Capítulo 3

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Mais tarde naquele dia como combinado Christopher e Marceli foram a um barzinho perto da empresa. Os dois estavam na paquera a um bom tempo, mas Christopher não estava muito concentrado na conversa e muito menos nas investidas da morena. A única coisa que conseguia pensar era na proposta de Henrique e sobre a resposta que deveria dar. 

Estava encarando um dilema, metade da empresa e a presença de Dulce Maria em sua vida ou nada e a paz? Era uma questão difícil. Mas o premio era tentador, jamais pensou possuir algo tão grandioso como Sarviñon Ltda. uma empresa desse porte levaria Christopher a fortuna. 

— Você esta me ouvindo Christopher? —Perguntou Marceli após perceber o olhar perdido do rapaz.

— Claro que sim Mar. Eu posso te fazer uma pergunta? 

—  Quantas quiser. —   Deu um sorriso encantador. 

— A Dulce, você é bem amiga dela não é? Me diz, o que você acredita que conquistaria a Dulce, que a faria fazer qualquer coisa?

— Que pergunta difícil. Não sei. — Deu um gole em sua bebida. — Nós não somos tão amigas assim, apenas almoçamos juntas, mas pelo que sei de Dulce, acredito que uma coleção exclusiva de bonecas Blythe ou de sapatos a deixaria doida.

Claro, Dulce e seu amor por bonecas, roupas e sapatos. Diziam que ela tinha um quarto cheio dessas bonecas e que elas custavam uma fortuna, mas Henrique sempre fez todos os gostos da neta, então uma bonequinha a mais ou a menos nunca lhe fez falta no orçamento.

E Christopher não tinha uma coleção exclusiva de bonecas e muito menos de sapatos. Ele não tinha nada a oferecer a Dulce além de sua simpatia.

— Ela me disse mais cedo que você é indeciso e que no fundo é gay, mas é mentira não é? Você sabe muito bem o que quer, não é Chris?

Marceli olhava de uma maneira sexy para Christopher, mordeu os lábio e levou uma de suas mãos as coxas do rapaz. A expressão de Christopher ficou séria, ele tinha certeza que era Dulce quem estava o difamado por ai.

— Essa baixinha vai se ver comigo. — resmungou.

Pegou o celular no bolso e decidido mandou uma mensagem para Henrique "Aceito a proposta". Dulce ia pagar caro por suas brincadeirinhas de mal gosto, Christopher iria tortura-lá com todos os afazeres da empresa, e ela aprenderia a nunca mais mexer com ele.

— A minha casa esta vazia. — A morena se aproximou mais de Christopher e o puxou pela gola da camisa.

— Então Mar, desculpa mas acho que não vai dar. — Afastou-se gentilmente.

— Como não? Christopher eu to me preparando para você o dia todo. — Protestou.

— Desculpa linda, mas não vai dar eu tenho outro compromisso, na verdade é uma missão. —  Levantou da cadeira.

Precisava ir embora tinha que arquitetar muito bem o que faria com Dulce e ainda não tinha a menor ideia. Como tornar a empresa atrativa para a patricinha mimada? Isso levaria mais do que uma noite e talvez ele precisasse da ajuda dos amigos.

— Não acredito Christopher, então é verdade o que a Dulce falou?

Christopher arregalou os olhos, como ele odiava Dulce Maria, até quando ia ajuda-la ela dava um jeito de atrapalha-lo. Iria fazer ela sofrer, iria pagar com tudo isso dentro da empresa. Com certeza ia.

— Claro que não Marceli, eu só preciso mesmo resolver esse problema. E depois eu prometo que você terá a melhor noite da sua vida, e eu não estou brincando. — Falou sedutor.

— Não pode ser agora? — Fez biquinho.

— Não linda, mas quem sabe na semana que vem. Você não vai se arrepender.

Despediram-se no bar mesmo, Marceli iria continuar por ali enquanto Christopher precisava de um lugar tranquilo para pensar, o melhor deles seria sua casa, se Alfonso não estivesse lá. Dividia um apartamento no centro com seu melhor amigo Alfonso, não era um lugar muito grande, mas dava para os dois viverem tranquilamente. 

Dividiam a casa desde que foram para a faculdade há uns nove anos, moraram em republicas, dividiram com pessoas de fora, mas no final chegaram a conclusão que os dois se davam melhores sozinhos, sem uma terceira pessoa na casa. E estão no mesmo apartamento a cinco anos. 

Alfonso foi muito importante na contratação de Christopher na Saviñón, ele é o melhor amigo de Anahí que é amiga quase a vida inteira de Dulce e tem um grande carinho por Henrique, e avisou Christopher sobre a vaga. Anahí e Alfonso tem um relacionamento de irmãos, mas no fundo os dois são apaixonados um pelo outro e morrem de medo de assumir a verdade. 

— Pensei que não estava em casa. — Christopher jogou a mochila no sofá e olhou para o amigo que esmurrava um saco de pancada. 

Poncho era jogador de basquete, fazia parte de um time conhecido no estado e até no país. Estava sempre disputando campeonatos, porém o time não era o dos melhores, mas Alfonso sempre dava seu melhor torcendo para algum olheiro aparecer e leva-lo para um time grande de verdade. 

— Meu treino acabou faz uma hora. Achei que não fosse voltar para casa. 

— Aconteceu uns imprevistos, preciso pensar. — Esfregou aos mãos nos joelhos e suspirou. — Preciso conquistar a Dulce. 

— O que? — O saco de pancadas bateu no rosto de Alfonso que paralisou com a frase. Christopher sempre detestou Dulce. 

— Não é do jeito que você está pensando, eu aceitei uma proposta do Henrique e acho que me ferrei. 

Alfonso sentou-se no braço do sofá e ouviu atento a historia que Christopher contava, talvez mais uma pessoa pensando teriam ideias melhores. E tiveram, Poncho era bom para pensar em maneiras de aproximar Dulce e Christopher, apesar do mesmo achar que isso não daria muito certo. 

— Já sei o que posso fazer e ela vai ficar louca de raiva. — riu.


Na grande mansão dos Saviñón estavam todos a mesa de jantar prontos para apreciar a comida deliciosa que a emprega mais fiel da casa preparava. Henrique estava ao telefone na sala ao lado enquanto Dulce e Anahí conversavam sobre a nova coleção de inverno que havia chegado a loja de Annie. O avô voltou para junto das garotas na mesa grande que havia na sala, com um sorriso de orelha a orelha. 

— O que foi vovô? — Perguntou Dulce. 

— Boa noticias querida, Maite chegara amanhã. 

Maite é uma meia prima de Dulce, a avô já falecida, teve uma filha antes do casamento e anos depois a mulher casou e teve Maite, uma garota adorável quase a mesma idade de Dulce, e tão maluquinha quanto. 

— Imagine só essa doida por aqui, vai falar tão mal da sua nova coleção de sapatos. — A loira riu. 

- Já estou até preparando meus ouvidos, sua capitalista mesquinha. — Revirou os olhos. — Mas no fundo ela é legal, tirando o fato desse socialismo a parte. 

— Essa é a melhor parte dela. — Henrique se intrometeu. —Quem sabe ela não te ajuda a ser menos consumista? 

— Isso nunca vai acontecer vô. 

Henrique deu de ombros sabendo que era verdade, ninguém conseguia mudar Dulce. Mas ele estava torcendo fortemente para que ao menos uma pessoa conseguisse, desde que recebeu a mensagem de Christopher não conseguia deixar de sorrir, finalmente poderia ter uma esperança. Sua neta poderia aprender a gostar do patrimônio que era dela.  

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