Capítulo 33

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Dulce voltou para casa abatida e chateada. Sua maquiagem, que havia feito com tanto zelo, estava borrada, tirou os sapatos antes de entrar em casa e sentia o fardo de ser apaixonada nas costas. Se enganou tanto, que chegava a ser ridículo. Não era de ficar se lamentando por homens, sempre fora explosiva, preferia bater, xingar, aprontar um escândalo a chorar. Mas tudo estava diferente, e ela não teve coragem de se aproximar mais um centímetro de Christopher e aquela mulher. Só conseguia derramar lagrimas, e se sentir uma boba. Como se enganou tanto, Christopher parecia tão dela, mas parecia ser só o jeito dele com todas as mulheres.

Sentia raiva, muita raiva por gostar de um idiota. Mas também sentia tristeza, tristeza por ver sua noite tão planejada ir por aguá a baixo, por precisar engolir mesmo as palavras e apagar Christopher de seu coração. Se Dulce soubesse que se apaixonar era sinônimo de sofrimento teria negado até a morte ser amiga de Christopher, se aproximar dele. Fora uma boba, por completo.

- O que foi Dul? — Maite ainda estava em seu quarto, porém agora tudo estava organizado.

- Deu tudo errado May, tudo errado. — Disse antes de se jogar na cama e se por a chorar de novo.

- O que aquele babaca fez? Me diz, vou lá quebrar a cara dele! — Sentou-se ao seu lado.

Dulce não disse mais nada, apenas chorou no colo da prima. Chorou como nunca tinha feito, nunca tinha sofrido por amor. E depois de um longo tempo quando estava um pouco mais calma, ou suas lágrimas haviam acabado, contou a Maite como se sentia e o que havia acontecido. Não sabia o que deveria fazer de agora em diante, eram amigos, colegas de trabalho. Como Dulce olharia para ele de novo?

- Alguns homens não valem a pena Dul, mas o Christopher não parecia ser um deles. — Disse Maite, após um longe tempo de silêncio. — Você tem certeza que ele estava mesmo com essa mulher? As vezes foi um mal entendido, você falou com ele?

- E eu ia falar o que? Eu só conseguia chorar e sai correndo de lá. Ele estava com ela May, eu tenho certeza. Eu sou só mais uma para ele, assim como todas as outras. — Sentou- se na cama, enxugando as lagrimas.—  Já sei o que vou fazer: esquecer o Christopher!

Estava decidida, não iria ficar chorando e sofrendo por um homem que não estava nem ai para ela. Tinha que seguir em frente, matar esse sentimento enquanto estava começando. As coisas saíram do eixo, e Dulce não deveria ter permitido. Eram amigos, somente amigos. Ele só a via como uma amiga, e Dulce viajou quando pensou que poderia ser mais. Não poderia ser mais. Nunca poderia.

- Fico tão triste em te ver assim. — A abraçou.

Passaram a noite no quarto de Dulce, tentou fazer de tudo para animar a prima entre brigadeiros e chás. Dulce ainda estava magoada e só de lembrar que veria Christopher no dia seguinte sentia vontade de chorar novamente. Quando o dia amanheceu precisou pensar logo no que iria fazer para faltar no trabalho.

Não iria ver Christopher por aquele dia, era bem capaz de esquecer o que acontecerá só de vê-lo sorrir. Havia a trocado, e Dulce nunca mais daria confiança a ele. Iria matar o que sentia por Christopher, estava decidido.

- Tenho uma ideia, vamos esquentar o termômetro e passe um pouco de sombra escura embaixo dos olhos. Vou dizer ao vovô que você está muito doente. — Maite lhe explicou o plano. Faltar no trabalho, era com Dulce mesmo, só que desta vez tinha um motivo plausível.

Ver Christopher de novo em tão pouco tempo, renderia lágrimas. Dulce não entendia como passou a chorar assim por um homem. Fez o que Maite lhe disse, passou uma sombra escura em baixo dos olhos, dando aspecto de olheiras, e Maite deu um jeito de esquentar o termômetro.

- Já liguei para Christian, vovô. Ele virá mais tarde, Dulce não pode sair assim. Está péssima, acredito que precise de muito repouso.

Dulce estava na cama, fazendo sua melhor cara de dor. Seu avô olhou bem para ela, conferiu sua temperatura com as mãos e achou estranho estar tão fria para a temperatura do termômetro. Mas a deixou ficar em casa, o que foi um alivio para Dulce. Passou parte da manhã dormindo e tentando de todas as maneiras evitar de ler as mensagens que Christopher mandara. Foi um sacrifício e tanto, visto que em varias delas ele a chamou de linda e disse que estava com saudades. Cara de pau!

Na parte da tarde não sabia o que fazer. Sentia-se entediada e não tinha com quem sair, Anahí e Maite estavam trabalhando. Ou seja, passou parte da tarde pensando em Christopher e sofrendo com a imagem do dia anterior. Como era horrível amar. Só desejava sumir com a tristeza que lhe invadia toda a vez que se lembrava de Christopher e aquela mulherzinha juntos. 

Respirou fundo e levantou da cama, não iria ficar o dia inteiro sofrendo por ele. Tinha uma ideia, se arrumou e foi para o shopping até a loja de Anahí. No dia seguinte seria o tal bazar, Annie tinha feito panfletos, uns banners e estava decorando a loja quando Dulce chegou. Teriam muito trabalho no dia seguinte, então Anahí já estava dando uma adintada. Logo que Dulce chegou despejou sobre a amiga todas as suas inquietações.

Annie ouviu tudo de bom grado, deu alguns concelhos e assim como Dulce sentia-se decepcionada com Christopher, achava mesmo que ele estava tão apaixonado por Dulce quanto ela por ele. Porém tinha um bom passatempo para Dulce. 

- Que tal me ajudar? Temos que etiquetar algumas coisas, arrumar as bexigas, o lugar onde vamos colocar o coffe, as araras. Temos muito trabalho. 

- Tudo bem, por onde eu começo? — Annie lhe mostrou como precificar e onde colocar as coisas. 

Passaram o resto do dia arrumando a loja, Dulce ajudou em tudo o possível. Confirmou com o buffet, arrumou as araras, ajeitou as roupas, palpitou sobre a disposição das roupas, os manequins e até os panfletos que iriam colocar na vitrine, como também, os banner e ficariam espalhados pela loja. Deram duro, mas ao final, quando já estava noitecendo puderam aprecisar o trabalho. A loja estava pronta, receberia os clientes, a impressa, e algumas pessoas da instituição para divulgar o trabalho que era exercido por lá. Seria um evento bonito, ajudariam vovôs e crianças. Não poderiam se sentir mais felizes. 

Quando Dulce finalmente se sentou ao lado de Anahí, e respirou fundo, percebeu o quanto o dia foi produtivo e bom. Realmente passou alguns momentos sem pensar em Christopher, mas logo depois ele invadia sua mente de novo, com as suposições do que ele acharia sobre o trabalho que iria fazer, e sobre como ela se dediciu esta tarde. Ele dominaria seus pensamentos para sempre, era o fim. 

Mas gostou de trabalhar ali, de organizar, de poder ver de perto as roupas, de ficar na correria ligando para mil pessoas, ajeitando araras, vasos de flor. Talvez gostasse de organizar, era bem melhor que fazer planilhas, isso tinha certeza. Ouviu seu celular tocar, e sentiu o coração acelerar. Seria Christopher? Correu para pega-lo, e dito e feito, Christopher estava ligando. 

- Droga! — praguejou antes de antender. — Christopher?

- Oi Dul, estava ocupada? Sente-se melhor? Seu avô me disse, fiquei preocupado, não é melhor ir ao hospital? É a terceira vez que passa mal essa semana. 

Merda! ele estava preocupado com ela? O coração de Dulce se agitou mais ainda, ela amava essa preocupação dele, o jeito carinhoso que falava. Porque teve que vacilar tão feio, Christopher? Você me tem nas mãos, pensou. Mas tinha que se fazer de dura, seu jeitinho não poderia convence-lá. Seus olhos marejaram, como poderia doer tanto lembrar-se dele com outra. 

- Não, que isso Christopher, estou ótima. Na verdade, estou indo dormir.—  Fingiu um bocejo. — Preciso desligar. 

- Você não parece bem, conheço sua voz. — Disse preocupado. 

- É impressão. — Sua voz saiu embargada, sendo mais dificil manter sua mentira. — Está tudo bem. 

- Aconteceu alguma coisa Dulce? 

- Não sei... Aconteceu, Christopher? 

Atende de ouvir sua repsosta deligou e telefone, e quando se deu conta estava chorando nos braços de Anahí. Não pensou que seria tão dificil falar com ele novamente, não pensou que estava tão envolvida com Christopher. Há como queria voltar no tempo e nunca ter caido na lábia dele.   

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