Capítulo 10

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Depois de toda a confusão Dulce voltou para a empresa com um atestado caso o idiota de Christopher implicasse com ela. Mas se surpreendeu quando chegou a sala e o encontrou com um semblante sereno e preocupado com ela.

— Você está bem? Fiquei sabendo o que houve, tem certeza que está boa para trabalhar?

— E desde quando você se importa? — desdenhou. — Não foi nada demais, e não quero ver você jogando na minha cara para o resto da vida que eu matei trabalho por doar sangue.

Sabia muito bem que essa falsa preocupação de Christopher era só para em um futuro próximo dizer que Dulce não tem pulso para administrar uma empresa, nem doar sangue ela consegue. Mas não irá se deixar abater e de maneira alguma permitirá cometer algum deslize para o metido a besta crítica-lá.

Christopher porém, não estava a fim de uma nova briga. Iria seguir o plano de Henrique e apesar de sentir vontade de esganar Dulce, tentaria ser seu amigo. Não era somente a chance dela se dar bem na empresa que estava em jogo, mas também a parte dele na proposta. Ter metade da empresa o tornaria rico e o ajudaria em inúmeros fatores de sua vida.

Precisava ajudar Dulce não por ela ou Henrique, mas por ele. Christopher precisava cumprir a proposta e mudar sua vida e de sua família, além de finalmente ser mesmo um homem de negócios. Faria por ele e não pelos outros. Faria bem feito.

— Eu jamais vou fazer algo assim, inclusive acho que você deve tirar o dia de folga. Vá para um SPA, relaxe e se recupere. Estou preocupado com você Dulce, e quero uma assistente descansada.

Era uma brincadeira. Foi o primeiro pensamento que passou por Dulce, ele não estava falando sério. Desde quando Christopher era tão bonzinho? Há poucas horas estavam saindo no tapa e agora ele quer dar folga a ela?

— Cadê as câmeras? Eu sei que é piada Christopher. Você me dando folga? Ah, conta outra.

— Olhe Dulce eu pensei bem, bem mesmo e acho que não da para mantermos uma relação assim. Estamos próximos e precisamos nos entender, então quero levantar bandeira branca. Chega de brigas!

Dulce o olhou abismada, o que havia acontecido para ele mudar de ideia? Sentia que alguma coisa não estava certo, mas não sabia o quê. Porém as brigas realmente era estressantes, e ela sempre saía como a ruim da história. Talvez se aceitasse as pazes poderia engambelar Christopher para dizer ao seu avô que ela estava se dando bem naquele mundinho que tanto odiava.

— Paz? Assim do nada? O que você está tramando Christopher?

— Nada, quero apenas ser seu amigo e é por isso que vou te dar uma folga. Descansa Dulce, sei que você precisa e nossa relação também. Eu pensei melhor e não quero ser seu chefe, quero ser seu professor. Te ensinar um pouco do que sei e aprender com você também, fazer uma troca o que acha?

Aprender o que com Dulce? Quais as melhores lojas de sapato e as últimas coleções de grifes famosas? O que Christopher não fazia para ter um pouquinho mais na vida. Não iria aprender nada com aquela patricinha, mas seu discurso precisava ser bom ou não domaria a fera nunca.

— Uma troca? — Analisou as palavras dele. — Também acho que essas brigas não vão dar em nada, e você não é o meu chefe. — Frisou. Odiava quando ele dizia isso.

— Ok eu não sou mesmo, sou seu amigo e pensei em uma maneira de provar isso.

— E qual seria?

— Que tal começarmos do zero hoje a noite com um jantar em minha casa? Eu cozinho.

Nunca esteva na casa de Christopher e muito menos recebeu um convite para ir até lá. Ele parecia estar se esforçando mesmo, querendo a amizade dela. Nem mesmo se dependesse disso para viver Dulce cozinharia para alguém.

— Tá pode ser, desde que eu tenha uma folga. — Chantageou. Já que Christopher estava tão bonzinho, não haveria mal em abusar disso.

— Está liberada. Então, amigos? — Estendeu a mão para Dulce.

— Amigos. — Apertou sua mão.

Não sabiam o que daria essa amizade, eram diferentes demais. Porém tentariam. Christopher teria que fazer isso dar certo, e se esforçaria para isso, nem que tivesse que engolir todo o jeito irritante de Dulce.

Mas esse novo passo da relação dos dois também poderiam abrir portas para conhecerem melhor um ao outro. Ninguém é mandão o tempo todo, e nem uma patricinha reclamona o dia todo. Em algum momento descobririam as qualidades ocultas e poderia ser com essas descobertas que surgiria uma verdadeira amizade.

Dulce foi para a casa, não precisava de SPA nenhum, tudo o que queria era sua cama. Dormiu como a bela adormecida, um sono pesado e que poderia durar anos, Dulce não se importaria. Mas claro que não conseguiu poucas horas mais tarde Maite invadiu o quarto da prima com flores roxas e o cabelo cheio de trancinhas.

O estilo alternativo de Maitê as vezes assustava Dulce, parecia que haviam passado com um caminhão em cima do cabelo de sua prima.

— Se eu levar essas flores para o médico acha que ele me contrata? Dul eu preciso de um emprego, claro que administração não tem nada a ver comigo, mas por enquanto está bom.

Maite quase socou as flores no nariz de Dulce. Não tinha um cheiro nada bom, o que desencadeou uma crise de espirros em Dulce.

— Onde você pegou essas flores Maite? Se você levar isso para ele, ai sim o Christian não te contrata. — Repreendeu a prima.

— Peguei no lixo aqui de casa, não vou comprar flores para esse hominho, não gostei dele. O que posso fazer para me redimir com ele?

— Vou ligar para ele por você, May. — Revirou os olhos. — Não acredito que você brigou por ele por ser louca. O que achou que ele iria fazer?

— Dulce, existe homens que não valem nada, pegam mulheres nessas situações como a sua e se aproveitam sabia? Isso acontecia muito la na minha cidade, como eu ia saber que ele não era um maníaco?

— Só você para pensar em uma coisa dessas. — Se surpreendia com os pensamentos da prima, é claro que deveriam desconfiar de algumas coisas e pessoas, mas Maite sempre pensava fora do senso comum.

—  Isso acontece viu Dul, é por isso que temos que lutar pelos direitos das mulheres. Vou participar de uma dessas passeatas, você quer ir?

- Não! — Respondeu rápido. Dulce não combinava com lugares como esse. — Vamos ao shopping, vou comprar um vestido novo.

— Você é muito consumista Dulce, não pode ser assim, olha o tanto de vestido você tem no seu armário. Deveria doar um pouco.

— Depois eu penso nisso Maite, agora eu vou comprar um vestido novo sim. Tenho um jantar. — Levantou-se da cama animada.

— Ui é mesmo, o Tony já voltou?

— Nossa. — Sentou-se de novo — esqueci do Tony, ele ainda está viajando. Acho que irei terminar com ele.

Seu namorado não dava sinal de vida a alguns dias, e Dulce não sentia a menor falta disso. No fundo ela sabia que não amava Tony e que estavam juntos mais por conveniência do que amor. Teria que dar um basta nesta história, assim que ele chegasse terminaria tudo.

— Se não é com o Tony vai jantar com quem?

— Com o Christopher. — Riu da cara de espanto que a prima fez.

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