestes, rezava rapidamente antes de qualquer coisa, pedindo sabedoria, paciência e fé, sobretudo.
Levantou-se em um impulso, resmungando alguma coisa e fazendo o sinal da cruz antes de pôr os pés sobre o chão frio. Estremeceu ao lembrar-se que vestia apenas as calças de seu pijama, e o ar gelado atingiu sua pele com força total. Mais que depressa, correu para o banheiro, onde escovou os dentes e esvaziou sua bexiga. Por conta do problema de seus rins, cujos quais somente um funcionava, era indicado que usasse o banheiro o máximo de vezes que conseguisse, o que significava fazer xixi a cada hora. Era um saco, mas o ajudava a manter as pontas.
Depois de ter realizado sua higiene pessoal, entrou na ducha, ignorando a tentadora banheira de bolhas quentes, pensando que tinha menos de uma hora para tomar café e descer até o trabalho. Ainda tinha Niall, para quem daria uma carona, consequentemente desviando de toda a rota. Mas seria por um bom motivo.
Sentiu os jatos de água quente caírem sobre seus músculos, relaxando-o. Há muito que estava estressado, emburrando por qualquer motivo, explodindo para o nada e com um desejo particularmente capcioso de esmurrar algo ou alguém. Nunca fora um cara nervoso, pelo contrário. Era conhecido por seu pacífico e apaziguar os ânimos quando as coisas esquentavam. Mas sentia uma comichão nos últimos dias. Mais especificamente, há uma semana. Seus punhos apertavam contra as mãos involuntariamente apenas ao lembrar. Sabia, desde o momento que aquele encrenqueiro entrou em sua casa, com seu ar arrogante e soberbo, aquelas roupas que claramente gritavam para o mundo 'OLHEM PARA MIM! OLHEM PARA MIM!'. O topete perfeitamente bagunçado, a boca fina e os lábios róseos, segurando um cigarro despreocupadamente, como se esperasse pela morte eminente que tinha pela frente. Liam o odiara completamente. E se odiava mais ainda por ter prestado tanta atenção.
O que mais lhe irritava era que Niall parecia cego para os encantos emitidos pelo muçulmano idiota, junto com seu sorrisinho de escárnio e deboche. O irlandês parecia ter caído em sua graça no instante em que começaram a conversar, incapaz de perceber o monstro que se escondia atrás de todas aquelas tatuagens estranhas e do jeito de bad boy inconsequente.
Não que tivesse qualquer coisa com tatuagens ou o jeito que ele se vestia. Ele próprio tinha o corpo tatuado com suas histórias e seus momentos, e suas roupas pesadas e despojadas não eram o mais indicado a 'bom moço'. De qualquer maneira, a maneira que Zayn emanava aquela aura de pacificidade e calmaria lhe irritava até os nervos. E tinha que suportá-lo, ao que parecia, Niall virara seu novo melhor amigo, e Louis parecia realmente estar sério com Harry, o que consequentemente levava tudo de volta a Zayn. Era impressionante como o universo girava contra a trajetória. Contra Liam.
Livrando-se dos maus pensamentos, o garoto respirou fundo, terminando a breve ducha. Enrolou-se em uma toalha dependurada sobre a porta e rumou até seu quarto, estremecendo de frio. Abrindo o guarda-roupa, pegou uma calça de lavagem clara e uma regata branca. Puxou seus coturnos de debaixo da cama e pegou uma das diversas jaquetas de couro espalhadas pelo cômodo. Arrumou o topete com os dedos, impaciente, e puxou um lenço de cima da cabeceira, enfiando no bolso de trás, deixando-o dependurado. Satisfeito com o resultado, pegou a carteira, as chaves e saiu, rumo a cozinha. Se não tomasse um a boa xícara de café preto, com certeza ficaria resmungando pelo resto da manhã.
Ao chegar na sala, constatou que Niall havia saído para algum lugar. Deixara um bilhete que voltava logo, e para que deixasse suas rosquinhas no lugar, ou então ele arrancaria suas bolas fora, dizendo isso de uma maneira assustadora no pedaço de papel. Liam engoliu em seco e riu, amassando o mesmo e jogando contra a cesta no canto do balcão. Puxou a cafeteira e derramou um pouco dentro do caneco branco de porcelana de Niall, que tinha alguns hambúrgueres sorrindo, aparentemente a coisa mais engraçada do mundo para o loiro. Liam nunca entendera ao certo essa obsessão de Niall por comer – e nunca engordar, o que, mais uma vez, provava que a vida era injusta. Mas ele o amava, de qualquer maneira.
Recostou no balcão de granito, bebericando o líquido e sentindo o néctar amargo e quente dos deuses descer por sua garganta e tomar conta de todas suas células. Suspirou, contente, e já sentia a mente mais leve, bloqueando qualquer assunto desagradável vulgo Zayn Malik.
Quando ia beber mais um gole, ouviu a campainha, e riu sozinho. Niall nunca aprendia a levar as chaves consigo. Andou em passos curtos, preparando um discurso contra o loiro, mas mordeu a língua no instante seguinte. Uma figura loira estava parada à porta, mas não era o Horan.
Grace estava deslumbrante como sempre. A garota parecia atingir os limites da perfeição sem o menor esforço, uma vez que usava apenas uma camiseta cinza de pano e um short jeans desgastado. Uma blusa xadrez vermelha e azul por cima, botas surradas pretas e uma câmera fotográfica multiprofissional nas mãos. Sua expressão era calma, com o cabelo preso para trás de qualquer maneira e um óculos escorregando por sua testa. Ao ver Liam parado no batente, sorriu alegre, e o garoto retribuiu, dando espaço para que ela entrasse, tentando, a todo custo, não olhar para suas pernas. Além de ter princípios, havia um conjunto de regras de conduto que diziam para não secar a garota de seus amigos, entre outros. E era mais que óbvio que Niall estava caído por ela, mesmo que fosse lento demais para perceber.
– Bom dia, Liam. – cumprimentou, parando no meu da sala, dando uma olhada nada disfarçável no cômodo, mordendo o lábio inferior.
– Bom dia, Grace. Niall não está. – informou, cruzando os braços e bebendo mais um gole de seu tão delicioso café – agora frio – e rindo por detrás da caneca. A garota bufou e sorriu.
– Obrigada, de qualquer maneira. Sabe onde ele foi? – perguntou, enrolando um dedo em uma mecha solta a frente do rosto. A garota parecia ser um protótipo de barbie humana, e mesmo Liam era obrigado a reconhecer. Niall era um filho da mãe sortudo. Ou talvez seus maravilhosos genes irlandeses fossem mágicos ou algo do tipo.
– Não, eu acabei de acordar. Provavelmente estará de volta antes das oito, temos que ir trabalhar, ele sempre vai de carona comigo. Fique a vontade. – Liam ofereceu, indo até o lava-louças e colocando a caneca dentro. Quando voltou, encontrou Grace sentada sobre o sofá com as costas eretas, mexendo distraidamente na câmera – Você trabalha com fotografia?
– Não exatamente. - tirou uma mecha dos olhos – Sou designer, e tiro algumas fotos para me inspirar em trabalhos futuros. É meio que um hobby. – deu de ombros, e Liam assentiu, sorrindo.
– Isso é incrível. O que te trouxe para Doncaster? – se sentou na poltrona, recostando confortavelmente.
– Meus pais, basicamente. Mas depois de algum tempo, tivemos uma briga e eles voltaram para Londres. Meu pai voltou, na verdade. Eu moro em um apartamento, mas minha mãe mora em nossa antiga casa. – explicou, e Liam percebeu que sua voz ficara mais embargada. Resolveu não forçar o assunto, por enquanto. Em todo caso, Grace era uma garota que ele queria ter como amiga.
– Entendo. Bem, o que me diz de Niall? Está rolando alguma coisa entre vocês? – piscou maliciosamente, a fazendo corar e rir.
– Bem que eu queria. Nos falamos algumas vezes, e eu vim aqui mais vezes, mas ultimamente, ele parece meio alheio a tudo, sabe? Fica falando de um garoto, um tal de Ziam, Zac, algo assim. Estou investindo, mas não sou tão paciente. – deu de ombros, tristemente, e Liam não conseguiu evitar de resmungar audivelmente. Aquele garoto parecia estar lhe perseguindo, sinceramente – O que foi?
– Esse garoto. Eu não... gosto muito dele. – disse, simplesmente, bufando de raiva enquanto o moreno voltava a assombrar seus pensamentos. Saiu da poltrona e se sentou ao lado da garota, seus ombros se encostando, e colocou a mão delicadamente em sua perna, acariciando-a – Não se preocupe com Niall. Ele vai cair em si e ver que garota incrível ele está perdendo. – sorriu carinhosamente para ela, que retribuiu.
Seus olhos se encontraram. Liam notou que suas íris eram claras, e, quando chegava mais perto, não conseguia definir sua cor. Azuladas, esverdeadas... eram incrivelmente bonitas. Tinha algumas sardas douradas em volta do nariz. Inconscientemente, fechou os olhos devagar, e foi se aproximando lentamente. Não sabia o que estava fazendo. Não estava pensando.
O toque foi rápido. Seus lábios se encontraram por alguns segundos, e seu gloss tinha gosto de frutas vermelhas. Era um selinho carinhoso e hesitante. Quando se separaram, Liam tinha a cabeça tonta, e suas mãos ainda estavam sob a perna da garota. Eles tornaram a se encarar, e, dois segundos depois, ambos caíram na risada. Grace recostou sua testa no ombro do garoto, rindo, e Liam jogou a cabeça para trás.
– Definitivamente, nunca daria certo. – ela disse, por fim, e Liam assentiu, sorrindo. Não sentira nada, absolutamente nada. Grace era linda, jovial, engraçada. Mas não sentia o coração palpitar, as palmas soarem, não ouvia os sinos dobrando.
– Concordo. – acariciou a parte de trás de suas costas – Amigos? – indagou.
– Os melhores. – sorriram um para o outro, no mesmo momento que a porte se abriu de supetão, e um Niall cantarolador entrou por esta, com duas sacolas da confeitaria. Liam e Grace se afastaram rapidamente, trocando risos cúmplices.
– Bom dia, Liam. – o loiro cumprimentou, distraído, e se virou para a sala, vendo a garota pela primeira vez. Seu sorriso aumentou consideravelmente, e ele passou a mãos pelos fios loiros – Olá, Grace! Não sabia que vinha, teria comprado alguma coisa pra você. – enrolou-se, e Liam viu a garota corar. Sorriu para si mesmo, levantando-se e passando pelo Horan, dando-lhe dois tapinhas no ombro. Abriu uma das sacolas e mordiscou um cupcake azul.
– Está tudo bem, eu só passei para dar um oi. – deu de ombros, mexendo na câmera nervosamente – Acho que você já estava de saída. – se levantou, e fez menção de ir embora, mas Niall se apressou, puxando-a pelo ombro. Onde tocou, uma corrente elétrica passou pelos membros.
– Que isso, Grace. – fora Liam quem respondeu – Por que vocês não vão juntos para o trabalho? Eu não me importo de ir com Aiden. – tirou as chaves do bolso e jogou para Niall, que pegou com uma das mãos. Seu rosto estava coberto de agradecimento.
– Não tem problema mesmo, Liam? – a garota perguntou novamente, e o Payne apenas balançou a cabeça – Okay, então. – sorriu, e o loiro respirou aliviado.
– Estamos indo, então. Até mais tarde, Payno. – Niall levantou uma das mãos, acenando, enquanto a outra estava passada pelo ombro da garota. Liam os viu sair pela porta com um baque leve, e sorriu para o nada. Os amigos formavam um belo casal, e talvez o loiro caísse em si e a chamasse para sair de uma vez.
Sozinho, guardou o que sobrou dos doces intocados que o Horan trouxera na geladeira. Mandou uma mensagem rápida para o amigo, que respondeu que passaria em cinco minutos. Liam limpou as mãos e verificou se estava tudo trancado. Pegou uma sacola com algumas mudas de roupa e uma toalha. Naquela noite, teriam o encontro do grupo da igreja, o qual frequentava semanalmente, talvez o único ponto positivo da quarta-feira. Chamara Louis para ir consigo, e, inconscientemente, torcia para que trombassem com Eleanor. Talvez assim o amigo caísse na real e voltasse ao seu estado normal.
Não era como se Liam fosse homofóbico, ou algo do tipo. Só não gostava de gays perto dele. Nem longe. Para ele, homossexuais iam contra os mandamentos da Cristandade, não deveriam existir. Deus criara o homem e a mulher para que crescessem e se reproduzissem, dando assim, continuidade a espécie sobre a Terra. Não era algo natural. Não era normal.
De qualquer maneira, sairia direto do trabalho, e aproveitaria para tomar um banho por lá mesmo. Aiden não se importava em deixar a chave das portas com o amigo, uma vez que saía constantemente para beber em algumas baladas.
Trancou a porta e guardou a chave em seu bolso, colocando a reserva embaixo atrás do vaso de plantas que tinha rente a coluna. Não confiava em deixá-la com o porteiro, e Niall era demasiado esquecido para se lembrar de pedi-la.
Desceu pelas escadas, impaciente demais para esperar o elevador. Gostava de esticar as pernas, e aquele era um exercício diário que gostava de praticar. Ajudava a organizar seus pensamentos e se preparar psicologicamente para o dia que viria. Ao chegar na portaria, cumprimentou o velho senhor, que assistia a televisão portátil no balcão. Aiden já o esperava em sua 4x4 customizada na frente do prédio, e acenou quando o viu. O rádio tocava um reggae qualquer.
– Hey, buddy. – Aiden estendeu as mãos para trocar um high-5 com o amigo. Liam retribuiu o gesto, saltando para o banco de passageiro e jogando a bolsa para trás.
– E ai, dude. Qual é a dessa beanie? – apontou com a cabeça para a cabeça do outro, coberta por uma beanie completamente colorida, contrastando com os óculos escuros e a blusa regata manchada de tinta. Aiden não parecia ter problema com o frio, entretanto. Ele riu, jogando a cabeça para trás e parando em um dos semáforos.
– Só uma coisa nova que eu estou tentando. – jogou os ombros para trás, despreocupada, e Liam riu. Gostava do jeito descontraído que o garoto tinha.
O resto do caminho seguiu sem maiores preocupações, e logo estavam em frente ao local. Tinha uma fachada bonita, grande, pintada de vermelho e preto, ideia de Aiden. A calçada era pavimentada com cinza escuro, e era um grande balcão de portas duplas. Custara quase nada para comprá-lo do antigo dono, mas os equipamentos e a manutenção do local quase tornaram o sonho impossível. Mas, ali estavam. O Payne sorriu orgulhoso para si mesmo, pegando sua bolsa e jogando sobre as costas, enquanto o amigo descia e abria o local, acendendo as luzes na chave-geral do sistema. Aquele cheiro de malhação lhe dava uma renovação nova.
Os primeiros clientes chegaram, e Liam não teve muito tempo para se manter desocupado. Instruiu alguns alunos, fez matrículas novas, aguentou educadamente as mesmas insinuações e piadinhas das garotas que frequentavam o local apenas para ter uma chance de ir para a cama com os donos.
No almoço, Niall apareceu por lá, com Grace. Suas mãos estavam na cintura da garota, possessivamente, esta pareceu não se importar. Os quatro saíram para comer em uma lanchonete ali perto, uma vez que o loiro precisava voltar antes do turno acabar. Estava cuidando de alguns assuntos da abadia, e Grace precisava atender clientes novos. Liam riu, contou piadas e comeu fish&chips com mostarda. Voltaram para a academia, e o garoto suou um pouco nos aparelhos que trabalhavam o tronco. Alternava os dias em que malhava, para manter-se sempre saudável e em equilibro. A mente não atua sem o corpo.
O dia passou sem que percebesse. As seis em ponto, Aiden o dispensou para o chuveiro, e o garoto tomou uma ducha rapidamente no vestiário que construíram há alguns meses, nos fundos. Trocou de roupa, tratando de cobrir como o possível suas tatuagens, e arrumando o cabelo para cima. Guardou tudo e se despediu do amigo. Niall já o esperava à frente do local, com Louis no bando de trás, encolhido em sua jaqueta jeans. Cumprimentou os amigos, saltando a frente.
– E a Grace? – perguntou para Niall, que sorriu abestalhado.
– Não pode ir. Ela disse que se conseguir, nos encontra lá. – o garoto falava quase estupidamente, e Liam soube na mesma hora que ele estava completamente apaixonado pela garota. Se virou para trás, vendo que Louis parecia alguns quilos mais magro. Seu rosto estava inexpressivo, e suas pernas não pareciam ter sido postas daquela maneira ocasionalmente.
– Tudo bem, Lou? – perguntou, franzindo a sobrancelha, e o garoto assentiu minimamente – Teve notícias de... Harry? – demorou um pouco para dizer seu nome, engolindo em seco. Estava tentando aceitar toda aquela situação ridícula em respeito ao amigo, realmente estava tentando. Não era de sua natureza ser rude, e tinha medo de magoá-lo sem querer.
– Falei com ele semana passada. – sua voz era trêmula, como se estivesse sempre com dor, ou com cãibra. – Vou tentar ligar de novo. Ele disse que voltava em duas semanas.
Liam assentiu, tornando a se virar para frente. Seus pensamentos – sem sua permissão – voaram para o garoto estúpido de topete. Ao que parecia, ele demoraria mais para voltar do que imaginara, o que deu uma guinada para cima em seu ânimo, definitivamente.
Chegaram a igreja em cinco minutos, e que já se enchia parcialmente com os jovens. Os encontros eram voltados para adolescentes e interessados, e tratavam de forma simples e direta dos assuntos mais diversos, que iam de música até sexo. Stanley era um dos líderes, e, por vezes, o Reverendo também aparecia, com seu vozeirão e seus passos tortuosos por conta da barriga projetada para frente, e seu inseparável chapéu de Sherlock.
Niall estacionou atrás do prédio, e os três amigos pularam para fora, seguindo em direção a entrada da frente. Louis andava com dificuldade, e Liam estranhou, mas não disse nada. Sua calça justa era o mais escura possível, e uma blusa grande demais do The Who era coberta pela jaqueta jeans. O garoto teve a estranha impressão de nunca ver o amigo vestindo aquela jaqueta, a qual ele se agarrava paranoicamente. Seu cabelo também estava diferente, bagunçado para todos os lados, e seu rosto estava esbranquiçado, magro e repuxado nas maçãs.
Ao entrarem, Liam viu o típico círculo com cadeiras dispostas, e uma mesa ao fundo, com alguns salgadinhos e refrigerante, para o final. Quase todas as cadeiras estavam ocupadas, com os mais diversos jovens, e Stanley, com seu sorriso inabalável, de pé, organizando alguns papéis com um ajudante. Achou também Eleanor, com um belo vestido branco e tranças. Ao seu lado, uma garota bonita de bochechas salientes e o cabelo preso em um rabo, com brincos dourados e aparentemente caros balançando nas orelhas. Imediatamente, a garota acenou, mostrando ter guardado um lugar para eles. Louis prendeu a respiração, imperceptivelmente fazendo uma careta, mas Liam não podia estar mais feliz.
Sentou-se ao seu lado, dando dois beijinhos em seu rosto e no dá amiga, que sorriu mais para ele do que para os outros. Niall se sentou no meio e Louis na ponta, se limitando a um breve 'Oi', virando para o outro lado e apertando o celular contra as mãos, verificando de minuto em minuto.
– Quem é essa, Eleanor? – Niall perguntou, se curvando para frente para acenar para a garota, que sorriu e retribuiu.
– Sophia, Sophia Smith. Ela é uma amiga que veio de Londres, para morar comigo. – a garota respondeu simpaticamente.
– É um prazer. – Liam cumprimentou, sorrindo amigável para ela. Ela realmente era muito bonita.
– Eu que o digo. – retribuiu, piscando divertidamente, e Liam corou. Logo todos estavam entrosados, conversando e trocando piadas, menos Louis, encolhido em seu canto e balançando uma das pernas devagar. Hora ou outra fazia uma careta.
Logo o encontro começou, e Stanley cumprimentou a todos com um sorriso. Fizeram uma oração rápida, e silenciaram-se, para que o mais velho falasse.
– Bem, fico feliz em vê-los aqui hoje, comigo! – iniciou – Reconheço novos rostos, olá, Louis. – piscou para o garoto, que acenou minimamente, envergonhado. Alguns riram, entre eles, Liam e Niall – Espero que gostem e que voltem nos próximos encontros. Eu separei um tema muito legal para discutirmos hoje, e quero que todos participem! – procurou algo em suas folhas – O tema de hoje é: amor! – alguns fizeram uma cara confusa, outros riram. Liam sorriu satisfeito, olhando de rabo de olho para os amigos. Niall rira alto, tipicamente, mas Louis se encolhera no assento – Calma, calma. Vamos todos falar sobre o amor. O primeiro amor, o amor platônico, o amor adolescente. Quero que todos compartilhem experiências amorosas que tiveram aqui. Todos conhecem 1 Coríntios, 13, suponho? – vários balançares de cabeça – Pois bem. Eu, particularmente, gosto do versículo 7. “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. É uma bela passagem. Deus é amor. Deus diz para que seus filhos amem uns aos outros como Ele vos ama. O amor está em todos os lugares, em todos os seres. O amor é para todos, e infeliz é aquele que vive sem amar. Não somos impedidos de amar, e ninguém nunca poderá nos recriminar por amar. O homem foi feito para a mulher, e esta para o homem. Um vínculo inquebrável se forma entre eles se houver o amor mútuo. E é desse amor que falaremos. O amor entre um casal, o amor compartilhado, o amor secreto, o amor escondido. – Liam pensou que a vida não podia ser mais irônica. Incomodado, mudou a posição, e olhou para Louis. O garoto parecia imerso em pensamentos, com os olhos úmidos, mordendo forte o lábio inferior. Uma de suas mãos coçava a coxa levemente. O Payne suspirou silenciosamente. Havia algo de errado com o amigo, e ele descobriria o que era – Vamos começar, então. Quem quer dizer algo sobre o amor? – questionou, passeando os olhos pelo salão, e, ao seu lado, Niall levantou a mão, animado – Buh uh, Niall, nos dê a honra. – estendeu os braços, dando-lhe a palavra.
– Para mim, o amor é para todos. Qualquer um tem o direito de amar. O amor é como comida. – risos coletivos – Não vivemos sem, ou começamos a definhar. Até tem como substituir, procurar outros meios para sobreviver, mas apenas jogaremos terra no buraco de areia movediça para adiar o problema, não escavando fundo, para solucioná-lo. – terminou, e uma explosão de palmas e assovios preencheu o lugar.
– Começamos bem, hoje! Obrigado Niall, não podia ter dito melhor. – Stanley o elogiou, e o garoto sorriu, dando de ombros – Vejo que alguém está amando. – alfinetou, e o loiro corou perceptivelmente sobre a pele branca.
– Talvez. – sorriu abobadamente, e houve mais gritos. Liam riu, dando um soco fraco no amigo, que se esquivou, rindo.
– Está certo, está certo. – acalmou os ânimos – Isso é o amor. O amor é simples, mas, ao mesmo tempo, complexo. Deus ama a todos aqueles que amam. Todo homem com sua mulher tem direito ao amor. – decretou, e Liam mordeu os lábios – Vamos, digam frases que definam o amor para vocês. – começou um falatório generalizado.
– O amor está no ar.
– Eu amo amar o amor.
– O amor é uma paixão mais calma!
– Todos aqueles que amam são felizes.
– Deus é o amor mais puro de todos.
– Eu quero um amor só pra mim. – em algum momento Eleanor se fez ouvir, piscando e fazendo todos ao seu redor rirem, menos, é claro, Louis, parecendo incomodado.
– O amor é uma droga. – Liam comentou, cruzando os braços. Continuaram a falar, até que, de repente, uma voz fraca surgiu ao lado.
– Eu acho que o amor é livre. Não tem restrição, cor, classe, gênero. O amor não rotula, não julga, não condena. – Louis respirou fundo. Um silêncio havia se instalado, e todos o encaravam curiosamente, alguns discordando, outros concordando em silêncio. Liam prendeu a respiração, observando o amigo. Ficou absorvendo as palavras, mordendo o interior de sua bochecha, enquanto elas faziam eco em sua mente.
E, no escuro de seus pensamentos, o garoto arrogante de topete e cigarro tornou a aparecer, zombando dele, debochando com seu jeito inevitavelmente provocador. Liam balançou a cabeça, negando a si mesmo. Não era como Louis. Tolo como ele. Sonhador como ele. Seguro como ele. E ele estava errado. O amor era uma ilusão. Uma doce ilusão. Apenas os idiotas caíam em suas armadilhas. Liam não precisava daquilo. Não precisava de nenhum maldito amor. E, absolutamente, não precisava de nenhum maldito muçulmano.
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Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)
Romance“Desde criança, aprendi que não existe compaixão. Não existe esperança, não existe o perdão. O que é meio irônico, considerando o que me tornei hoje. Mas, logo cedo, fui criado em um ambiente cheio de terror, medo e descrença. Nunca conheci meus pai...