Capítulo 13

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Lorena estava ali, bem na minha frente, eu havia trocado suas roupas por um lençol. Ela estava inconsciente, eu tinha um canivete bem amolado e esterelizado com água fervida e álcool em minhas mãos, gostaria que fosse um bisturi, mas espero ter essa visão no futuro.

Respirei fundo e me concentrei no que tinha que fazer. Queria tanto poder ter um aparelho odontologico que fizesse aquela boca ficar aberta... Não consegui comprar a tempo, por isso tive que abrir aquela boca nojenta o maximo possivel, rasguei o canto dos labios dela, para que sua boca ficasse o mais aberta possivel e assim, coloquei dois parafusos dentro da boca dela impedindó-a de fechá-la.

Foi ridículo prender aquela lanterninha na minha testa e usar aqueles antigos óculos fundo de garrafa da minha mãe, mas consegui enchergar perfeitamente as cordas vocais dela. Assim, cortei elas com uma tesourinha de cortar unhas e coloquei em uma vasilhinha que mais tarde iria para um pote com álcool. Costurei o local que antes ficavam as cordas vocais com linha de custura lavadas com álcool e fechei a boca dela, assim que tirei os parafusos, vi que eles tinham machucado a gengiva, estavam quase 0,5 cm dentro. Mas não fechei os buraquinhos, apenas limpei o sangue com algodão, mas não parava de sangrar, então deixei assim mesmo.

Coloquei ela no soro, anotei em um caderninho todo o procedimento, depois fui jogar candy crush e quando cansei fui olhar as redes sociais. A família já estava procurando por ela e outras pessoas ajudavam. Chequei todas as informações, as amigas confirmaram que estavam com ela no shopping até às 17:30 e depois não souberam mais dela. Ela parou de responder mensagens às 18:00 e ficou offline de todas as redes sociais. Não faço ideia do motivo que fez ela se isolar bem antes do nosso encontro, mas me ajudou muito.

Já faziam 1 hora que o procedimento havia terminado e a bolsa de soro também já estava no fim, chequei o pulso dela e estava um tanto fraco, por isso não sabia se ela ainda acordaria naquela noite.

Peguei seus pertences e uma lata de lixo de aço inoxidavel, coloquei uma peça por vez, joguei bastante álcool e coloquei fogo, deixei tampado para a fumaça não levantar suspeitas, a pesar de que os vizinhos deveriam estar dormindo a uma hora dessas. Mas não queria correr o risco. Quando tive certeza que estavam totalemente queimadas, coloquei embaixo da torneira ligada, me livrando das cinzas e da fumaça.

Eu havia pegado o casaco, nos bolsos haviam pepeis de bala, bombons de chocolate e o celular dela. Tirei também todo o resto, menos o sutiã e a calcinha. Queimei tudo.

Peguei o celular dela e tirei o chip. Quando liguei ele, pedia a senha para desbloqueio, a senha era obviamente 010394. Era a data do nascimento do artista favorito dela. Uma vez ela me disse que esquecia facilmente das coisas, por isso anotava tudo nas notas do celular dela. Assim, que desbloqueei fui para as notas, ela tinha anotado tudo o que iria fazer, incluindo "pausa para pensar ás 18:00". Nossa, quem um dia iria pensar que ela pensava... Bem no finzinho tinha as senhas das redes sociais. Então sai da babaquice das notas dela e fui para as redes sociais que estavam abertas, fui direto no bate-papo, excluí nossas conversas e tudo o que poderia me incrimenar caso alguem tivesse acesso aquelas paginas. Chequei em todas as outras mensagens e em otras redes sociais e ela não me citou para ninguem. Havia dito a uma garota que estava gostando de um cara, mas não sabia se iria ficar com ele.

Tinham muitas mensagens perguntando onde ela estava, se precisava de ajuda, se estava em perigo... Varias babaquices dizendo que ela fazia falta e que não era para ela fazer besteira. Bom, agora era tarde demais. Fui interrompida quando ouvi um grunido, ela estava finalmente acordando. Observei ela por um momento, e quando notou estar amarrada, coloquei a mascara e as luvas, desliguei o celular dela e cheguei mais perto. Assim que me viu deu um pulo na cama, pude ver o horror em seus olhos e pavor tomando conta da feição de seu rosto. Então aconteceu o que eu mais estava esperando, ela abriu a boca e tentou gritar, por um momento, saiu um fio de voz rouca. Fechou os olhos e uma expressão forte de dor agonizante tomou seu rosto. Ela se contorcia na cama e gemia com a dor uma espécie de gemido e choro, um som que parecia ter vindo direto do inferno ilustrado pelos reliosos, se contorcia como uma sangue-suga se contorce quando tem sal jogado em si. Eu apreciava aquele momento com tanta atenção e prazer que poderia vê-lo em camera lenta, com uma música classica a violino tocando ao fundo. Aquilo era como outra dimensão. Algo incrivel, que merecia ser apreciando de perto. Como era boa aquela sensação, tinha dado certo. Ela agonizava de dor, se revirava na cama, as cordas apertadas machucavam seus pulsos, pernas e pés, ela iria agonizar ali por mais um tempo, pois aquela cena, era linda e meus olhos não consegiam parar de apreciá-la, minha mente não conseguia pensar em interromper para fazer qualquer outra coisa, nada mais no corpo podia se mexer, pois tudo em mim apreciava aquele momento glorioso, onde a dor se fazia presente e a reação humana apenas aumentava ela.

Quando ela cansou, apenas ficava tremendo na cama, olhando freneticamente para aquele quarto com paredes bege em tom pastel. Seu pulso sangrava e ela ainda tentava falar.

- Olá, Lorena. Lembra de mim? Eu fui humilhada por você na escola durante um ano. - Aquilo ainda me revoltava, mas eu tinha que falar e manter a calma o maximo possivel - Eu tenho algumas historias pra contar pra você, já que você tem dificuldade para lembrar, mas acho que não será necessario, já que foram os melhores tempos da sua vida.

Ela estava em choque, chorava muito e tinha maquiagem borrada por todo o rosto. Agora ela apenas observava o teto e não parava de tremer.

- Bom, agora vou te contar como começou. Eu era nova na escola, e você era a garota popular que todos ficavam em volta. - fiz uma pausa lembrando daquele primeiro dia - eu tinha 14 anos e vocês 16. Você era bonita, e todos queriam ficar com você, inclusive algumas meninas.Eu era bonitinha, ruiva, magra e usava o cabelo na altura do ombro, com uma franja. Eu era "carne nova"e por isso você veio até mim, disse que deveriamos ser amigas porque eu era bonita e tinha muito a ganhar ao seu lado. Você lembra disso!? - eu perguntei ironica, como se não doesse até na alma. Ela ficou pensativa, chorando, tremendo. - Ah, eu lembro poxa.. Você foi tão gentil, que nem parecia que iria me espancar depois! Porra, Lore... Não lembra!? - cheguei meu rosto mais proximo ao dela - Você não lembra, não, Lore? - falei mais baixo com um tom serio. - eu vou fazer você lembrar.

Rascunho de Bárbara Onde histórias criam vida. Descubra agora