Depois de um tempo conversando com as amigas e ter recusado o convite de entrar no mar com elas, Lara estava tocando algumas notas aleatórias no seu violão.
--- Será que eu fiz certo em ter aquela conversa com a turma? - Se perguntou, olhando a imensidão do céu tão azul e tão resplandecente. - não sei se sou capaz, Deus! Eu não conheço nada dele. Como vou fazer isso naturalmente? - olhou para a areia. Seus braços estavam descansados sobre o violão. Não conseguia mais tocar - tudo o que eu te peço é ousadia, Senhor. Ousadia e muita ajuda pra conversar e conquistar a confiança dele...
No momento que levantou seus olhos, percebeu a aproximação dele, saindo do mar e vindo em sua direção. Será uma oportunidade que Deus a estava dando?
Ele sentou ao seu lado. Não tão perto. Não tão longe. Mas não deu nenhuma palavra.
Ela resolveu, então, puxar assunto.
--- Está gostando daqui... Leonardo?
Ele não esboçou reação alguma. "Ele não ouviu. Deixa pra lá", ela pensou.
--- O que se pode fazer sem liberdade? - foi a sua resposta.
Ela se surpreendeu. Não pensou numa resposta rápida. Demorou alguns segundos para conseguir dizer algo.
--- Que tipo de liberdade? - quis saber. Olhava bem para ele, embora ele evitasse olhar em seus olhos, ainda conseguia contemplar a sua beleza.
Ele deu um sorriso de canto. Parecia pensar na resposta.
--- Você não deve saber do que é poder sair sem ter hora pra voltar. Beber até esquecer o próprio nome. Fazer o que quiser com quem e quando quiser...
Seu jeito de falar era manso, porém, ousado. Falava com um sorriso travesso nos lábios, enquanto ela ficou apenas ouvindo. O que poderia dizer? Ele tinha razão. Não conhecia nada disso. Nem queria, por sinal.
--- Usar sua liberdade dessa forma te faz feliz?
Bum! Nem ela acreditou no que saiu da sua boca.
Ele olhou para ela e, nesse breve momento, Lara sentiu seu corpo amolecer. Que olhos lindos! Mas... "foco. Lara. Foco" pensou.
Ele voltou a olhar para as ondas do mar.
--- Por que está me perguntando isso?
Ela se arrependeu do que disse no mesmo instante que ele perguntou isso.
--- Uma pessoa não é feliz por causa disso. Eu tenho certeza.
--- Como sabe? Você já foi para o mundo?
Seus olhos agora a encaravam. E estavam brilhantes. Intensos e hipnotzantes.
--- Não. Nunca fui. - respondeu simplesmente.
--- Não tem essa curiosidade? - sorriu de canto. - sentir o gosto de uma bebida? Um entorpecente? Ficar em êxtase? Viajar e esquecer de todos os seus problemas? - ele aproximava cada vez mais o seu rosto do dela, Lara, sem reação, apenas se afastava.
--- Não. Não tenho dessa curiosidade. Jsso não faz ninguém feliz. - pausa - Sabe como eu esqueço os meus problemas? - ele esperou ela responder a própria pergunta - eu oro.
Ele riu-se.
--- Eu costumava fazer isso. Mas, depois de um tempo. Passou a não fazer mais efeito.
Opa! Uma brecha aberta detectada!
--- E o que aconteceu pra não fazer mais efeito?
Conversa perigosa. - Leonardo percebeu. - não posso deixar que ela saiba de tudo. - concluiu.
--- Não vem ao caso. - respondeu simplesmente.
Ora, saber da sua história implica em saber a sua fraqueza. Não quer que ela saiba disso. Colocaria tudo a perder. Todos os seus planos.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo.
--- Já nos vimos antes. Você lembra? - Lara perguntou.
Ele estava concentrado em seus pensamentos. Quase não ouviu o que ela lhe perguntou.
--- Ahn? Ah, não. Não me lembro de você.
Ela sentiu uma certa tristeza dentro de si. Mas deu um sorriso fraco, mesmo sabendo que ele não estava olhando para ela.
Ao longe, viu seus amigos saindo do mar e vindo em sua direção.
Sentaram-se ainda rindo.
Conversavam animados com Lara e Leonardo. Mas Lucas não estava tão animado assim. Não gostava da ideia de Leonardo manter-se tão perto de Lara.
Ele não é uma boa pessoa para ela - ele pensou - e ela pode ser enganada facilmente pelo charme dele.
Eles conversaram muito. Leonardo ainda mantinha-se calado. Não falava muito. Não revelava muita coisa a seu respeito. Ele era um mistério.Passado algumas horas, eles estavam em casa novamente.
Todos estavam cansados por causa da praia. E dormiam. Bom... quase todos.
Lá estava Lara, sozinha em seu lugar favorito da casa. Aquele que mais se assemelhava a sua sacada: a varanda.
--- Oi, amiga! - Megan chegou com uma alegria bem curiosa pra quem está muito cansada.
--- Olá gata - sorriu para ela de onde estava.
Megan sentou-se na cadeira ao seu lado.
--- Eu vi você conversando com o Léo hoje. E aí? Conversaram o quê?
--- Bem direta, hein - riu. - bom... perguntei coisas a ele, que não me respondeu. Evitou ao máximo dizer algo sobre Deus. Exceto quando disse que orar não lhe causava mais um bom efeito. Mas quando entrei no assunto, ele não especificou nada. - Megan ouvia atentemente. Lara olhou para ela antes de prosseguir - disse a ele que já nos vimos antes.
--- O quê? - Megan perguntou, surpresa. - porque fez Isso, amiga?
--- Não sei. Me deu vontade de saber se ele se lembrava de mim. - encarou o céu com um olhar vago.
--- E o que ele respondeu? - Lara não respondeu de imediato - em?? - a cutucou.
--- Que não. Ele disse que não. - Megan relaxou os ombros, surpresa. - é... eu nunca esqueci dele. E ele nunca se lembrou de mim. Nunca fui importante pra ele. Não devia ter criado uma afeição por ele durante esses anos.
--- Eu sinto muito, amiga. - a abraçou (com dificuldade por causa dos braços das cadeiras entre elas) - Se eu soubesse que o garoto da loja era o Léo, já teria tirado suas expectativas a tempos. Mas relaxa, amiga. Você merece alguém melhor. Ele não é pra você.
E se ele mudar? - o consciente De Lara a traiu em pensamentos involuntários.
--- É. Não é mesmo - disse e acariciou o braço da amiga, que estava abaixo do seu queixo, com um sorriso fraco.
--- Fica bem, tá? Deus sabe o melhor pra você. - a apertou e saiu com um sorriso alegre e sincero nos lábios.
Tenho certeza que sabe - Lara concluiu em pensamento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Resposta Das Minhas Orações
EspiritualAdmita. Você já teve uma paixonite de alguns minutos. No ônibus, no shopping, na rua, no metrô... enfim, vários lugares. E você pensa que nunca mais reencontrará tal pessoa, certo? Agora, imagine se a reencontrasse? Seria bom, ou ruim? Difícil re...