[N.A.] HELLO, GIRLS! A demora absurda se deu pelo jogo, obrigada, de nada. Mesmo que, agora que estamos sem o Neymarzinho, a vitória contra a Alemanha seja praticamente impossível, mas acho que ninguém quer saber de futebol.
Eu só queria compartilhar com vocês a minha surpresa e o meu êxtase pelos FODIDAMENTE 400 FANTÁSTICOS COMENTÁRIOS NO CAPÍTULO ANTERIOR!!!1111!! Sinceramente, eu JAMAIS esperaria tanto! Eu recebia mais e mais notificações, em um dia só eu recebi mais de duzentas, e chegou uma hora que eu fiquei encarando o computador me perguntando se era real mesmo aquilo ou só um sonho muito louco! Realmente, obrigada unholers! Eu simplesmente não consigo escrever o quanto eu sou grata por cada um, cada surto, elogio, xingamento, eu leio absolutamente todos com o maior carinho, sem vocês eu não seria nada! Hoje, especialmente dedicado à stylinsonfear, cuja qual me mandou um comentário mais que fantástico e me deixou extremamente feliz. Obrigada, amor!
Sobre o capítulo anterior, eu nunca imaginaria que vocês se entregassem tanto. Eu fiquei extasiada ao descobrir que consegui minha meta que transpassar os sentimentos do Louis, eu sempre tive algumas dificuldades com isso, mas a maneira como vocês se sentiram, o desespero, a tristeza, me deixaram muito comovida! A história em si não é de toda fictícia, eu me baseei em muitos fatos e sentimentos pessoais para escrevê-la, e fico contente em saber que tantas pessoas se corresponderam com isso. A fanfic tem o intuito de passar uma mensagem muito significativa, tanto pela minha opinião contra a Igreja e todo esse restante, quanto um apelo emocional e de ajuda para aqueles que, talvez, se encontrem em situação parecida a dos personagens. Obrigada, de coração, por se entregarem e se deixarem emocionar, é um passo muito grande para mim e é uma honra dividi-lo com vocês.
Sobre aquela parte de DEUS RI QUANDO GAYS MORREM, eu percebi muita gente revoltada, e eu me inspirei em um vídeo que eu vi no facebook e achei EXTREMAMENTE interessante e perfeito! Se chama Heterofobia – o link está ao lado no vídeo – e conta a história de uma sociedade imaginária e utópica, onde todos são homossexuais, e ser hétero era abominável. A mensagem do vídeo era mostrar os sentimentos de um homossexual na sociedade em que vivemos, na pele da Ashley, que é hétera e sofre perseguições dos colegas de escola. O final é emocionante, o vídeo tem 20 minutos, e recomendo a todos que vejam, é muito interessante e tem muito contexto com a própria fic.
Em suma, é isso. Nunca acredito que alguém lê toda essa baboseira, mas não custa tentar, né? Esse capítulo é feito contando da parte do Harry, pra esclarecer a tal viagem, okay? Espero que gostem! Love u all [/N.A.]
3º. P.O.V – H.S.
Harry estava irritado. Muito irritado. Seus pés balançavam impacientemente contra o piso acolchoado do avião, enquanto, ao seu lado, Zayn balançava a cabeça escutando qualquer coisa no MP3 da poltrona, alheio a tudo, inclusive à bolha de mau humor do melhor amigo. A janelinha redonda localizada à altura do rosto do cacheado passava pelas nuvens, mostrando abaixo uma cidadezinha qualquer, mais parecida com um formigueiro de pedras e montanhas. Ainda não acreditava que o garoto o obrigara aquilo, quando já prometera a si mesmo nunca mais passar por aquela situação novamente.
No entanto, sua mente apenas se ocupava com Louis, preocupado ao extremo. Sabia que o garoto era meio inseguro com o relacionamento deles, principalmente com Liam em seu encalço. Não fora, definitivamente, com a cara do grandão, e sabia que ele era contra. Louis tinha a mente muito fraca e era facilmente influenciável, ainda mais por conta da sua religião, Deus e essas coisas. Tinha medo que o garoto surtasse, se culpando por tudo.
Dessa maneira, se preparou devidamente assim que Zayn terminou de falar, ligando para o banco e sacando uma boa quantia de dinheiro, depois falando com o porteiro do seu prédio, autorizando a entrada de Louis e seus amigos, se ele desejasse. Cuidou para que o menor ficasse em total segurança na sua ausência, e seu coração pesava no peito, querendo estar de volta para perto de seu pequeno.
Suspirou pela milésima vez, desbloqueando o celular, apenas para se distrair um pouco. Fitou o plano de fundo, com saudades. Uma foto de Louis estava sendo exibida. Ela a tirou discretamente, no dia em que o levou para o encontro no parque de diversões. O garoto estava de perfil, o brilho de seus olhos capturado com perfeição. O cabelo estava meio bagunçado, e seu sorriso era gigantesco, encarando a entrada do local, enquanto esperava por Harry. O cacheado sentiu que precisava registrar aquele momento, e a foto tirada virou a tela de fundo de seu celular imediatamente. Já estava com saudades de Louis, mesmo estando separados por apenas duas horas.
Assim que saíram do prédio, Zayn já ligou para o aeroporto, comprando duas passagens do próximo voo disponível. A pulseira irritante presa ao calcanhar do de olhos verdes apitara incessantemente, e não demorou para que recebesse uma ligação do capitão Cowell, do esquadrão de vigia da Condicional, que cuidava do caso do garoto. Como ele não estava autorizado a sair da região, teve que mentir, dizendo que sua avó estava internada, passando muito mal, e ele precisava ir visitá-la, uma vez que a velha só se lembrava dele, já que seu Alzheimer estava avançado. Cowell pareceu engolir, e liberou a viagem, enquanto os dois garotos comemoravam com um high-5 à enorme habilidade de Harry para mentir.
Ambos levavam apenas uma mochila com alguns itens necessários para a operação. Dinheiro não era problema, e qualquer coisa que precisassem – de roupas até comida – comprariam lá. Se tudo corresse bem, ficariam no máximo duas semanas longe, e esse era tempo suficiente para desflorar a irritação aguda do garoto.
Recostou no seu assento da primeira classe, zapeando pela pequena tela de televisão acoplada à sua frente, não encontrando nada de interessante para assistir. Bufando de raiva, jogou o controle na tela quadriculada, cruzando os braços na altura do peito.
Zayn finalmente se virou para ele, erguendo uma sobrancelha, tirando os fones e apoiando a cabeça em uma das mãos.
– Você ainda está fazendo birra, Hazz? – perguntou docemente, a voz se arrastando, e Harry o fitou, se questionando se, em algum momento, conseguiria ficar irritado com Zayn.
Zayn Malik era uma pessoa engraçada. Quem não o conhecia, diria que, certamente, era um encrenqueiro e má influência, mas estava longe disso. O garoto cultivava aquela aparência de badboy apenas para se proteger, como explicou uma vez. Sempre com um cigarro dependurado na boca, as jaquetas de couro pesadas e os coturnos cheios de spikes eram apenas uma fachada para o verdadeiro Zayn.
O muçulmano era o garoto mais gentil, companheiro e delicado que Harry já conhecera, e, se o visse na rua antes de o conhecê-lo realmente, o chamaria de 'bichinha'. Em casa, Zayn era completamente propício a usar moletons de tons claros, andar descalço e fazer tiaras de flores rosas – hábito que Harry achara uma graça, uma vez que o moreno o obrigava a usar também. Em suma, Zayn era a personificação de um hipster vegetariano coberto de fofura.
Quando saiu da prisão, Harry achou que estaria sozinho, solto a mercê da própria sorte, mas qual foi sua surpresa quando encontrou Zayn na Delegacia Regional de Doncaster, o esperando pacientemente com um copo de café descafeinado e sem açúcar, uma bolsa com roupas novas e um presente de boas-vindas. O Styles finalmente sentiu que não estava sozinho, e, quando Zayn revelou que era homossexual e que tinha algumas tendências a horóscopos e tiaras, Harry prometeu a si mesmo que nunca, em hipótese alguma, deixaria que alguém ofendesse seu amigo ou qualquer um que fosse diferente dos demais. Qualquer um que tentasse iria para o inferno. E, claro, também se divertia vendo todos se encolherem com medo e tremerem na própria base na presença da versão má de Zayn Malik.
Balançou a cabeça, se livrando dos devaneios, e fitou o amigo, que usava uma jaqueta Varsity preta e o cabelo completamente bagunçado para cima. Entre os lábios avermelhados, um cigarro pela metade, mesmo que no avião não fosse permitido fumantes, ninguém seria idiota o bastante para dizer isso a um cara com olhar intimidador e uma bota com espinhos no pé.
– Não é birra, Zee. – murmurou entre os dentes, se afundando no assento sob o olhar indagador do amigo – Não é! – resmungou.
– Olha, Hazz, me desculpa por te meter nessa de novo, você sabe que nem mesmo eu voltaria para aquele lugar novamente, mas eu não poderia deixar o cara na mão. – desabafou, lamentando-se, e Harry suspirou pesadamente.
– Eu te entende, Zee, e só que... – parou, puxando os cachos para cima involuntariamente – Eu odeio ter que deixá-lo sozinho! Você sabe como ele é, você já tinha conversado com ele.
– Até parece que você não se garante. – zombou o moreno, soltando uma lufada de fumaça na direção de Harry, que tossiu e xingou – Fica calmo. Nós voltaremos o mais rápido possível para o seu pequeno homem. – sorriu, tranquilizando-o.
– Não fale assim do meu Lou. – resmungou, por hábito, e abanou a mão, se livrando do cheiro incômodo e azedo do cigarro – Por que você ainda fuma essa porcaria? – perguntou, apontando para o maço em cima de seu colo.
– Não sei. – deu de ombros, apagando mais uma bituca no cinzeiro ao seu lado – Acho que a nicotina acalma o meu chackra. – deu de ombros. Harry rolou os olhos, já acostumado com o jeito típico de Zayn e sua 'aura sempre bem positiva'.
– Queria saber porque você continua com essa farsa. Você sabe que não precisa ser quem você é só para se proteger, eu te protejo. – comentou, sinceramente, e o moreno sorriu largamente para o amigo, segurando sua mão contra o peito emocionadamente.
– Obrigado, Harry. Você é um anjo, sabia? – fingiu limpar uma lágrima imaginária, enquanto o outro ria baixo – Mas eu me acostumei com isso, sabe. Eu gosto de intimidar as pessoas, e as roupas são muito legais. Acho que meio que virou o meu jeito natural. – deu de ombros, indiferente, e Harry assentiu. Zayn era Zayn, no final das contas.
O garoto tornou a olhar pela janela, vendo as grandes montanhas de pedra cercadas por altos e velhos pinheiros. Estavam perdendo altitude, e, como de costume, o ar rarefeito começou a fazer sua cabeça latejar. Zayn, ao seu lado, não parecia incomodado com a falta repentina de oxigênio, balançando a cabeça animadamente ao som da música. Ou provavelmente as marijuanas que o garoto fumava fizessem algum efeito psicotrópico em seu organismo.
De qualquer maneira, estavam quase chegando, e o Styles já sentia o conhecido e quase nunca desejado fio na barriga. Estavam muito longe de casa, e aquele lugar não era o que poderia se chamar de detentor de boas lembranças. Da última vez que pisaram ali, Harry jurara a si mesmo que jamais voltaria àquelas ruas, àquele pais, mas não podia negar ajuda aos seus amigos, e muito menos à Zayn. Sabia que os garotos estavam correndo perigo, e, mais uma vez, teria que fazer o trabalho sujo por eles. Sua preocupação detinha-se em Louis, mas, de todo modo, o garoto deveria estar bem naquele momento. Não podia perder a concentração, qualquer erro poria toda a operação em risco, e mais, a vida dos amigos em risco.
– Ashton estará lá nos esperando? – perguntou baixo, e o moreno, mesmo com o fone, assentiu imperceptivelmente.
– Foi o que ele me disse. Luke estará com ele, de qualquer modo, você sabe como o Hemmings é, provavelmente não deixaria Ash andar sozinho nem para atravessar a rua. – zombou com um sorriso torto, acendendo outro cigarro. Harry se perguntou internamente se o muçulmano não morreria de câncer algum dia.
Apesar de tudo, o cacheado não tirava a razão dos amigos. Mesmo sendo boas pessoas, se meteram em um beco sem saída, e é claro que ele não deixaria o namorado sozinho naquela situação. No começo, fizera o possível e o impossível para que Ashton não se metesse, mas foi inevitável de qualquer maneira. Quando descobriram, tentaram atingi-lo para acertar Luke, o que não foi uma boa ideia. Ver Luke Hemmings irado com uma arma de calibre 39 na mão não era uma cena pela qual você vá se lembrar. Na verdade, seria a última cena que veria na vida, ainda mais se envolvesse o Irwin no meio.
Luke ligara para Zayn de manhã, quando Harry estava com Louis no banheiro, desesperado por ajuda. Alguns antigos cobradores estavam em seu pé, ameaçando Ashton, e dessa vez ele não conseguiria dar conta de todos. Precisava proteger o garoto e dar cabo da organização. Confiava nele quando dissera que não os envolveria se não fosse estritamente necessário, mas não se sentia muito confortável.
– Acho que estamos chegando. – Zayn comentou, guardando o aparelho e segunda sua mochila firmemente com as mãos – Meus poros estão todos eriçados.
– Não finja ser o médium do grupo, Zee. – replicou o garoto, rolando os olhos.
– Pare de ser tão idiota. – retrucou, lhe dando a língua e massageando as têmporas – Dude, faz muito tempo que eu não faço isso. Acho que estou sem prática.
– Cale a boca. Você só vai entrar no meio quando eu estiver estirado no chão com uma maldita bala na minha cabeça, me ouviu? – rosnou entre os dentes. Não deixaria o amigo se meter no meio daquela sinuca de bico vivo.
– Pare de ser tão ranzinza, Harry, por favor! Eu sei me cuidar, okay? Não é como se eu fosse me suicidar ou algo assim. Luke precisa da gente, e eu não vou ficar aguentando seus ataques de machismo patriarcas do outro lado do continente. – brandou, gesticulando furiosamente, mas Harry apenas rolou os olhos verdes. Sabia que Zayn era a pessoa mais teimosa do mundo quando queria, mas, de qualquer maneira, faria de tudo para mantê-lo o mais longe possível do confronto imediato.
Não tardou para a aeromoça vir até eles, ordenando em quatro línguas diferentes para que colocassem o cinto, não saíssem do assento e instruindo sobre o uso das máscaras de oxigênio em caso de emergências. Ela encarou Zayn e seu sempre presente cigarro dependurado, mas não disse nada, engolindo em seco e sumindo por detrás da porta da cabine de comando.
Sentiram um solavanco suave, e logo avistaram o campo de pouso. Harry estralou os dedos e o pescoço, sentindo as juntas doerem pela ansiedade. Não sentia medo, apenas um incômodo formigamento de impaciência. Queria acabar logo com aquilo e voltar para junto de Louis.
Pousaram sem maiores complicações, levantando-se em entrando na fila de desembarque. Logo fariam o check-in e se encontrariam com Ashton. Harry se sentiu parcialmente deslocado com sua blusa de botões preta, suas calças rasgadas, sua bota e seu chapéu escondendo os cachos, uma vez que estavam cercados de hippies cheios de dreads e camisetas verdes, amarelas e vermelhas, com um cheiro suspeito de maconha. Por outro lado, Zayn parecia muito a vontade entre os seus, conversando com dois jamaicanos aparentemente sonolentos. Bufou, esperando impacientemente pelo amigo, próximo ao posto de visto à turistas.
– A mocinha já terminou de se socializar com os da erva? – ironizou, levando um dedo do outro, que puxava seu passaporte do bolso e entrava na fila.
– Engraçado, Harry. Não sei por que seu humor magnificamente irônico desflora aqui no Peru. Você tem algo contra a baixa altitude ou o quê? – rebateu, estendendo a folha para a atendente sem nem ao menos olhá-la. Recebeu o carimbo e foi para o lado, dando lugar à Harry, que rolou os olhos, entendiado.
– Não é nada pessoal. Só vamos matar alguns caras e sumir daqui, por favor. – resmungou, avistando a beanie cinza de Luke e caminhando entre a multidão com Zayn em seu encalço.
-x-
– Olha, isso não vai dar certo. – a voz do Styles se fez ouvir na pequena sala escura do porão do prédio de Ashton. O cômodo fedia a mofo e algumas substâncias tóxicas não-identificáveis suspeitas. Todos os fitaram com reações diferentes. Luke suspirou, cansado, se jogando para trás, enquanto Ash choramingava, e Zayn o fitou com tédio.
– Tem como ser um pouco mais positivo? – perguntou, sorrindo zombeteiro e acendendo outro cigarro. O chão jazia com algumas bitucas, mas, surpreendentemente, o moreno parecia o único com um pulmão bom em funcionamento dos quatro amigos reunidos.
– Positivo? – repetiu, estralando os dedos e o fitando com a sobrancelha erguida – Tudo bem. Isso positivamente não vai dar certo.
Zayn suspirou, apoiando a cabeça sobre as mãos. O clima parecia ter se condensado depois das palavras negativas de Harry, mas, internamente, sob a mente de cada um, a verdade era digerida como uma grande nuvem cinza cobrindo a bola solar. Era como uma metáfora, uma triste e sádica metáfora. Algo ruim cobrindo parcialmente algo bom, cheio de luz, e que parecia tão grande e ameaçadora que nunca mais seriam superadas. Não dava para ver a luz. E, no caso de Harry, a luz era inexistente.
Sua cabeça pesava mais do que o normal, e ele se sentia cansado, confuso, com medo. Aqueles sentimentos não faziam parte do antigo Harry, mas algo havia mudado. Sua mente se ocupava com as imagens do garoto de olhos azuis, sozinho, a mercê da própria sorte, e seu peito se apertava ao saber que a gritante mensagem de 7 chamadas perdidas em seu celular haviam sido brutalmente ignoradas. Ele apenas não suportaria ouvir aquela voz doce e trêmula, e saber que não poderia abraçá-lo, beijá-lo, apossar-se dele, marcá-lo como seu. Seu coração só queria ir de volta para casa. Mas seu corpo tinha que ficar. Preso àquela sala com um plano suicida que nunca daria certo.
– Hey, guys, vai dar tudo certo. – Ashton tentou reanimar, com a sua típica voz chorosa e trêmula, mas a tentativa pareceu dar algum resultado, quando Luke voltou a se arrumar na cadeira e se debruçou contra os papéis jogados.
– O Ash tem razão, pessoal. Temos que nos concentrar e fazer dar certo. Podemos acabar com tudo isso agora, mas preciso de vocês concentrados aqui. – fitou principalmente Harry, que bufou irritado, ignorando a queimação do celular no bolso lateral direito, que implorava para ligar na discagem rápida #2.
– Tudo bem, tudo bem. – o cacheado cedeu, por fim, sabendo que era o cérebro da equipe. Precisavam ao menos tentar – Preciso de mais informações, Luke. – o encarou com os olhos eletrizantes, e o garoto assentiu prontamente.
– Vou repassar tudo que eu sei. Os caras estavam uma fera quando me ligaram, há uns quatro dias. Parece que umas garotas estúpidas estavam usando a 'branca', tipo, muito. Elas encomendaram cada vez mais pacotes, e eles começaram a desconfiar. Uma delas disse que era sua amiga, e então ele liberou. Acontece que elas deram o golpe. Sumiram do mapa, trocaram o telefone, tudo, e eles ficaram sem a grana. O Ashton estava no supermercado quando eles apareceram por lá. – nesse momento, Luke segurou a mão do namorado com força – Disseram para que Ash me avisasse que eles estavam cheios do Styles, e que iriam querer se vingar pelo deficit das garotas. Eu sabia que ia ser coisa grande, e como você estava envolvido, liguei pro Zayn assim que pude. – terminou, coçando os olhos de modo cansado, e Harry suspirou.
– Okay, temos a máfia peruana furiosa e garotas viciadas usando meu nome em vão. Típico. – bufou ironicamente, enquanto Zayn rabiscava em um papel abandonado, pensativo – Aliás, quais eram os nomes das garotas que você me disse mesmo? – ergueu a sobrancelha, sugestivamente, e Luke sorriu enviesado.
– Eu não disse. – deu de ombros.
– Foi o que eu imaginei. – recostou, cruzando os braços sobre o peito. Aquela foi a deixa para que ele completasse a informação crucial que faltava.
– Eram duas... hm, uma tinha nome de princesa, e a outra, alguma coisa com C... – mordeu a bochecha interna, pensativo, mas fora Ashton quem – milagrosamente – respondeu.
– Sophia e Calder. – Luke sorriu torto e beijou estralado o rosto do namorado, passando o braço possessivamente por seu ombro, o encarando de forma adoradora. Subitamente, foi naquele momento em que Harry mais sentiu falta de Louis desde que chegara. A cena parecia tão intensa que ele precisou desviar o olhar, se sentindo incomodado. Porém, ao se dar conta do que Ashton tinha falado, soltou uma risada alta e sobressaltada, que assustou a todos. Luke e Ash parecia surpresos, enquanto Zayn assumiu uma atitude cautelosa.
– Eleanor? Eleanor Calder?! – brandou, quase gritando, e seu tom de foz era cortante e sarcástico ao extremo, um sorriso enviesado brincando em seus lábios. Zayn se preparou para levantar.
– Isso, esse nome mesmo! – Luke exclamou, feliz por ter lembrado, mas a expressão de poucos amigos o impediu de comemorar, a medida que Ashton se encolhia ao seu lado.
– Eu vou matar aquela cadela. – rosnou assustadoramente, os punhos se fechando com tanta força sobre a mesa de plástico que as veias saltaram em seu antebraço.
– Harry, calma. – Zayn sussurrou, e aquela pareceu a gota d'água.
Harry pareceu crescer dois metros, o peito inflando de ar quente, e sua mente começou a escurecer perigosamente. Os olhos assumiram um tom escurecido de verde, enquanto o lábio inferior tremia compulsivamente. Luke alternou o olhar entre o cacheado e Zayn, se perguntando porque porras o moreno não estava tremendo diante daquela transformação assustadora do amigo. Só havia presenciado um ataque de fúria de Harry Styles uma vez na sua vida, e ainda tinha dificuldade para dormir.
– Pausa de cinco minutos. Vamos, Ash. – chamou sussurrando, puxando o namorado pela mão com uma velocidade incrível, e correram para a porta minúscula de saída, fechando-a atrás de si no momento em que se podia ouvir toda a voz estrondosa de Harry berrando em plenos pulmões:
– COMO PORRAS VOCÊ QUER QUE EU ME ACALME, MALIK?! AQUELA VADIA VEM FODENDO A MINHA VIDA DESDE QUE EU SAI DA PORRA DAQUELE INFERNO, E AGORA FICA USANDO MEU NOME NAQUELA BOCA IMUNDA DELA! COMO RAIOS VOCÊ QUER QUE EU ME ACALME?! FALA, ME DIZ! EU VOU ESTOURAR OS MIOLOS DAQUELA DESGRAÇADA, EU DEVERIA TER FEITO ISSO A MUITO TEMPO! – em um golpe rápido, virou a mesa com um tapa. O objeto virou três vezes no ar, antes de se chocar contra algumas caixas e cair fechada no chão. Os papéis voaram para todos os lados, e, embora Harry encarasse o amigo com uma fúria incontrolável e o peito subindo e descendo de forma assustadora, Zayn sequer piscou. Estava preparado para aquela cena desde que falara com Luke, ligando os pontos e descobrindo de quem se tratavam as duas garotas. Sophia lhe era um nome estranho, mas Eleanor não tinha um histórico muito bom com o Styles, e definitivamente, usar seu nome para comprar drogas do Peru não era a maneira mais eficaz de se desculpar.
– Harry, eu entendo o que você está sentindo, mas matá-la não seria nada benéfico para nós neste momento. – usou seu melhor tom neutro, anos de experiência com as irmãs, e as aulas de ioga também ajudaram. Levantou as mãos para tentar acalmá-lo, mas em um rugido gutural, o de olhos verdes começou a andar em círculos, chutando tudo que via pela frente e socando a frágil parede de madeira, não se importando que suas mãos já começassem a criar esfolações. O moreno respirou fundo, tentando achar algum ponto fraco que acalmasse Harry antes que ele fizesse alguma besteira. Seu cérebro se iluminou subitamente. Era golpe baixo, mas funcionaria – Pense em Louis. - dito e feito, o nome pareceu como um calmante de gatos. O garoto parou, o encarando de forma raivosa.
– Não envolva Louis no meio. – alertou, e sua voz era tão fria e desprovida de emoções que Zayn quase cedeu.
– Pense em como ele ficaria se você voltasse para a cadeira por ter matado uma garota. Espere até o momento certo, nós resolveremos isso. Mas não agora. Precisamos resolver aqui primeiro. Acho que você não quer deixar o seu garoto sozinho. – ergueu uma elegante sobrancelha sugestivamente, sabendo que sua jogada mortal poderia ter duas consequências: ou Harry o espancaria até a morte certa e depois espancaria a garota, ou então ele suspiraria e se acalmaria aos poucos, concentrando-se em suas prioridades no momento, no caso, Louis.
Graças a todos os deuses que Zayn não acreditava – ou preferia chamar de espíritos cosmos do além presentes em seu mantra-chackra matinal – a segunda alternativa foi a escolhida pelo de olhos verdes, que se largou pesadamente no chão, cruzando as pernas em índio e respirando pesadamente, os dedos entrelaçados contra os cachos com uma força que parecia machucar, mas ele não se importava. Seu coração gritava Louis Louis Louis enquanto sua mente gritava MATE ELA MATE ELA MATE ELA. Com uma raiva quase esmagadora, o Styles não teve outra opção a não ser se guiar pelo maldito coração. Não suportaria viver sem Louis, nem que fosse na cadeia por ter – prazerosamente – matado Eleanor com suas próprias mãos, ou talvez uma ou duas facas.
Depois de algum tempo, ele olhou para cima, onde Zayn estava com os braços cruzados sobre o peito satisfatoriamente, e estendeu uma das mãos para ajudar o amigo a se levantar. Este o fez, limpando o pó das roupas, e resmungou algo inaudível.
– Isso foi golpe baixo, Zee. – murmurou, e o moreno apenas riu.
– Eu sei. Tempos desesperados pedem medidas desesperadas. – deu de ombros, recolhendo os papéis e abrindo a porta para irem de encontro à Luke e Ashton. Harry concordou distraído, pensando em seu novo ponto fraco. Ele tinha nome, sobrenome, cabelo castanho, olhos azuis cristalinos e uma senhora bunda fantástica. Talvez – e só talvez – seu coração ansiasse mais do que ele imaginava para voltar para casa.
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Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)
Romansa“Desde criança, aprendi que não existe compaixão. Não existe esperança, não existe o perdão. O que é meio irônico, considerando o que me tornei hoje. Mas, logo cedo, fui criado em um ambiente cheio de terror, medo e descrença. Nunca conheci meus pai...