Capítulo 63

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Um término é sempre difícil. Os motivos que levaram Dulce e Christopher aquele patamar, deixavam a situação ainda pior. Era difícil lidar. Dulce chorou quase a noite toda, era como se tivesse perdido alguém, estivesse vivendo um luto. Luto pelo amor que tanto acreditou e terminou em cinzas.

Com Christopher não foi muito diferente, nunca tinha sentido algo assim. Nunca uma mulher havia o deixado, e ele nunca havia terminado com uma mulher que amava. A dor em seu peito era tremenda, e chorou como nunca antes. Acabou afogando suas mágoas nas bebidas que encontrou em casa. Terminou a noite no chão da sala, bêbado e chorando. Nem mesmo o álcool cura corações partidos.

No dia seguinte parecia que tudo estava ainda pior, o que Christopher poderia fazer? Dulce não queria ouvi-lo e ele não tinha mais chance de defesa. Havia errado, errado feio. Mas tudo o que podia fazer era pedir perdão e nunca mais cometer algo assim. Mas isso era pouco, ele sabia que era.

Mal conseguiu tomar um banho, não basta o mal estar em seu coração ainda tinha ressaca. Precisava trabalhar. E tudo era culpa do trabalho. A ambição arruinou os planos de amor de Christopher, a saúde de Henrique, e o final feliz da história.

- Fiz um café bem forte. - Avisou Alfonso. - Não deveria ter bebido tanto, hoje ainda é quarta.

- Não quero nem pensar, a minha cabeça vai explodir, e estou até achando isso bom. - Serviu-se do café. - O que eu vou fazer Poncho?

O amigo sentou em frente a Christopher na mesa, analisou sua expressão abatida. Talvez devesse interferir, lhe feria também ver Christopher daquela maneira.

- Acho que a solução é o tempo Chris, a Dulce é esquentada, você sabe bem disso. Quando a poeira baixar, e ela repensar sobre tudo, vai perceber que apesar da proposta não ter sido boa, foi graças a ela que vocês se aproximaram.

Talvez Poncho estivesse certo, só mesmo o tempo para ajudar o casal. Mas Christopher não queria esperar, desejava tirar aquela sensação ruim do peito de uma vez. Finalmente havia aprendido a amar, e agora aprendia a sofrer por amor.

Na mansão Maite bem que tentou animar Dulce, tira-la na cama ou até mesmo faze-la comer alguma coisa, mas Dulce não reagia, parecia estar em outra dimensão, a cabeça no mundo da lua. Fingindo não ser desse mundo talvez a dor diminuísse.

- Se você continuar assim vai ficar doente de verdade Dulce. Eu sei que está doendo, mas não pode se abater dessa forma. - Disse Maite.

- Só faz um dia May, eu ainda não to bem para encarar o mundo. Acho que não poderei ir ao hospital hoje.

- Isso não tem problema prima, o vovô espera. Mas você precisa ao menos se alimentar, a Ritinha disse que não comeu nada desde que chegou ontem.

- Eu estou sem fome, você sabe sobre meus problemas com comida ultimamente. Pode ir trabalhar May, vou ficar bem.

- Tome pelo menos um banho, você está precisando.

Isso Dulce poderia fazer. Levantou com a ajuda de Maite, mas no caminho para o banheiro sentiu uma forte tontura. Os mal-estares estavam melhorando, mas ficar muito tempo sem comer piorou as coisas.

Segurou-se em Maite para permanecer em pé, mas sua visão estava começando a escurecer.

- Nossa você está gelada Dul.

- Não estou me sentindo bem.

Seu corpo foi ficando mole, cada vez mais difícil se manter em pé. A vista escureceu de vez, e Dulce não se lembra mais de nada.

Maite achou melhor não avisar ninguém, conseguiu animar Dulce com vinagre, mas a levou para o hospital mesmo assim. Sua prima estava branca como papel, os olhos cansados.

Logo que chegaram encaminharam Dulce para o soro e o médico de plantão exigiu alguns exames. Tudo o que ela precisava, ficar doente. Já não bastava os últimos acontecimentos, ainda tinha que ficar doente.

Depois de quase uma hora tomando soro, o médico a chamou para seu consultório.

- Acredito que como nem você e nem sua prima avisaram nada quando chegaram, é porque não sabem. - Começou o médico.

- O que eu não sei? É muito grave?

Nas primeiras duas palavras seguinte do médico Dulce já compreendeu do que se tratava. Sua cara não poderia ser de mais pânico, não imaginava algo assim e agora sentia-se mesmo perdida.

- O senhor não pode contar isso para ninguém, nem para a minha prima. - Pediu.

Saiu da sala atordoada. O que faria agora? Estavam querendo enlouquece-lá, só poderia ser isso. Quando chegou a sala de espera Maite a esperava aflita.

- E então?

- Uma virose, daquelas bem sérias, precisar tomar algumas coisas. Não é nada grave. - Mentiu.

Maite ficou mais tranquila, mas Dulce não. Tinha um problema enorme para ser resolvido e ela nem sabia como fazer. Queria fugir, correr para o mais longe e esquecer que um dia tudo isso aconteceu.

Foi visitar o avô, estava bem melhor, a fisioterapia estava sendo iniciada e a expectativa de melhoras eram boas.

- Essa semana ele terá alta. - Contou o médico que também estava na sala.

- Ah que bom. - Dulce bem que tentou ficar feliz, mas não conseguiu.

Henrique parecia perceber que algo estava errado, tentou falar algumas palavras, mas não conseguia apenas segurou forte a mão de Dulce.

- Chris...?

Droga! Precisava perguntar de Christopher justo para ela? Fingiu um sorriso e pediu para sair da sala. Não queria pensar em Christopher, mas seria difícil, ainda mais com a última notícia que receberá.

- Ele tá bem... Muito trabalho, o senhor sabe? - Suspirou, tentando parecer o mais normal possível.

Se Henrique não estivesse tão debilitado, Dulce contaria toda a verdade e sumiria de casa outra vez. O que ele fez não foi certo, mas não era momento de sentir raiva do avô, não com ele ainda tão doente.

- Acho que já vou indo, o senhor fica bem não é? Eu volto depois.

Aproximou-se de Henrique para lhe dar uma breve abraço, mas o senhor lhe apertou mais forte. Dulce não queria ficar amarga com o avô, mas estava tão machucada que era difícil.

- Ele...Ele...Na-não...

- Não precisa falar nada vovô, está tudo bem. Vai ficar tudo bem. - Tentou conforta-lo.

O aparelho que media os batimentos ao lado da cama começou a fazer barulhos mais fortes e o médico que estava ao lado logo ficou aposto. Alguma coisa estava dando errada.

- Você pre-pre-precisa...

- Senhor Henrique é melhor deixar a Dulce ir, temos que examinar o senhor. - Interviu o médico.

- Perdoe... Perdoe...

Dulce estava entendendo muito bem o que Henrique queria dizer. Como ele sabia? Estava ficando cada vez mais agitado, e ela ainda mais perdida. Não era porque Henrique estava debilitado que Dulce aceitaria qualquer coisa que ele pedisse.

- Senhor Henrique...

- Perdoe... o Christopher.

Foram as últimas palavras dele, antes do aparelho aumentar o barulho constante, e o médico ir imediatamente tomar providencias.

Dulce ficou estagnada no lugar, sem saber o que fazer, tudo parecia ir em câmera lenta. Os enfermeiros entrando, a meca de Henrique sendo arrastada, mais aparelhos chegando.

- Você precisa sair do quarto. - Avisou uma enfermeira, acordando Dulce de seus devaneios.

- O que está acontecendo?

- Você precisa sair.

A enfermeira empurrou Dulce delicadamente para fora. A menina estava perdida, algo muito sério estava acontecendo. Antes de sair da porta viu quando colocaram o aparelho de reabilitação em seu peito. Não! Henrique não poderia morrer.

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