I'm a fool for you

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[N.A.] Batam-me. É sério, podem bater.
Eu sou horrível, eu sei. Mas entendam, eu estou atolada até o nariz de trabalhos, listas, as provas estão chegando e eu me sinto absolutamente atolada de coisas para fazer. Antes tarde do que nunca, pois é.
Esse capítulo é contado pelo ponto de vista do Harry, e eu não sabia como terminar ele. Vou abrir novas pontas soltas, para fechar no final, entendem? Novos personagens, histórias de nexo e essas coisas todas que eu faço de melhor.
Vamos aos pontos bons. ACREDITAM QUE A MINHA FIC FOI INDICADA COMO UMA DAS MELHORES DE LARRY???? GENTE, ISSO É INACREDITÁVEL, PUTA QUE PARIU, EU NUNCA IMAGINARIA ESTAR EM UMA LISTA ONDE TEM YOU'VE FORGOTTEN, PRECIOUS, YOUNG&BEAUTIFUL E TODAS ESSAS COISAS MARAVILHOSAS! Eu comecei com uma história clichê, sem graça, cheia de dramas e má escrita, tentei melhorar aos poucos, e agora alcancei 50k de leituras, unholers fantásticos, e isso pra mim é como um sonho. Eu queria aprender a ser uma escritora séria, madura, que soubesse acreditar no próprio potencial e agradecer os leitores por tudo que eles me proporcionam, mas é impossível. Acho que sou meio doidinha mesmo. Enfim, obrigada por tudo que vocês fazem por mim. Tentei fazer um capítulo bom, mas acho que as coisas continuam meio paradas.
Tem a capa nova também! Verônica, esse capítulo é pra você. Uma leitora incrível fez ela e me mandou no grupo, e é absolutamente perfeita. Não tenho palavras para agradecer a essa princesa. A capa é perfeita, não é?????
Tá, agora os pontos nem tão bons. Eu vi uma pessoa – mais de uma, na verdade – dizendo que a fic é boa, mas eu detalho demais. Eu só queria dizer que é assim que eu escrevo. Desde o começo, eu gosto de enriquecer cenas, pessoas, objetos, tudo, colocar muitos sentimentos e metáforas. É assim que eu escrevo, e sinto muito que isso não agrade a todos, porque eu me esforço muito pra isso, e não pretendo mudar. Desculpe se fui grossa, mas isso estava entalado na minha garganta.
E tem Endless! Eu recebi uma advertência, acho que era aquilo, algo como uma notificação do site, sobre a fic, e quando entrei, ela havia sido excluída, assim, sem mais nem menos! Eu fiquei absolutamente arrasada, eu tinha grandes planos para aquela fic, provavelmente vou repostar algum dia, mas por enquanto, não tenho condições. Vou postar apenas ones e shorts enquanto Unholy não acabar. Peço que me entendam. (Leiam 7Things, minha nova one pela qual eu estou apaixonada!).
Enfim, essas notas ficaram grandes demais, blergh. You've Forgotten acabou, e eu estou chorando sangue. Shy bear no more *crying so fucking hard*
Enfim, mil desculpas por esse texto ridículo. Eu amo todos vocês, de verdade. Obrigada por tudo. E desculpem-me pelo capítulo meio chatinho. Quero que falem quando fica chato, para que eu possa mudar e procurar evoluir.
Love u all. So so much.
P.S.: Nunca vou conseguir ouvir Just A Little Bit Of Your Heart sem imaginar larry brigando e reconciliando, ou o Harry cantando pro Louis com aquela voz grossa dele. Ele não merece esse mundo e essas fãs de merda. Estressei. [/N.A.]

3º. P.O.V.

– Harry Styles? – a voz soou fria e sarcástica, fazendo com que o garoto, outrora adormecido, despertasse em um pulo, assustado e desconfiado.

O cacheado sentou-se rapidamente, encarando sua primeira – e única – visita em três dias, desde que fora confinado naquele quarto fétido e com uma mancha suspeita no canto da parede. Passara tanto tempo trancado naquele quarto que se esquecera de coisas básicas da convivência humana, como, por exemplo, falar. Também não via a luz do sol a algumas muitas horas, uma vez que a janela da porta era gradeada e os vidros, permanentemente cobertos com uma lona preta. Vivia em um escuro completo, mas não algo tão diferente de como se sentia por dentro. Escuro.

Naqueles dias em que ficara ali, pensara muito, sobre muitas coisas. Dizem que “mente vazia, oficina do diabo”. Harry considerou que era um ótimo ditado, já que um dos primeiros pensamentos que lhe acometera nas primeiras horas de confinação foi que preferia mil vezes estar na prisão do que naquele lugar. Pelo menos tinha banho de sol por algumas horas e uma comida que não parecia ter sido feita a três dias e temperada com borracha derretida.

Claro, sabia que era o calor do momento que o levara aquele mar de pensamentos aleatórios e incógnitas perdidas de uma equação desconhecida. Por mais que tivesse se deixado levar pelos devaneios de sua mente, um único assunto não lhe saia da cabeça, seja dia ou seja noite, onde quer que estivesse. Um único alguém, mais especificamente.

Não conseguira esquecer, nem sequer por um instante, dos olhos de Louis quando fora levado a força para fora do quarto pelos dois enfermeiros brutamontes e uma seringa de morfina na veia. Conseguiu distinguir claramente os sentimentos por trás daquelas íris tão azuis e brilhantes. Havia pesar, angústia, um pouco de gratidão. E medo. O medo era o que mais predominava. Tomava as safiras, deixando-as nebulosas. Foi aquele olhar apavorado, encolhido, que o fizera parar de se debater. O que porras estava fazendo? Foi então que finalmente se deu conta, e o arrependimento caiu sobre seus ombros como uma avalanche. Deixou-se levar, suplicando com os olhos diretamente para o garoto. Seu rosto contorcido e avermelhado do choro desesperado fora a última coisa que vira antes de se sentir afundar, recebendo os primeiros efeitos da droga tranquilizante que lhe fora injetada no sangue.

Acordou com dores terríveis na cabeça, preso – de forma sutil com panos coloridos – ao pé da cama, com um soro fisiológico entupindo suas veias e em um colchão desconfortável. Estava tudo engolido pela escuridão, exceto por uma pequena lamparina ao chão e uma fresta de luz que entrava por debaixo da porta.

As primeiras horas foram as piores. Primeiro veio a raiva, e, com ela, os palavrões seguidos de acusações profanas. Depois, a culpa e o arrependimento, e mais gritos lamuriosos. Dormiu por algumas horas, e, quando acordou, já se sentia mais calmo. Tentou qualquer tipo de contato, mas as enfermeiras não lhe respondiam, que dirá os doutores. Durante a noite, fora desacorrentado e tiraram o soro de seu braço. Uma refeição era passado pela portinhola a cada três horas, e Harry cogitou a possibilidade de morrer de fome. Pelo menos havia um banheiro ali.

E assim se seguiu. O de olhos verdes estava com fome (de comida humana, já que aquilo que lhe davam não deveria nem ao menos ser rotulado como 'consumível'), cansado, com raiva, culpa, arrependimento, preocupação e saudades. Esse último era o que mais lhe castigava. Sonhava acordado – e dormindo também – com os braços acolhedores e protetoralmente pequenos de Louis, e seus olhos, e seu cheiro, e seu rosto. Ele.

Portanto, não era difícil saber que seu humor não era dos melhores quando se sentou na cama, fitando o homem de sobretudo que acendia a lâmpada e sorria malignamente. Se Harry fosse uma pessoa normal, sentiria medo daquele olhar. Mas vivera tempo suficiente para aprender a não se deixar temer por nada que não rosnasse, ameaçasse ou tivesse dentes grandes. Animais eram ferozes. Humanos, não.

Por um momento, o Styles ficou cego pela luz que iluminou o quarto. Depois, arrepiou-se com o vento que entrou pela janela aberta. Milésimos depois, quando já estava acostumado novamente com as sensações mundanas, conseguiu catalogar mais três móveis do cubículo: uma cômoda, uma poltrona rasgada e um armário velho.

Voltou a encarar o velho homem, olhando para cima, vendo-o encostar a porta e se aproximar. Ele era alto, mas não muito, algo em torno dos 1,70. Tinha barba rala e cabelos grisalhos misturando-se em ondas com fios castanhos-bronze, dando-lhe um charme de detetive de seriado da Fox. Suas roupas também não ajudavam. Calças de brim, blusa e sapatos sociais, e um sobretudo bege por cima, surrado e charmoso. Seus olhos de águia o fitavam descaradamente, e um palito perdurava em seus lábios – o que quase fez Harry rir (quem usava aquilo ainda, em pleno século XXI?).

O detetive puxou uma cadeira montável para perto da cama, puxando uma prancheta coberta de arquivos e folhas, e uma caneta. Começou a riscar em alguns cantos, correndo os olhos por todas antes de soltar tudo em um monte pesado. Alargou seu sorriso.

– Harry Styles. – novamente, mas não era uma pergunta.

– Sou eu mesmo. – o garoto retrucou, friamente, semicerrando os olhos. Fechou os dedos em punhos, apertando os lençóis.

– É claro. – respondeu, falsamente educado, recostando na cadeira e cruzando as pernas. Parecia ter em torno dos quarenta – Sou Scott Johnson. – você só pode estar brincando comigo. Harry bufou internamente. Se ficasse mais clichê, consideraria a hipótese de estar na série Castle. Ou CSI. – Promotor estadual e delegado em Sheffield. Fui chamado para acompanhar o seu... caso. – sorriu falsamente bondoso, mordendo o lábio inferior, e Harry se controlou para não lhe dar um soco.

Talvez tenha sido a hesitação que o impediu. Se haviam chamado um promotor para averiguar seu repentino (e ainda assim justificável) ataque de fúria, significava apenas uma coisa: eles estavam de olho nele.

– Não vejo motivos para que o senhor tenha sido chamado para cá. – disse friamente, fingindo-se de ignorante. Em quaisquer que fosse a ocasião, aquela era sua saída número um. Aparentemente, Scott também sabia disso, uma vez que um brilho intenso e medonho passou rapidamente por seus olhos.

– Harry, Harry... – suspirou teatralmente, passando a mãos pelos arquivos em sua mão – Ambos sabemos que você sabe porque eu estou aqui. Não queria enganar o enganador, meu jovem. – o olhou por cima de seus óculos de aro grande, superior. Harry engoliu em seco – Assassinato duplamente qualificado, tortura, porte e uso ilegal de drogas, sequestro seguido de morte e queixas de temperamento explosivo raivoso. – listou, lendo linha a linha das folhas – Julgado e preso por quatro anos, mesmo com idade penal abaixo da configurada. Absolvido há poucos meses, pegou condicional liberal, com monitoração da central. Acho que não temos um álibi muito bom, não. – sorriso de Scott aumentou, como se ele tivesse dado a cartada de mestre. Harry sentiu a bile subir por sua garganta, e rosnou, esquecendo a postura fria  e calculista que adotara. Pressionou os punhos sobre as cobertas.

– Eu não o matei. – grunhiu, sentindo a cabeça rodar. Parte de si gritava para que se acalmasse, mas a outra parte queria apenas fazer Scott engolir papel por papel daquela prancheta estúpida.

– Eu não disse nada, só li o relatório. – aquele sorriso o estava deixando irritado – Mas não vim aqui para lhe dizer o óbvio, ou avaliar seu grau de culpabilidade no assassinato do Grimshaw. – anos depois, e aquele nome ainda lhe causava arrepios – Vim porque recebi um chamado urgente do hospital, dizendo que Harry Styles havia surtado e tentado matar uma visita dentro do quarto de um paciente. Estou certo ou errado? – o cacheado mordeu os lábios, evitando um grunhido.

– Isso é ridículo. – murmurou contra os dentes.

– Certo ou errado, Styles? – Scott pressionou, fazendo o outro resmungar audivelmente.

– Certo. – cuspiu entre a mandíbula travada, tirando um sorriso satisfeito do Johnson.

– Foi o que eu imaginei. – correu mais algumas folhas para trás – Agora, vejamos o que eu tenho aqui. Mesmo sendo um caso grave com pena de prisão, – ergueu uma sobrancelha sugestivamente para ele – não houve denúncia por parte da vítima. Ele se recusou a dar depoimento contra você.

Harry parou de respirar por um instante, absolvendo a informação. Como assim Liam havia se recusado a denunciá-lo? Claro, em situações diferentes, teria comemorado por não ter sido acusado, o que significava que não haviam queixas concretas para um mandato. Mas, preferia voltar a prisão do que ficar em dívida com o filho da puta que quase matou seu namorado.

Seu namorado. Louis. Ainda havia ele. Harry interrompeu a linha de raciocínio egoísta e pensou no garoto. Provavelmente estaria em alta dentro de alguns dias, fragilizado, com medo e preocupado, se bem o conhecia. Tinha que ficar com ele, ao seu lado, para apoiá-lo. Não era hora para ser egoísta ou orgulhoso – mesmo tendo motivos mais que suficientes para tal. De qualquer maneira, não se sentia nem um pouco culpado pela surra que dera. Culpado, talvez, por ter magoado Louis, mas ter batido em Liam? Nunca.

– De qualquer modo, tenho apenas a denúncia por parte do hospital. Infelizmente, não é o suficiente para incriminá-lo. – fez questão de deixar seu desapontamento bem claro no tom de voz. Harry reprimiu um sorriso vitorioso – Entretanto, estou muito inclinando a abrir um novo inquérito para averiguá-lo, Styles. – inclinou-se para frente, apoiando a cabeça nas mãos, fitando-o intensamente.

– Com base em que suposições, senhor? – replicou, erguendo uma sobrancelha.

– Transtorno explosivo intermitente. – expeliu, enrolando a língua lentamente. Harry parou por alguns instantes antes de explodir em um bufo alto e um revirar pronunciado de olhos.

– Isso é um absurdo! Eu não sou doente mental! – brandou, lutando para controlar o tom de voz, que saiu um pouco mais alto do que planejara.

– Não é o que seu histórico diz. – retrucou, com a testa franzida e um sorriso amigável – De qualquer maneira, não tenho provas para incriminá-lo ainda. Por enquanto, o senhor terá alta do hospital, por conta de seu ferimento recente, e terá permissão de continuar vindo nas fisioterapias que restam. Só terá que me acompanhar hoje até Sheffield, para um depoimento formal sobre nossa conversa produtiva. – disse as últimas palavras quase cantarolando.

– Não sou obrigado a dar um depoimento contra minha vontade. Eu não vou. – cruzou os braços. Scott deu uma risadinha, se levantando e alongando os braços. Guardou a cadeira no canto de voltou.

– Ou é isso, ou é preso por recusa de auxílio a investigações criminais e desacato de ordem judicial. O senhor escolhe. Ou vem por bem, ou por mal. – Harry o encarou por um minuto inteiro antes de bufar alto, exprimindo seu contragosto com tudo aquilo.

– Que seja.

– Ótimo, que bom que resolveu colaborar conosco. – sorriu largamente. Se dirigiu até a porta – Estarei no corredor lhe esperando. Podemos ir já, e, com sorte, estará de volta a Doncaster amanhã. Ah, sim! O senhor Deakin quer lhe comunicar. – sorriu, e o Styles estremeceu ao ouvir o nome – Até daqui a pouco, Styles. – e saiu.

Harry permaneceu alguns minutos em silêncio, encarando o vazio, e a porta, outrora fechada e o separando do mundo exterior, agora apenas encostada. A luz natural e da lâmpada fluorescente pareciam dar um ar mais deprimente ao quarto – que mais se assemelhava a um armário velho que necessariamente um quarto de hospital.

Tudo acontecera rápido demais, e seu cérebro ainda processava as informações. Não podia, sequer pensar, em ser condenado novamente. Não antes de encontrá-lo e ter sua vingança. E ainda havia Louis na equação.

Antes de conhecê-lo, já havia preparado tudo. Seu objetivo era sair em condicional, perseguir o filho da puta até o inferno, e matá-lo. Depois, não sabia mais o que viria. Não se importava. Só queria vingar Nick. Se vingar. Mas então, naquele dia, no aeroporto, sentiu sua vida dar uma guinada brutal para baixo. Como se estivesse tendo um ataque cardíaco, e recebesse vários choques do desfibrilador. Alguma coisa despertou dentro de si, uma coisa que há muito havia adormecido. Quando percebeu, não tinha mais como voltar atrás.

Naquele momento, não havia como pensar somente em si sem incluir Louis em seus planos. O garoto já ocupara uma grande parte da sua vida, do seu tempo, do seu coração. Ele derretera o gelo, abrira o baú. Parecia ter a chave certa, a única, que era capaz de fazer o Styles amar novamente. Tal chave essa, que o garoto pensou que somente Nicholas tinha, e que havia levado consigo para o túmulo.

Por fim, levantou-se preguiçosamente e foi até o banheiro, esvaziar a bexiga. Pegou a toalha e tomou uma ducha gelada rápido, ignorando o frio e a pele repuxando. Secou-se com pressa e vestiu a mesma roupa, bagunçando os cachos molhados para todos os lados. Alongou as pernas, sentindo o abdômen repuxar um pouco. A cicatriz era quase invisível comparada a todas as outras que tinha espalhadas pela barriga. Lembrava-se vagamente da sensação, mas, sempre que o fazia, era como mil agulhas perfurando sua pele repetidas vezes.

Saiu do quarto, olhando tudo em volta, sorrindo superiormente para o vazio. Não se deixaria engolir pelo escuro novamente. Afinal de contas, ele era a própria escuridão. Sua única luz, capaz de iluminá-lo por alguns segundos, revelando seu melhor lado, não estava em seus braços, mesmo que a simples lembrança de seu rosto fosse o suficiente para fazer brilhar a mais escura parte de Harry.

Seguiu pela porta, inspirando profundamente o ar pesado e com cheiro de remédios e doença, sentindo falta daquilo. A liberdade parecia mais próxima do que ele sequer imaginara. Se soubesse que seria liberto naquela manhã, teria se preparado psicologicamente para o caso.

Avistou Scott conversando com um dos enfermeiros. Quando ambos se viraram para ele, Harry não pode deixar de sorrir torto, ironicamente. O homem se encolheu e saiu depressa com seu carrinho, enquanto o Johnson o encarava repreensivamente, mas nada disse.

– Acho melhor você se comportar, ou te mando para a cadeia mais rápido do que você consegue dar esse sorriso estúpido. – grunhiu entre os lábios, o encarando ameaçadoramente, mas Harry nem piscou.

– Sim, papai. – ironizou, sentindo o outro se retrair e bufar, seguindo na frente, não se incomodando de esperá-lo.

O seguiu em silêncio, seus olhos instintivamente procurando por algum rosto conhecido. Sua mente voou para Zayn, Niall ou até mesmo Chris. Como estariam, onde estariam? Perguntas lhe irritavam, principalmente quando não tinha as respostas. Se tivesse um pouco de sorte – o que certamente não era o caso – conseguiria ver Louis por alguns instantes, clandestinamente.

Continuou caminhando, descendo pelas escadas, seguindo Scott em silêncio. Não percebeu quando chegaram ao segundo andar, coincidentemente, o andar em que Louis se encontrava, se despedindo (com prazer) do quarto. Chris já pegara todas as suas coisas, e dois enfermeiros o ajudavam a caminhar. Trocara as ataduras e os curativos, e recebera alguns analgésicos para a dor.

Era óbvio que o destino queria que eles se encontrassem. Seria sempre assim, afinal. Eles se repuxavam, como dois polos diferentes, se encontrando no final do caminho. Fora Harry que o viu primeiro. Por um momento, esqueceu como respirar, andar ou raciocinar. Estavam a cinquenta metros de distância, mas o Styles ainda conseguia distinguir suas curvas perfeitamente, como se estivessem soldadas em sua mente. Se fechasse os olhos, sentiria seu perfume e seu toque. Ele vinha, debilitado, apoiado em dois dos brutamontes de branco, um segurando em cada braço. Um sentimento brotou, e sua voz agiu por si só:

– LOUIS! – tudo aconteceu rápido demais.

Scott parou, se virando cautelosamente para o garoto. Louis parou, arregalando os olhos, virando-se para o dono da voz. Seu coração parou uma batida ao encarar aquelas esmeraldas ainda tão brilhantes quanto ele se lembrava. Chris sorriu de canto, acenando discretamente para o novo amigo. Harry tinha algo que não sabia explicar. Ele atraía as pessoas, as encantava de maneira irremediável.

“És eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Harry, por outro lado, sentia o peito bater mais rápido. Seus pés se moveram sem sua permissão, correndo na direção oposta que se seguia. Tudo que mentalizava era chegar a Louis o mais rápido que pudesse. Como alguém que se afogava e nadava em busca de oxigênio.

Louis se aproximava cada vez mais, e seus olhos estavam úmidos de emoção, incapaz de se mexer – metafórica e literalmente falando. Quando sentia que podia tocá-lo, sentiu dois braços fortes segurando pelos seus em um gancho. Gritou, vendo os olhos escurecer. Se debateu, sendo erguido pelos enfermeiros.

– Soltem-me! Soltem-me agora! Louis! – berrou para o nada.

– Soltem ele! – escutou a voz trêmula, arrepiando-se a coluna. O aperto se afrouxou, e Harry arrancou, jogando-se na pequena figura encolhida atrás da muralha.

Quando os corpos se chocaram, foi como uma explosão de sentimentos. Harry passou seus braços pela cintura de Louis, apertando-a contra si, como se ele fosse uma miragem, e fosse desaparecer a qualquer momento. Afundou seu nariz no cabelo do menor, apoiando todo seu peso no Tomlinson, sentindo as lágrimas molharem sua camiseta. Fungou, apertando-o cada vez mais contra si, unindo seus corpos, fundindo-se no sentimento.

– Harry... – escutou o choramingo de Louis, e seu coração de apertou. Abraçou-o como se o mundo fosse acabar. Como se pudesse juntar seus pedaços, impedir que ele nunca mais quebrasse.

– Eu estou aqui, Louis, eu estou aqui. – sua voz estava rouca, e ele não escutava nada mais. Estavam em sua bolha particular, no seu universo. Nada mais importava além deles dois – Me desculpe, por favor, meu amor, me desculpe. – lamuriou em seu cabelo, sentindo os espasmos balançarem-no.

– Harry, o que vai acontecer agora? – escutou-o murmurar.

Se afastou o suficiente para ver seus olhos. Quando conectou o verde nos azuis, molhados e confusos, soube que tudo ficaria bem se o tivesse ao seu lado. Colou seus lábios com urgência, sentindo o gosto úmido e agridoce. Sentira tanta falta daquele beijo! Suas línguas se embaraçavam com urgência, e sentiu as gargantilhas de prata se enroscarem por cima das camisetas.

Quando o ar faltou, eles se afastaram, ofegantes. Harry colou suas testas, respirando fundo, depositando múltiplos beijos por toda a extensão do rosto de Louis, limpando suas lágrimas que ainda escorriam.

– Styles. – escutou Scott o chamando, mas ignorou. Louis o olhou suplicante, perguntando com os olhos. Harry apoiou todo o seu peso com o braço sustentando-o ao máximo para que não precisasse ficar de pé.

– Louis, me escuta. – chamou, atraindo sua atenção, que focava no homem atrás de Harry, encarando-o feroz. Tornou a fitá-lo – Não importa o que vai acontecer daqui pra frente, eu te amo, e você sabe disso. – o menor soltou um soluço, sentindo o coração inflar, absolvendo as palavras como ar – Eu preciso ir com Scott, mas eu volto. Eu sempre voltarei para você. – sussurrou, depositando cada centelha de sentimento.

– Harry, eu não sei. – quebrou-se ao ouvir o tom quebrado de Louis. Fitou seus olhos suplicantes, amedrontado.

O esverdeado o amava, não havia dúvidas disso. Sabia que havia o ferido quando agrediu seu amigo na sua frente – se é que ainda o podia chamar de amigo. Louis era sensível, e se importava mais com os outros que consigo mesmo. Sua confiança havia sido abalada, e Harry temia nunca mais conseguir recuperá-la de novo. Havia Scott e Deakin e todas as dúvidas que enchiam seu coração e sua mente de hesitação.

Mas, mesmo assim, sabia, com toda a sua alma – se é que tinha uma – que tinha uma saída. Com Louis em seus braços, era como uma peça do quebra-cabeça. Seu cheiro era inebriante, viciante, e sua luz brilhava, afastando todo o mal que o corroía infindavelmente.

– Louis, eu sei que você está confuso, e você tem razão. – o garoto acariciou seu rosto delicadamente, como uma pétala de rosas. O Tomlinson reclinou, fechando os olhos suavemente – Mas nunca duvide dos meus sentimentos por você. Quando estamos juntos... eu não sei, sou tomado por essa coisa estranha. Eu sou um tolo, eu sei. – recostou na curva de seu pescoço, abraçando-o com mais força, levantando-o com cuidado, milímetros do chão – Mas eu sou o seu tolo. Sou um tolo por você, Louis, e é isso que importa. Não posso ser o melhor, ou o mais perfeito, mas eu me esforço para ser o suficiente. Espere-me, Louis. Eu volto. Eu prometo que volto. E tudo isso vai acabar, e nós vamos ficar juntos, como tinha que ser. Nada e ninguém pode ficar contra nós. Acredite em mim, Louis. – sua garganta estava raspando, e a voz falhou. Sentiu o assentir de Louis contra seu peito, suas mãos pequenas e delicadas agarradas em seu pescoço desesperadamente.

– Eu acredito, Harry. Eu acredito. – o Styles suspirou aliviado, sussurrando infinitos obrigados contra sua pele.

Sentiu dois pares de mãos em seu braço, afastando-o. Fitou Scott com ódio no olhar, afastando seu toque bruscamente, enquanto um dos enfermeiros afastava Louis. O garoto o fitou assustado, e Chris assentiu, ao canto, levando-o consigo. Harry retribuiu o gesto, confiando Louis a ele enquanto estaria fora.

Andou cambaleante pelo corredor, seguido pelo promotor, que o guiava como um cão de caça petulante e extremamente irritante. Ainda sentia o gosto do último beijo, e, quando seus olhos se encontraram com os de Louis novamente, não havia medo, ou pavor, ou decepção.

Havia esperança, confiança. Havia amor. Harry sabia que teria que se esforçar para ser o único que tomaria o coração do garoto, enquanto livrava o seu dos fantasmas de seu passado. Desataria as amarras que o prendiam, e então, poderia ser completamente livre para amá-lo da maneira certa. Seria difícil, sim, mas por Louis valia a pena enfrentar todos monstros e juntar todos os pecados. Eles estavam quebrados, e somente um poderia curar o outro.

Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)Onde histórias criam vida. Descubra agora